segunda-feira, 17 de novembro de 2008

10 coisas que você precisa saber  do R.E.M.


Banda liderada pelo enigmático Michael Stipe aterrissa no Brasil com a turnê de seu novo álbum, Accelerate, lançado neste ano. Esta será a segunda apresentação do R.E.M. por aqui - a primeira foi no Rock in Rio 3, em 2001


Eduardo Ribeiro

"Não abdicamos um milímetro da nossa dignidade para vender discos", disse Bill Berry uma vez. E é verdade. Se existe uma banda que sempre gozou da admiração de ambos os cenários mainstream e underground, esta é o R.E.M.. A equação entre melodias fáceis e arranjos esmerados de uma de suas mais famosas canções, "Losing My Religion", é prova suficiente disso. O hit, que teve um dos clipes mais veiculados pelo Disk MTV no início dos 90, presente no LP Out Of Time, liderou a parada norte-americana em 91. "Queríamos romper com o rótulo de guitar band dos anos 80. Por isso, nós trocamos de instrumentos", explicou Mike Mills sobre a regência de Out Of Time.

Tudo começou na Universidade da Geórgia, em Athens, no ano de 1980. Os amigos Michael Stipe (vocais), Peter Buck (guitarra), Bill Berry (bateria) e Michael Mills (baixo) começaram a tocar juntos e, no ano seguinte, lançaram o single "Radio Free Europe". Em 82, gravaram o EP Chronic Town. O LP de estréia,Murmuro, foi recebido com entusiasmo pela crítica, embora não tenha feito grande sucesso. Os dois próximos discos, Reckoning eFables Of The Reconstruction, foram bastante tocados nas rádios universitárias dos EUA, mas também não alcançaram sucesso em vendas.

O sucesso começou a desenhar-se somente em 86, quando saiuLife's Rich Pageant, cujas vendas somaram 500 mil cópias.Document, do ano seguinte, ficou em décimo nas paradas, ancorado pelo single "The One I Love". Em 88, realizam o primeiro trabalho pela Warner, Green, com três poderosos hits nas paradas, "Stand", "Pop Song 89" e "Orange Crush".

Depois de uma arrasadora turnê pelo mundo, eles dão um tempo e retornam, em 91, com Out Of Time, para se firmarem de uma vez por todas no seio da cultura pop. Eles fabricaram mais oito álbuns após o estouro naquele ano, sem nunca ter ficado muito tempo fora do estúdio. A presente turnê, que passa pelo Brasil entre os próximos dias 6 e 11 de novembro, vem pra divulgar Accelerate, lançado recentemente em 2008. Às vésperas das apresentações, escarafunchamos algumas curiosidades a respeito do R.E.M.:


1. O baterista Bill Berry deixou a banda antes das gravações do álbum UP (98). Eles tiveram que tocar ao vivo pela primeira vez sem ele na turnê, e preferiram, a partir de então, substituí-lo por uma bateria eletrônica. A banda já vinha usando o recurso em todos os seus outros álbuns, com exceção do primeiro single, "Radio Free Europe". Mas, sem a participação de um baterista, os recursos eletrônicos aparecem com mais ênfase aqui, já que os arranjos de guitarra estão bastante econômicos.

2. "Estamos cansados de atuar como estrelas do rock, fazer shows para grandes platéias e ver à frente pessoas histéricas", disse Berry sobre a turnê mundial de Green. A banda já vinha reclamando desde aquela época, e, quando anunciaram o lançamento de UP, declararam que não haveria turnê de divulgação. Mas a boa vendagem do disco colaborou para que eles acabassem botando o pé na estrada mais uma vez.

3. O R.E.M. é autor da trilha do filme Man On The Moon, de Milos Forman, com Jim Carrey e Courtney Love. O próprio Milos Forman ligou para Michael Stipe, antes mesmo de selecionar o elenco, para fazer o convite. O título do filme, inclusive, é corruptela do nome de uma música do R.E.M.. A banda passou uma primavera inteira trabalhando na trilha.

4. Foi em 1978 que Michael Stipe, então estudante de pintura e fotografia na Universidade da Geórgia, conheceu Peter Buck. Buck trabalhava numa loja de discos da qual Stipe era cliente, a Wustry Records, em Athens. Ambos eram fãs de Velvet Underground, Patti Smith Group e Television. Eles ficaram amigos de Bill Berry e Mike Mills numa festa e estava formado o R.E.M..

5. O primeiro show do quarteto foi em 1980 numa igreja reformada - a qual chegaram a usar de moradia. Num esquema bem punk, saíram tocando pelo sul dos EUA aonde fosse possível. E tiravam os covers que fossem necessários pra agradar a platéia, inclusos Sex Pistols e Hank Williams.

6. As letras de Michael Stipe no álbum Murmur escondem múltiplos sentidos. "Perfect Circle", por exemplo, é claramente uma canção de amor, enquanto "Laughing" reclama personagens da mitologia greco-romana e, "We Walk", da Revolução Francesa. Além de cantar em latim e em francês, Stipe também disserta acerca da confusão dos sentidos em "West Of The Fields".

7. O álbum Murmur foi promovido tendo o R.E.M. como banda de abertura do Police. Os dois grupos estavam sob a tutela do empresário e dono do selo IRS Miles Copeland, que armou tudo.

8. Tido por esquisito na mídia, Michael Stipe já proferiu muitas frases marcantes, tornando-se um dos mais disputados cuspidores de aspas na história do jornalismo musical. Abaixo, selecionamos cinco delas:

- "Acho que todo grande escritor, todo grande cantor e todo grande amante conhecem o poder do mistério, a importância desse elemento no que fazem. Eu apenas admito isso." (Q, Dezembro de 88) 
- "Acho que a música pode ser uma catarse radical e uma força motivadora, mais do que simples diversão. Sempre achei que todas as emoções estão contidas nas outras - você não pode conhecer a felicidade completa a não ser que você tenha sentido a infelicidade total - e vice-versa." (Melody Maker, Março de 91) 
- "Não me importo em ser chamado de excêntrico. Lidei com isso a minha vida toda. Acho que as pessoas ficam desapontadas quando descobrem o cara normal que sou. Porque a verdade é que não sou excêntrico." (Melody Maker, Setembro de 87) 
- "Não entendo esses ensaios sobre a nossa integridade, se ela está ou não intacta. Quem se importa? Somos apenas uma banda pop." (Vox, Abril de 91)
- "Devíamos ser obrigados a votar toda vez que existisse a possibilidade de uma guerra. Quem votasse a favor, estaria concordando em ir para a guerra. Queria ver quantos desses defensores da guerra iam realmente se armar e ir à luta." (Q, Abril de 91)

9. Bill Berry ficou sabendo de Michael Stipe na república onde morava e fazia jams com Mike Mills, seu antigo chapa. Diz a lenda que o vocalista só topou tocar com os caras porque achou legal o desenho das sobrancelhas de Berry.

10. Pra encerrar, alguns dos álbuns preferidos de Michael Stipe:

Wave, Patti Smith Group; Sign O´The Times, Prince; Margin Walker, Fugazi; Songs Of The Free, Gang Of Four; Mesopotamia, B-52´s; Discografia do Cramps; Doolittle, Pixies; Rain Dogs, Tom Waits;Psychocandy, Jesus & Mary Chain; Viva Hate, Morrissey


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