terça-feira, 30 de junho de 2009

A ARTE DE NÃO FAZER NADA –


QUANDO É PRECISO PARAR

Tal como os intervalos entre as notas permitem que a música aconteça, assim também o nosso cotidiano necessita de pausas para nos fazer avançar no rumo certo. Descobrir sua forma de parar com arte pode ser um processo prazeroso e revelador do seu propósito de vida.

A cultura da globalização reforça crença de que “a pressa é a inimiga dos nossos negócios” sob o fascínio das avançadas tecnologias da informática. Afinal, em nenhuma outra época a humanidade viveu tamanha revolução na sua percepção de tempo-espaço, e quem não se atualizar decerto comerá poeira.

O ritmo acelerado que acompanha tudo isso parece dizer que a nossa maneira de viver nunca mais será a mesma. Como se o futuro da era digital fosse nos transformar numa metáfora dos computadores, já que rapidez e eficiência são requisitos indispensáveis no violento jogo da concorrência sem limites.

A agonia da luta para fazer o máximo de coisas no mesmo prazo de tempo (felizmente, o dia ainda tem 24 horas) consome muita gente, pois o frenesi da vida em alta rotatividade é uma estranha qualidade da nossa época, que tem na ação por impulso um dos seus traços marcantes. O problema é que, de tão acostumadas a correr, as pessoas acabam sem saber o verdadeiro sentido do que buscam.

“Não, não posso parar, se eu paro eu penso, eu penso, eu choro...”, dizia um poema da minha adolescência, talvez como resposta à resistência em descobrir esse motivo essencial. E assim a velocidade contribui para o esquecimento de quem somos, encurtando os horizontes da existência, alienando seres no meio da massa de anônimos sem rumo.

A cultura da eficiência “nega o ócio”, - pelo negócio - veementemente. A idéia de alguém desocupado, contemplativo, quando tudo à sua volta anda acelerado, sugere transgressão à ordem, atrai desprezo e intolerância daqueles que sempre dão duro para se manter, a custa do estresse, do esgotamento, da eterna falta de tempo para relaxar e cuidar mais de si próprio, para, enfim, simplesmente ser.

Com base na sua experiência de conselheiro, e principalmente no seu processo pessoal, o terapeuta norte-americano David Kundtz escreveu A Essencial Arte de Parar (editora Sextante, 1999, Rio de Janeiro), que propõe um método tão inédito quanto simples para realizar a paz, o encontro consigo mesmo. David é um ex-sacerdote da Igreja católica que ousou fazer uma mudança radical de vida, e hoje ministra workshops sobre o seu método e atende como terapeuta familiar.

Sua técnica é simples, porém requer disposição para manter-se desperto e cultivar o hábito de recordar. Uma pessoa desperta é alguém consciente de quem é, atenta ao que acontece dentro e fora de si própria e ao momento presente. Recordar é lembrar as perguntas e as coisas importantes à nossa vida e as respostas que hoje temos para elas. Exemplo: saber a razão do seu envolvimento numa determinada atividade e o que ela representa na sua evolução, conhecer suas metas e os caminhos para alcançá-las.

Antes de mais nada, David enfatiza que não se deve confundir parar com ficar inativo, fugindo da vida e das suas responsabilidades. Pelo contrário, trata-se de entrar na vida e nas suas responsabilidades de maneira inteiramente nova, de passar um tempo ali onde estão os seus significados e valores.

Parar também não é desacelerar. É criar espaços aparentemente vazios, nos quais se pode aprender coisas importantes ou tomar decisões e fazer escolhas transformadores. Para ser positiva, essa parada não deve causar expectativa alguma, nem ser encarada como um processo com resultados mensuráveis. Acostume-se, portanto, a não avaliá-la pelo enfoque do certo ou errado.

“Você não está em um ensaio geral da sua vida real, que vai acontecer daqui a algum tempo, quando você estiver mais preparado. Você não está esperando que alguma coisa aconteça. Está no meio dela”, completa o autor, orientando-nos para a atitude conveniente.

No geral, as pessoas passam o dia superatarefadas e dispersas, levadas de roldão pelas exigências do cotidiano. Portanto, antes de pôr em prática a arte de parar, considere que a percepção e a contemplação são indispensáveis a essas pausas.

David Kundtz define três níveis de paradas: pausas breves, escalas de viagem e paradas gerais. Vejamos de que maneira cada uma delas se desenvolve e se aplica.

As pausas breves são essencialmente curtas e alicerçam todo o processo de parar. Têm a vantagem de ser tão comuns quanto benéficas e de se adaptarem naturalmente ao dia-a-dia. Você poderá experimentá-la enquanto espera a saída do fax, no elevador, aguardando o farol abrir, quando chega ao escritório, na fila do caixa, no banheiro... Sentado ou de pé, você iniciará essa pausa rápida respirando fundo, com os olhos abertos ou não, locando sua atenção interiormente e recordando o que for preciso. Pare - respire - recorde. Recordar é resgatar a lembrança de algo em que você crê ou um fato motivador. Se preferir, recorde uma prece inspiradora de força ou paz, ou uma mensagem adequada ao momento, do tipo “sou capaz de executar satisfatoriamente esta tarefa”, “tenho equilíbrio e nenhuma perturbação vai mudar isso”. Você também pode, prestando atenção à sua respiração, lembrar a imagem de alguém importante (seus pais, seus filhos, o cônjuge, a namorada, os amigos), sentir seus efeitos positivos e sorrir placidamente.

Existem Inúmeros momentos e formas para as pausas breves, tal como para intensificar o poder que elas nos conferem. Exemplo: alguns segundos olhando para o céu, tendo em mente o pensamento de “como é bom lembrar a presença de Deus na natureza e na minha vida”, é algo que produz maravilhosas transformações no estado da alma.

As escalas de viagem são paradas mais longas, duram de uma hora a vários dias, de uma tarde a um dia ou fim de semana. São denominadas pelo autor de “miniférias para o espírito” e abrangem grande variedade de experiências. Por isso é aconselhável programá-las carinhosamente, começando por um final de semana. As escalas de viagem são valiosas experiências que todos nós devemos aprender a desfrutar. Contudo, elas pedem uma forte motivação para serem realizadas.

Isso não quer dizer que você será submetido a um programa rígido, cheio de etapas a serem cumpridas no tempo estipulado. Não é por aí. Nem pense que o tão desejado período de férias do trabalho seja um modelo de parada. Muitas vezes, as férias transcorrem de tal forma que não favorecem a criação do espaço de tempo, externo e interno, a que estamos nos referindo aqui.

Entre os casos reais de escalas de viagem que ilustram o livro de David estão um retiro de fim de semana, uma viagem de três dias de ônibus, o simples ato de ficar em casa e o devaneio noturno de uma enfermeira estressada. O autor nos sugere lembrar dos objetivos dessa forma de parar como um estímulo à nossa motivação: “Despertar para o que está acontecendo com a sua vida, manter as coisas mais importantes em primeiro lugar, recordar quem você é e quem deseja tornar-se, e recordar seus principais valores.” E nos aconselha a pensar na escala de viagem “como uma expressão de amor e carinho consigo mesmo”.

Já as paradas gerais costumam acontecer nas épocas de transição na vida das pessoas, quando é preciso tomar uma decisão muito significativa, e geralmente funcionam como um divisor de águas. Duram de uma semana a um mês, sendo sempre um período de tempo mais extenso. A propósito, foi numa parada geral que David decidiu abandonar o sacerdócio católico, sob o peso da sensação de estar decepcionando muita gente: “Não posso dizer que minha transição tenha se dado sem problemas, arrependimento ou dor. (...) Posso também dizer que em todos os estágios dessa transição tive a impressão de estar, mesmo que em grau mínimo, consciente dos elementos em jogo. E foi uma decisão feliz, graças ao processo de parar.”

A parada geral pode ocorrer poucas vezes em toda uma vida, ou talvez nem chegue a ser necessária para todo mundo. Porém, ela não é menos benéfica do que as demais opções de parar. Cada pessoa é que deve perceber se está ou não num momento de cessar tudo, quem sabe para facilitar a manifestação de uma idéia ou força ainda desconhecida.

Você já notou como certos insights irrompem de ocasiões puramente espontâneas? Tomando banho, andando de bicicleta ou admirando o mar, por exemplo, dependendo do seu grau de receptividade, você está sujeito a receber informações preciosissimas. Pois a maior parte da auto-investigação proporcionada pela parada é de natureza inconsciente e automática. Sem descartar, é claro, a função do lado consciente e deliberado dessa busca.

Ainda que tal processo acorde questões dolorosas e difíceis, mantenha-se confiante de que a sua parada irá colocá-lo em contato com a sua verdade, com um potencial exclusivamente seu. Que lhe dará uma visão clara dos valores e significados da sua vida, abastecendo-o de força para livrar-se das suas limitações e ir ao encontro daquele “algo mais” que confere nova dimensão à sua existência.

Evidentemente, o autor de A Essencial Arte de Parar está tratando de um processo espiritual, uma vez que é a espiritualidade que forma os significados e valores determinantes das nossas ações, do rumo que damos à nossa vida. “Com o processo de parar quero levar você a tomar posse dos seus desejos mais profundos”, ele nos confessa, porque acredita que todo desejo profundo e ardente também é “um anseio por integração e unidade com o mundo e, em última análise, com Deus ou o que quer que você considere como sendo a realidade divina”.

David relaciona sete beneficies básicos dessa arte, que são: concentrar a atenção, conseguir um verdadeiro relaxamento, usufruir a solidão, abertura para o que é e como é, estabelecer limites fortes e flexíveis, abraçar a própria sombra e, por fim, identificar e viver o seu propósito.

Quem não consegue ter atenção vive distraído e com dificuldades para recordar, confunde o valor das coisas e não está consciente dos seus objetivos. Existe mecanicamente e acaba sendo manipulado. Por isso a importância de estar desperto. A atenção nos ajuda a perceber o que existe em nosso mundo interior, aquilo que de fato tem importância e o que nos atrai; é ela que nos faz identificar quais são as nossas maravilhas, o que constrói uma autêntica relação de amor e o que possui valor para nós.

Saber relaxar é outra condição essencial. A modernidade acostuma as pessoas, desde a infância, a conviver com o estresse e a tensão. Crianças com agenda repleta de atividades, algo apontado por vários psicólogos, parecem ser preparadas pelos pais para ingressar, o quanto antes, na louca corrida do mundo adulto para o sucesso. Então, habitue-se a respirar fundo, a desfrutar do silêncio, a acalmar o tropel dos pensamentos e a sintonizar a realidade do seu espírito. Observe as áreas de tensão do seu corpo, respire pausadamente (enchendo completamente seus pulmões) e mande, pelo pensamento, a energia relaxante para tais regiões. Respirar e recordar também são alternativas naturais para relaxar.

De acordo com o psicólogo Anthony Storr, “a solidão é uma necessidade humana básica". Até porque parar é um ato absolutamente individual. Livre-se dos preconceitos contra a solidão se você quiser conhecer a arte de parar, de curtir ficar apenas na sua companhia nas situações em que "dois é demais".

Estar aberto é ter a humildade de ser um constante aprendiz das lições da vida, para você poder examinar o que lhe aconteceu por conseqüência da sua ação. David ressalta o desenvolvimento da capacidade de fazer inventário de si mesmo para aumentar a autopercepção nas paradas, com perguntas como: "O que é que eu estou sentindo agora? O que é que está acontecendo aqui? "A abertura dá primazia à escuta, ao receber, ao deixar-se cuidar, ao silêncio, à observação, à percepção e ao aprender.

Alguém que possui limites emocionais fortes, porém flexíveis, está capacitado a viver sem problemas em comunidade. Trata-se de uma pessoa consciente da fronteira a que ela pode chegar, pois dali em diante começa a realidade do outro; ela sabe separar o que é emocionalmente seu e o que não é, consegue colocar as pessoas da sua vida nos lugares que ela quer que estejam, sem se deixar invadir. E ótimo preocupar-se com os outros, ser solidário e ter compaixão, mas isso não precisa levar à perda dos próprios limites.

Ao parar, inevitavelmente faremos contato com uma parte de nós muito incompreendida: a sombra, que a psicologia traduz como a face negativa, trevosa da personalidade. David explica que "abraçar a sombra é reconhecer que nada é só branco ou preto, mas um pouco de cada", e que só quando conseguimos reconhecer que o bem e o mal habitam nossos corações é que fazemos a transição da infância para a maturidade, da correria e da fuga para a paz e a justiça. Parar facilita revelar e curar a sombra, que quer ser integrada e não rejeitada.

As escalas de viagem e as paradas gerais são perfeitas àqueles que buscam descobrir seu propósito maior, seu chamado interior que o conduzirá mais além, levando-o a vislumbrar um poder transcendente. Pois ter um propósito é saber da existência de algo situado muito além de nós, do nosso egocentrismo. “Ter um propósito é reconhecer que você está destinado a ser algo que só você pode ser", resume o autor, para afirmar que o nosso desejo é justamente saber agir na direção da descoberta desse papel que é exclusivo de cada ser humano. Manter um propósito encoraja a pessoa a escutar a mensagem que o universo lhe reserva e traz equilíbrio à sua condição humana. É uma chave que pode lhe abrir as portas da consciência da sua vocação.

Diante de todas as coisas envolvidas no salto quântico de consciência proporcionado pelas paradas, e principalmente do potencial oculto que ela promete revelar, é bom prevenir-se contra alguns bloqueios que certamente vão surgir. Um deles é o medo, que, aliás, cerceia tantas oportunidades oferecidas pela existência. Mas o autor nos garante que há meios seguros e eficazes para encarar os nossos medos e retirar o seu possível domínio sobre nós. Ele ensina uma técnica composta de três processos: observar, identificar e contar.

Ao surgir o medo, procure observálo com isenção, como se fosse outra pessoa e ele não fosse um sentimento seu. Tente zerar a mente intelectiva para se envolver o mínimo possível com essa sensação, sem reprimi-Ia. Identificar o medo é permanecer receptivo à sua presença, à sua informação, apenas percebendo e registrando o que ele significa para você. Exemplo: "Estou com medo de descobrir aspectos indesejáveis de mim mesmo; será que não saberei lidar com eles?" Também ajuda nomear, personificar esses sentimentos para interagir com eles. Assim: "Pois bem, Medo de Errar, você chegou de novo, né? Quer roubar minha paz e atrapalhar o que devo fazer!" O ato de observar e nomear desvitaliza esses sentimentos indesejáveis.

O passo seguinte é contar, compartilhar o seu medo com alguém amigo, que lhe deixe à vontade para abrir o seu coração. Quanto mais você travar contato com a presença dos seus sentimentos incômodos, menor será a força deles para lhe causar sofrimento.

Utilize a fórmula observar e identificar, sem julgar, para todas as experiências que surgirem durante o seu processo de parar. A tagarelice da mente está atrapalhando? Utilize estas perguntas: "Sua tagarelice tem a forma de palavras e frases? Tem a voz de alguém que você conhece? Talvez seu pai ou sua mãe, o patrão ou um amigo? Acontece mais em certas ocasiões do que em outras? Sua tagarelice se parece mais com imagens ou cenas de cinema que ficam correndo pela cabeça? Qual é o conteúdo da sua tagarelice? Trabalho, família, passado, futuro, relacionamentos ou trivialidades?"

Uma boa opção para ir incorporando naturalmente o ato de parar à sua vida é seguir pela trilha do que David Kundtz chama de "seu bosque de parada". É uma forma de ajudá-lo a descobrir a sua maneira particular de parar, que tornará o processo mais fácil e prazeroso. Comece selecionando as coisas que chamam a sua atenção ou que lhe dão prazer. Exemplos: as leituras de sua preferência, as correspondências que fazem pausas criativas no seu cotidiano, as coisas belas que fazem seus olhos brilharem, os sons e os perfumes, os objetos sacramentais que simbolizam algo de valor ou que tenham significado espiritual (como talismãs e amuletos), espaços e lugares convidativos para fazer uma pausa ou os animais de estimação, entre outros. Tais elementos serão de grande utilidade para você ir fazendo contato com a arte de parar.

Como se vê, o processo é bastante flexível e econômico em termos de regras. Mas pode nos preparar para o início da grande transformação que, na maioria das vezes não se realiza numa única existência.


De que fonte nasce o pensamento?


De que fonte nasce o pensamento?

Origina-se, certamente, da ansiedade, do desejo expansivo e transbordante, não é? Percepção, contato, sensação, dão origem à reflexão; então a ânsia gera estes desejos expansivos nos quais o pensamento fica embaraçado. Assim dá principio ao conflito dos opostos, o agradável e o doloroso, o transitório e o permanente. Nossa consciência está presa no conflito das oposições, da dor e do prazer, das abstenções e identificações, do eu e do não-eu. O conteúdo da nossa consciência, que consideramos como o nosso ser inteiro, é composto desses valores duplos e contraditórios, tanto mentais como emocionais.

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Observem vosso próprio processo de pensar e verificarão que nasce de qualquer temor, da ansiedade, afeição, esperança, da sensação do que é meu e do que não é. Em outras palavras, o pensamento está escravizado pelo desejo insaciável. Este pensamento dependente divide-se em superior e inferior, o consciente e o subconsciente, e há conflito entre os dois. O consciente influenciado pelo subconsciente, cria esta faculdade a que chamamos intelecto, a faculdade de discernir, de discriminar, de escolher. A memória, a tradição, o valor imposto pela sociedade, pela religião, e a experiência pessoal influenciam nosso discernimento. O pensamento, em nossa vida diária, está ocupado com a criação, a continuidade e a modificação da tradição. Desembaraçar-se do conflito existente, impedi-lo de sugerir, e criar um estado no qual não haverá conflito; vencer alguma tristeza que haja, evitar qualquer surto futuro da tristeza, e encontrar a paz perdurável; este é o desejo da maioria de nós, não é? A vontade de desejos expansivos, com seus conflitos e dores; a vontade de renunciar; todas estas formas de vontade ainda estão dentro da limitação da ansiedade. Se pudermos compreender o pleno significado de todas essas formas de vontade, e como elas procedem na vida, na ação, então, pelo percebimento intenso e discernimento, há uma compreensão que não é o resultado do simples controle, abstenção, ou renúncia. Esta compreensão é o resultado natural do profundo conhecimento do processo da ansiedade nas suas diferentes formas. Isto exige agudo interesse, do qual surge uma concentração espontânea. A compreensão não é uma recompensa; nasce no mesmo instante do percebimento.

Os desejos em expansão, com suas várias camadas de memórias, as divisões do superior e inferior, e os diferentes tipos de vontade, formam o conteúdo da nossa consciência. O intelecto, a faculdade de discernir, de escolher, está influenciado pelo passado, e se simplesmente confiarmos nessa faculdade para compreender, para amar, então nossa compreensão, nosso amor, serão limitados. A realidade, ou qualquer outro que se lhe queira dar, é para a maioria de nós, o produto do intelecto ou da emoção e, assim, deve, inevitavelmente, ser ilusão. Mas, se ficarmos vivamente apercebidos do processo da ansiedade, a compreensão virá naturalmente ao ser. Este percebimento não é auto-introspecção mórbida, mas uma viva, percepção alegre, na qual o conflito da escolha não mais tem lugar. O conflito da escolha surge quando o intelecto, com seus temores e limitações do “meu” e de outros, do mérito e demérito, de fracasso e sucesso, começa a projetar-se na solução de nossos problemas humanos. É da ansiedade, nas suas diferentes formas, que precisamos ficar apercebidos; esta ânsia não é para ser negada ou repelida, mas compreendida. Pela simples abstenção ou renúncia o pensamento não se liberta do temor e de suas limitações.

Krishnamurti - Do livro: Palestra por Krishnamurti em Ojai e Saróbia - 1940 - ICK

A EXECUTIVA BEM SUCEDIDA



Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.

Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:

- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos?

- No céu.

- No céu?...


- É.

- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero?

- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva.

Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.

E foi aí que o interlocutor sugeriu:

- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.

- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?

- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.

- Assim? (...)

- Pois não?

A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.

Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho:

- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...

- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?

- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'?

- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.

- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.

- É mesmo?

- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?

- Ah, não sabemos.

- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.

- Que interessante...

- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.

- !!!...???...!!!...???...!!!

- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo?

- Sobre todas as coisas.

- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo.

- Incrível!

- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical.

- Impressionante!

- Isso significa que podemos partir para a implementação?

- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno...

Max Gehringer

sobre a inteligencia..........

É preciso inteligência para ser feliz, e as pessoas são ensinadas a permanecer não inteligentes. A sociedade não quer que a inteligência floresça. A sociedade não necessita de inteligência; na verdade a sociedade tem muito medo da inteligência.


A sociedade precisa de pessoas estúpidas. Porque? Devido a que pessoas estúpidas são manipuláveis. As pessoas inteligentes não são necessariamente obedientes; elas podem obedecer, elas podem não obedecer. Mas a pessoa estúpida precisa de alguém para comandá-la, porque ela não possui nenhuma inteligência para viver por si própria. Ela quer alguém para dirigi-la; ela procura e busca seus próprios tiranos.

Os políticos não querem que a inteligência aconteça no mundo, os sacerdotes não querem que a inteligência aconteça no mundo, os generais não querem que a inteligência aconteça no mundo. Ninguém realmente a deseja. Eles querem que todo mundo permaneça estúpido, assim todo mundo é obediente, conformista, nunca sai fora do rebanho, permanece sempre parte da multidão, é controlável, manipulável, manobrável.
A pessoa inteligente é rebelde. Inteligência é rebelião. A pessoa inteligente decide por si própria se diz sim ou não. A pessoa inteligente não pode ser tradicional, ela não pode continuar adorando o passado; não há nada no passado para ser adorado. O inteligente deseja criar um futuro, deseja viver no presente. Seu viver no presente é seu jeito de criar o futuro.
A pessoa inteligente não se apega ao passado morto, não carrega cadáveres. Por mais belos que tenham sido, por mais preciosos, ele não carrega cadáveres. Ele acabou com o passado; este se foi e se foi para sempre. Mas o tolo é tradicional. Ele está pronto para seguir o sacerdote, está pronto para seguir qualquer político estúpido, pronto para seguir qualquer ordem; qualquer um com autoridade e ele está pronto para se jogar aos seus pés. Sem inteligência não pode haver nenhuma felicidade. O homem só pode ser feliz se for inteligente, totalmente inteligente.
A meditação é o meio de liberar sua inteligência. Quanto mais meditativo você for, mais inteligente você se torna. Mas lembre-se, por inteligência não quero dizer intelectualidade. Intelectualidade é parte da estupidez.
Inteligência é um fenômeno totalmente diferente, ela não tem nada a ver com a cabeça. Inteligência é algo que vem de seu próprio centro. Ela brota em você e com ela muitas coisas começam a crescer em você. Você se torna feliz, você se torna criativo, você se torna rebelde, você se torna aventureiro, você começa a amar a insegurança, você começa a se mover para o desconhecido. Você começa a viver perigosamente porque essa é a única maneira de viver.
Para as pessoas estúpidas existem super avenidas onde as multidões se movimentam. E por séculos e séculos elas têm estado se movimentando, indo a lugar nenhum, girando em círculos. Assim você tem o conforto de que você está com muitas pessoas, você não está só.
Inteligência lhe dá a coragem de estar só e a inteligência lhe dá a visão para ser criativo. Surge um grande anseio, uma grande fome para ser criativo. E só assim, como uma conseqüência, você pode ser feliz, você pode estar contente.
Extraído de: The Book of Wisdom

paixões virtuais..serissimo....muitoo serio mesmo

Após o expediente ela vive seu grande amor. Como todo mortal chega em casa toma seu banho, se arruma e vai ter com sua paixão. Perfume, brincos, tudo ar leve e sensual, nada vulgar é só uma moça apaixonada.


Senta se em seu quarto e fica das 18 horas às 3 da manhã com sua paixão.

Ela mora em Goiânia ele na Tasmânia. Programaram até um encontro em 2014 na Itália para comemorar suas núpcias.

Esta é a paixão de sua vida. Ela aos 24 anos de idade vive um amor virtual. O carinho dando se por uma webcam, o beijo em um "smack" teclado, a zona erógena mais atiçada de seu corpo seus dedos que estão calejados nas pontas. Ela mais uma mulher moderna vivendo as fantasias quotidianas. Saciando se sozinha com seu amado distante, mas ao mesmo tempo tão perto. Fome de boca cheia.

Nas horas de folga se amaldiçoa, Deus tão injusto colocando seu bem para nascer tão longe, do outro lado do mundo. Praga do destino, Satanás tentando a Deus. Ela um Jô moderno resistindo a vida.

Mas ela é fiel, todos os dias chegando do serviço à mesma rotina.

Dedicação integral a seu amor. Com o tempo surge os ciúmes. Ela quer sair, mas o namorado de longe não deixa, até liga via skype para tentar a controlar, saber se ela chegou quando cansada de digitar pela ler. Assim vai vivendo seu amor. Nos sábados, domingos feriados o que lhe sobra é um "smack" digitado deixando um leve sorriso e um brilho opaco em seu olhar. Ela jura que é feliz assim...Será?

Quando abordamos as psicopatologias do mundo virtual uma das que mais chamam a atenção é a substituição da vida real pela vida virtual especialmente no contexto afetivo. A busca de um sentido de vida baseada em uma ilusão. Um daimon pervertido.

O problema não é encontrar alguém distante, ao contrário, grandes amores não escolhem nem hora, nem local adequado. O problema que gera uma psicopatologia de um mundo virtual é a substituição da vida por uma vida ilegítima. 2014 para as núpcias, com um homem que a pessoa jamais viu, sentiu o cheiro, beijou, tocou, abraçou?

Em nosso quotidiano encontrar alguém com que ocorra a química é algo difícil. Uma relação afetiva virtual queima a etapa do conhecimento básico, uma das principais, a questão de pele.

O estabelecimento de relações virtuais é complicado por que neste campo desconhecemos literalmente o outro, assim vivenciamos a distancia uma relação que é ilegítima. Pela internet você torna se o que você quer ser. Defeitos são camuflados e ignorados, as fantasias tornam se acentuadas, o convívio inexistente e a carência dos usuários imensa chegando as anormalidades do convencional.

Na maior parte dos casos o que ocorre é uma indisponibilidade para um relacionamento genuíno. Pessoas com muita dificuldade para se relacionar abdicam da vida para viver na fantasia, na fuga, o que na prática tem dificuldade.

Assim o companheiro (a) torna se o real ser idealizado sem defeitos, não pega no pé, sempre disponível a um toque de teclado, sem odores, quase sem nada. É o mito que surgiu com força, o príncipe encantado de capa e espada, a princesa encantada perfeitos em sua camuflagem. Pena que no convívio do quotidiano tais máscaras vão cair e a realidade de cada um vai se instalar querendo ou não.

O problema arquétipico desta realidade virtual é a cisão com a vida prática. O imaginário sobrepondo se a vida. O faz de conta infantil brincando de amar. De longe toda goiaba é cheirosa pena que quando perto apresente seus defeitos, odor, sua proteína em forma de bicho que da goiaba também faz parte.

Esta cisão arquetípica se consolida ainda mais com o estado maníaco contemporâneo da falta de limites e regras. Os excessos totalitários da atualidade. Assim alem da questão da paixão sua força maníaca de excesso, todos os dias 8 horas na frente de um teclado buscando uma vida imaginária que satisfaça a carência que só aumenta qual um dragão devorador. Mas o estado maníaco camufla o aumento da carência, e rouba da vida sua graça. Instala se um vício que então utiliza a desculpa do amor, da busca da felicidade como atenuante social. Até que um dia a energia cai, o computador pega um vírus, e a fantasia se desfaz.


Jorge Antônio Monteiro de Lima: Analista; Psicólogo Clínico em abordagem humanista; Psicoterapeuta de grupos, individual, casal e família; pessoas com necessidades especiais e pacientes da saúde mental; Presidente e fundador da ONG Instituto Olhos Da Alma Sã clínica-escola; Fundador do GRUPO DE APOIO em saúde mental (G.A.S.M.) especializado em prevenção e tratamento em saúde mental e atendimento de pessoas com necessidades especiais; Pesquisador na área de saúde mental e inclusão de deficientes;

Fonte: http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=5663&pageNo=1#23279

segunda-feira, 29 de junho de 2009

..acordo de noite subitamente.....

Acordo de noite subitamente.
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora,
O meu quarto é uma coisa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena coisa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única coisa que o meu relógio simboliza ou significa
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...

FERNANDO PESSOA

....é desta gente que eu preciso....

Tenho encontrado muitas pessoas, porém não encontro gente....

Há um vazio dentro de cada um, um processo de fechamento em sentimentos.

Encontro sorrisos, porém daqueles que expõem apenas os dentes.

Encontro verdadeiras tocaias, e não corações.

Reservas insistentes da solidão.

Tenho encontrado pessoas medrosas, indecisas, escondendo-se de si mesmas.

Pessoas que dizem:

Não sei...,

Não sei se quero...,

Não sei se posso...

Quando sabem exatamente o que querem e o que buscam, e não se arriscam ao menor impulso.

Pessoas duras, escuras, impossibilitadas de amar.

Estas cansei de encontrar...

Busco por gente que empreste o ombro, que não tenha medo de dizer que levou um tombo.

Busco por gente que assuma que amar traz sofrer, e, com esta certeza, não venham a se esconder.

Busco por gente que tenha a experiência de sobrevivente de guerra.

Busco por gente, que de tanto caminhar, não tenha receio de dizer que seus pés ainda têm muito por machucar.

Quero gente de coragem para comigo conversar.

Gente que saiba que máscaras não dão mais para usar, e sendo seu perfil interno, branco ou preto, tenha a dignidade de revelar.

Busco por gente que chore livremente, sem preconceitos pelas lágrimas derramadas.

Quero gente que saiba exatamente para onde estão indo e o que deseja encontrar, mesmo que esta busca jamais venha alcançar.

Busco por gente, "Seres Humanos", que saibam se doar, estes, eu anseio por encontrar.

Gente de decisão, sem argumento para esconder, escusas ações.

Quero gente que é gente, que mostra a cara, vai à luta e dorme contente.

É desta gente que eu preciso!

Gente liberta, que me dêem um canto em seu colo e saibam me acariciar, sem tempo, sem hora e em qualquer lugar!!!


sábado, 27 de junho de 2009

A carpa aprende a crescer



A carpa japonesa (koi) tem a capacidade natural de crescer de acordo com o tamanho do seu ambiente. Assim, num pequeno tanque, ela geralmente não passa de cinco ou sete centímetros. Mas pode atingir três vezes esse tamanho, se colocada num lago.

Da mesma maneira, as pessoas têm a tendência de crescer de acordo com o ambiente que as cerca. Só que, neste caso, não estamos falando de características físicas, mas de desenvolvimento emocional, espiritual e intelectual.

Enquanto a carpa é obrigada, para seu próprio bem, a aceitar os limites do seu mundo, nós estamos livres para estabelecer as fronteiras de nossos sonhos. Se somos um peixe maior do que o tanque em que fomos criados, ao invés de nos adaptarmos a ele, devíamos buscar o oceano – mesmo que a adaptação inicial seja desconfortável e dolorosa.

terça-feira, 23 de junho de 2009

EARTHLINGS

EARTHLINGS é um documentário sobre a absoluta dependência da humanidade em animais (para companhia, comida, roupa, entretenimento, e pesquisa científica) mas também demonstra nosso completo desrespeito por estes chamados "provedores não-humanos." O filme é narrado pelo indicado ao Oscar Joaquin Phoenix (Gladiador) e apresenta música pelo artista de platina renomado pela crítica Moby.

Com um estudo profundo em pet shops, fábricas de filhotes e abrigos de animais, como também em fazendas industriais, o comércio de couro e de peles, as indústrias de esportes e entretenimento, e finalmente a profissão médica e científica, EARTHLINGS usa câmeras escondidas e imagens nunca antes vistas para demonstrar as práticas cotidianas de algumas das maiores indústrias do mundo, todas as quais dependem totalmente de animais para o lucro. Poderoso, informativo e provocador, EARTHLINGS é de longe o documentário mais compreensível já produzido na correlação entre a natureza, animais, e os interesses econômicos humanos. Existem muitos filmes valiosos de direitos dos animais, mas este transcende o cenário. EARTHLINGS grita para ser visto.

"Se eu pudesse fazer com que todos no mundo vissem um filme, eu os faria ver EARTHLINGS."

O homem iluminado

As pessoas têm muito medo daqueles que conhecem a si mesmos.

Estes têm um certo poder, uma certa aura e um certo magnetismo, um carisma capaz de libertar os jovens, ainda cheios de vida, do aprisionamento tradicional...
O homem iluminado não pode ser escravizado, este é o problema e não pode ser feito prisioneiro...

Todo gênio que tenha conhecido um pouco do seu íntimo está fadado a ser um pouco difícil de ser absorvido: ele deverá ser uma força perturbadora.As massas não querem ser perturbadas, ainda que se encontrem na miséria; estão na miséria, mas estão acostumadas com isso, e qualquer um que não seja um miserável parece um estranho.
O homem iluminado é o maior forasteiro do mundo; ele parece não pertencer a ninguém. Nenhuma organização consegue confiná-lo, nenhuma comunidade, nenhuma sociedade, nenhuma nação.

Rico ou pobre, o homem iluminado, é de fato um imperador, porque quebrou as correntes do condicionamento repressivo e das opiniões da sociedade. Ele deu forma a si mesmo abraçando todas as cores do arco-íris, aflorando das raízes obscuras e amorfas de seu passado inconsciente, e criando asas para voar para o céu. A sua própria maneira de ser é rebelde, não porque esteja lutando contra alguém ou contra qualquer coisa, mas porque ele descobriu a sua própria natureza verdadeira e está determinado a viver de acordo com ela.

A águia é o animal com o qual se afina espiritualmente, um mensageiro entre a terra e o céu.
O homem iluminado
nos desafia a ser suficientemente corajosos para assumir responsabilidade por quem somos, e para viver a nossa verdade.

Marco Aurélio

Estratégias de Manipulação





As estratégias e as técnicas dos donos do mundo para a manipulação das opinião pública e da sociedade....



1. A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes.

A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais.

2. CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES

Este método também é chamado problema-reação-solução. Se cria um problema, uma situação prevista para causar uma certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos

3. A ESTRATÉGIA DA DEGRADAÇÃO

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, é suficiente aplicar progressivamente, em degradado, sobre uma duração de 10 anos. É dessa maneira que condições socio-econômicas radicalmente novas foram impostas durante os anos de 1980 a 1990. Desemprego em massa, precariedade, flexibilidade, reassentamentos, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haviam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de forma brusca.

4. A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Uma outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo dolorosa e necessária, obtendo a aceitação pública no momento para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, por que o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, por que o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que tudo irá melhorar amanhã e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Em fim, isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

Um exemplo recente: a passagem para o Euro e a perca da soberania monetária e econômica tem sido aceitos pelos países Europeus em 1994-1995 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais da ALCA (o FTAA) que os Estados Unidos tem imposto desde 2001 aos países de todo o continente americano (Central e Sul da América) apesar de suas reticências, concedendo uma aplicação e vigência diferida para 2005.


5. DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza um discurso, argumentos, personagens e uma entonação particularmente infantil, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante.

Por que?

Se se dirige a uma pessoa como se tivesse a idade de 12 anos então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos de idade.

6. UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

7. MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE

Fazer como que se o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão.

A qualidade da educação dada as classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre o possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores.

8. PROMOVER AO PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE

Promover ao público a achar legal ou cool o fato de ser estúpido, vulgar e inculto...

9. REFORÇAR A REVOLTA PELA CULPABILIDADE

Fazer o individuo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo auto-desvalida-se e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E sem ação, não há revolução!...

10. CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência tem gerado uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças a biologia, a neurobiologia e a psicologia aplicada, o sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o individuo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.


O "ponto Deus" no cérebro?

Michelangelo já sabia ou intuía

Uma frente avançada das ciências, hoje, é constituída pelo estudo do cérebro e de suas múltiplas inteligências. Alcançaram-se resultados relevantes, também para a religião e a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de inteligência. A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI (Quociente de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o século XX. É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos.

A segunda é a inteligência emocional, popularizada especialmente pelo psicólogo e neurocientista de Harvard David Goleman, com seu conhecido livro A Inteligência emocional (QE = Quociente Emocional). Empiricamente mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano não é razão (logos) mas é emoção (pathos). Somos, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão, e só em seguida, de razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a outros.

A terceira é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua existência deriva de pesquisas muito recentes, dos últimos 10 anos, feitas por neurólogos, neuropsicólogos, neurolingüistas e técnicos em magnetoencefalografia (que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro). Segundo esses cientistas, existe em nós, cientificamente verificável, um outro tipo de inteligência, pela qual não só captamos fatos, idéias e emoções, mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas, e nos faz sentir inseridos no Todo. Ela nos torna sensíveis a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. É chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente espiritual), porque é próprio da espiritualidade captar totalidades e se orientar por visões transcendentais.

Sua base empírica reside na biologia dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência unificadora se origina de oscilações neurais a 40 herz, especialmente localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então, uma experiência de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos diante de uma Presença viva.

Ou inversamente, sempre que se abordam temas religiosos, Deus ou valores que concernem o sentido profundo das coisas, não superficialmente mas num envolvimento sincero, produz-se igual excitação de 40 herz.

Por essa razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar batizaram essa região dos lobos temporais de "o ponto Deus'".

Se assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus, que sempre esteve lá embora não perceptível conscientemente. A existência desse ''ponto Deus'' representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie humana. Ela constitui uma referência de sentido para a nossa vida. A espiritualidade pertence ao humano e não é monopólio das religiões. Antes, as religiões são uma das expressões desse "ponto Deus".

Fonte: Leonardo Boff

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Acabaram com necessidade do diploma jornalistico

Acabaram com necessidade do diploma jornalistico.

A próxima do STF vai ser a seguinte,...Pai de Santo....,Médium,.....Pastor Crente,...vão ser autorizados a realizar cirurgias de alta complexidade.......,alem da substituição dos engenheiros de prospeção da Petrobrás,e........ num futuro próximo ,...........as putas e os travecos terão licença para lecionar educação sexual no pre primário,..........isto obvio não pode ser feito nos cursos e diplomas de direito,porque....... afinal a "ciencia das sombras e subliminariedades", só o clero juridico pode deter,....com todo o respeito aos de bem...... e boa fé....devem ser uns....deixa ver......são.....mais ou menos....não me lembro agora..

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ideais Insanos


Um homem louco é aquele cuja maneira de pensar e agir não se coaduna com a maioria dos seus contemporâneos. A sanidade mental é uma questão de estatística. Aquilo que a maioria dos Homens faz em qualquer dado lugar e período é a coisa ajuizada e normal a fazer. Esta é a definição de sanidade mental na qual baseamos a nossa prática social. Para nós, aqui e agora, são muitos os de mentalidade sã e poucos os loucos. Mas os julgamentos, aqui e agora, são por sua natureza provisórios e relativos. O que nos parece sanidade mental, a nós, porque é o comportamento de muitos, pode parecer, sub specie oeternitalis, uma loucura. Nem é preciso invocar a eternidade como testemunho. A História é suficiente. A maioria auto-intitulada de mentalmente sã, em qualquer dado momento, pode parecer ao historiador, que estudou os pensamentos e acções de inumeráveis mortos, uma escassa mão-cheia de lunáticos. Considerando o assunto de outro ponto de vista, o psicólogo pode chegar à mesma conclusão. Ele sabe que a mente consiste de tais e tais elementos, que existem e devem ser tidos em conta. Se um homem tenta viver como se certos destes elementos constituintes do seu ser não existissem, está a tentar viver, num sentido psicológico absoluto, anormalmente. Está a tentar ser louco; e tentar ser louco é insânia.

Aplicando estes dois testes, o do historiador e o do psicólogo, à maioria mentalmente sã do Ocidente contemporâneo, que verificamos? Verificamos que os ideais e a filosofia da vida agora geralmente aceites são totalmente diferentes dos ideais e da filosofia aceite em quase todas as outras épocas. O Sr. Buck e os milhões por quem ele fala estão, esmagadoramente, em minoria. Os incontáveis mortos preferem a sentença a seu respeito: estão loucos. Os psicólogos confirmam o seu veredicto. O êxito – «a deusa-cadela, Êxito» na frase de William James – exige estranhos sacrifícios daqueles que a adoram. Nada menos do que automutilação espiritual pode obter os seus favores. O homem coordenado para o êxito é um homem que foi forçado a deixar metade do seu espírito fora da sua personalidade. E se ele aceitar os ideais e a filosofia da vida que a deusa-cadela tem para oferecer, achar-se-á condenado, ou a uma estrénua irreflexão ou a um cinismo poeirento e descolorido. Nascido potencialmente são, ele aprende a sua loucura. “Porque todo o Homem”, como Sancho Pança observou, “é como o céu o fez, e algumas vezes muito pior do que isso” – algumas vezes, também, muito melhor; depende, em parte, dos seus próprios esforços, em parte das tradições, das crenças, dos códigos, da filosofia da vida que acontece ser corrente na sociedade em que ele nasceu. Onde esta herança social é uma loucura, o indivíduo naturalmente mais normal está moldado à semelhança de um louco. Em relação à sociedade em que vive, ele é, sem dúvida, normal, porque se parece com a maioria dos seus pares. Mas eles são todos, falando em absoluto, conjuntamente loucos.
A Natureza permanece inalterável, quaisquer que sejam os esforços conscientes feitos para a deformar. Os Homens podem negar a existência de uma parte do seu próprio espírito; mas o que é negado não é por isso destruído. Os elementos banidos vingam-se nos indivíduos, nas sociedades inteiras. Uma coisa apenas é absolutamente certa quanto ao futuro: que as nossas sociedades ocidentais não se manterão por muito tempo no seu presente estado. Ideais loucos e uma filosofia lunática da vida não são as melhores garantias de sobrevivência.

Aldous Huxley,

Nascido para Mandar


Os homens dividem-se, na vida prática, em três categorias - os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer, e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando.
O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.
O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer.
O homem que nasceu para mandar é o homem que impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda, não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Vestuário Influencia o Pensamento


Nada influencia mais profundamente o sentir do homem do que a fatiota que o cobre. O mais ríspido profeta, se enverga uma casaca e ata ao pescoço um laço branco, tende logo a sentir os encantos dos decotes e da valsa; e o mais extraviado mundano, dentro de uma robe de chambre, sente apetites de serão doméstico e de carinhos ao fogão. Maior ainda se afirma a influência do vestuário sobre o pensar. Não é possível conceber um sistema filosófico com os pés entalados em escarpins de baile, e um jaquetão de veludo preto forrado a cetim azul leva inevitavelmente a ideias conservadoras.

Eça de Queirós,

Atenção ao Estilo Rebuscado e Cheio de Adornos


Quando vires alguém com um estilo rebuscado e cheio de adornos podes ter a certeza de que a sua alma apenas se ocupa igualmente de bagatelas. Uma alma verdadeiramente grande é mais tranquila e senhora de si a falar, e em tudo quanto diz há mais firmeza do que preocupação estilística. Tu conheces bem os nossos jovens elegantes, com a barba e o cabelo todo aparado, que parecem acabadinhos de sair da fábrica! De tais criaturas nada terás a esperar de firme ou sólido. O estilo é o adorno da alma: se for demasiado penteado, maquilhado, artificial, em suma, só provará que a alma carece de sinceridade e tem em si algo que soa a falso. Não é coisa digna de homens o cuidado extremo com o vestuário! Se nos fosse dado observar "por dentro" a alma de um homem de bem — oh! que figura bela e venerável, que fulgor de magnificente tranquilidade nós contemplaríamos, que brilho não emitiriam a justiça, a coragem, a moderação e a prudência! E não só estas virtudes, mas ainda a frugalidade, o autodomínio, a paciência, a liberalidade, a gentileza e essa virtude, incrivelmente rara no homem, que é a humanidade — também estas fariam jorrar sobre a alma o seu sublime esplendor! E mais ainda, a presciência, o juízo crítico e, acima de todas, a magnanimidade — oh! deuses, quanta beleza, quanta severa dignidade não acrescentariam à figura, quanta autoridade e graça se não juntariam nela! Ninguém contemplaria tal figura sem a declarar tão digna de amor como de respeito.

Séneca

Maneira de dizer as coisas


Maneira de dizer as coisas

Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.

Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.

- Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho.

- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.

- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites.

Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.

Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.

E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer.

Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.

Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.

Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.

A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.

Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.

Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.

E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.

Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...

***

A sublime arte da comunicação foi sabiamente ensinada por Jesus.

Ele falava com sabedoria tanto aos doutores da lei quanto às pessoas simples e iletradas.

Há pessoas que se dizem bons comunicadores mas que não conseguem fazer com que suas palavras cheguem aos corações e às mentes.

Jesus, o comunicador por excelência, falava e Suas palavras calavam fundo nas almas, porque aliava às palavras, os Seus atos, ou seja, falava e exemplificava com a própria vivência.

O grande segredo para uma boa comunicação, portanto, é o exemplo de quem fala.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Certo... Autoestima.

Certo... Autoestima. E o que vem a ser isso, mesmo? Nos merchands dos programas femininos, matutinos ou vespertinos, aparece sempre uma bonitinha ou um bonitinho falando em 'autoestima'. Faça um clareamento dentário na clínica xis e recupere a sua autoestima! Realize o sonho da cirurgia plástica: com 300 ml de silicone em cada peito, aumente em 100% a sua autoestima! Elimine seus indesejáveis 'pneuzinhos', com a dieta infalível da semana, e veja a sua autoestima decolarrrr!.. - Agora falando sério, que tal perguntar sobre o assunto pra alguém que realmente entende do negócio?




Disciplina, ética e a certeza de que se está agindo de acordo com os seus valores pessoais. Estas são atitudes essenciais para se desenvolver o amor-próprio, ou a tão invocada autoestima, segundo o psicanalista e pseicoterapeuta Flávio Gikovate. Adepto da terapia breve, Gikovate atendeu pelo menos 7 mil pacientes em 38 anos de carreira (é...). Além do trabalho em consultório, sempre difundiu a Psicologia participando de programas de TV e escrevendo artigos para alguns dos jornais e revistas mais importantes do nosso país. É autor de 16 livros de grande sucesso, entre os quais A Arte de Viver Bem e O Instinto do Amor. Casado e pai de três filhos já adultos, ele fala sobre a importância da autoestima, que na sua opinião depende principalmente de duas coisas: primeiro, ter princípios, e, segundo, viver de acordo com esses valores éticos. - Definitivamente, eu gosto desse cara... - Leia agora a entrevista que o fera concedeu a Rose Delfino, do portal Comunicação & Comportamento:


O que é autoestima?

Gikovate - É um juízo, um julgamento que eu faço a meu respeito. É quando acho que sou uma pessoal legal, quando estou satisfeito com a minha conduta. A autoestima ficará em baixa se eu agir em desacordo com os meus próprios valores.


O senhor pode dar um exemplo?

Gikovate - Se eu me propuser, por exemplo, a parar de fumar e não parar, isso baixa minha autoestima. Se decidir fazer ginástica todos os dias e honrar o que combinei comigo mesmo, isso me deixa com boa autoestima. Quando minha razão se opõe às vontades e a disciplina ganha, minha autoestima cresce.


Então autoestima não tem nada a ver com beleza, vaidade, espelho?..

Gikovate - Nem com se embelezar nem com cirurgia plástica. Uma mulher pode ficar envaidecida por estar mais bonita, mas efeito de cirurgia plástica não melhora a autoestima, porque a pessoa não se empenhou, não se sacrificou para ter aquilo, não é mérito dela. A autoestima tem a ver com mérito próprio.


A opinião de outra pessoa sobre mim não influencia minha autoestima?

Gikovate - Se a opinião das pessoas a meu favor no trabalho, por exemplo, vierem de realizações que atribui a mim, embora tenham sido obtidas por assessores meus, vou me sentir envaidecido. Mas, como sei que a conquista não é minha, a autoestima não será reforçada. Não existe mutreta nesse jogo interno.


Como os pais podem fazer com que os filhos tenham boa autoestima?

Gikovate - Não adianta aplaudir tudo o que o filho faz; isso é subestimar a inteligência dele. Elogiar sem que haja merecimento leva a criança a achar que tem algum problema e que precisa ser aplaudido mesmo quando não merece.


Mas os pais sempre influenciam...

Gikovate - A família deve transmitir valores. Se a pessoa não tem nenhum sistema de valores, não tem autoestima. É comum não seguir os valores, mas todo mundo sabe muito bem que ser honesto é um valor mais digno do que ser ladrão.


Quais são os valores fundamentais?

Gikovate - Você executar as tarefas às quais se dispôs, ter disciplina, capacidade de se colocar no lugar do outro, ser justo nas trocas com as pessoas, não ser egoísta nem querer mais do que dá. Ser esforçado comedido nas pretensões individuais, não ser exageradamente ambicioso nem preguiçoso. E aí depende da cultura – a nossa anda ambígua, estimula mais a competitividade que a lealdade (infelizmente...).


O senhor tem algum exemplo?

Gikovate - Certa vez, Diego Maradona fez um gol com a mão em uma final de Copa e todo mundo achou o máximo. É um exemplo bem negativo. Ser rico, por exemplo, é valor na nossa cultura. Às vezes, nem importam os meios que a pessoa usou para chegar a essa condição. Os valores deveriam ser tratados de uma maneira mais clara pelas famílias que querem ter suas crianças felizes, porque quem tem boa autoestima é feliz.


Como melhorar a autoestima?

Gikovate - Primeiro, construindo um sistema de valores, depois, agindo de acordo com esses valores e desenvolvendo a disciplina. É preciso que a razão vença as vontades, a preguiça, a gula, o vício, a agressividade. É o controle racional acionado sobre si mesmo que equilibra a autoestima, e está ligado à disciplina.


Como desenvolver a disciplina?

Gikovate - A disciplina é o fruto de toda uma evolução. A pessoa deve fazer acordos possíveis consigo mesma e ter humildade de reconhecer que não está pronta para mudar. Nesse caso, é melhor se propor metas que possam ser atingidas.


Valores são importantes na educação...

Gikovate - Os pais não educam com palavras, e sim com exemplos. A questão da disciplina é assim também. A criança vê que os pais são trabalhadores, levam a sério o respeito com o outro e com os compromissos assumidos, são pontuais. Tudo isso define um estilo de pensar.


E quem não aprendeu muitos valores?

Gikovate - Quem cresce sem essa disciplina tem que tomar a consciência e colocá-la como meta. Devagar, num longo e humilde processo de crescimento, sem se propor coisas demais, subindo degrau por degrau até chegar lá. Nada que é radical dá certo. O equilíbrio está no caminho do meio. E é preciso também dar tempo para que as coisas aconteçam.


“A baixa autoestima torna as pessoas ciumentas e dominadoras, atitudes que associamos a quem nos parece egoísta. Elas gostam de 'botar banca', mostrar que estão ótimas, que se adoram e são superfelizes. Mas essas pessoas toleram mal as frustrações e as inevitáveis dores da vida."


Dr. Flavio Gikovate