sábado, 28 de maio de 2011

luis bunuel

Luis Buñuel foi um realizador de cinema espanhol, nacionalizado mexicano. Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu fortes influências na sua obra surrealista.




A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo, tornou-o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo. Buñuel também influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodovar.



Luis Buñuel Portolés era filho de Leonardo Buñuel González, proprietário abastado que fizera fortuna em Cuba com um negócio de ferragens, e de María Portolés Cerezuela. Pouco depois, a família estabeleceu a sua residência em Saragoça, e só ia a Calanda durante a Semana Santa e nas férias de Verão. Luis era o mais velho de sete irmãos e irmãs, com quem teve uma infância feliz, saudável e despreocupada, em contacto com a rica natureza campestre da sua terra. Teve, desde cedo, uma grande sensibilidade em relação ao inusual e ao extraordinário, e facilmente se encantava com animais, plantas e fenómenos naturais, que observava atentamente, imbuído de uma religiosidade pagã. Foi também na infância que adquiriu um enorme fascínio pela morte, quando inadvertidamente, deparou com um burro putrefacto numa valeta.



Em 1908 viu o seu primeiro filme num cinema de Saragoça. Estudou num colégio de Jesuítas, cuja influência se faria sentir para o resto da sua vida. Com a adolescência, perdeu a fé, tornando-se anti-clerical e ateu, e, em 1915, foi expulso do colégio, tendo terminado os seus estudos secundários no Instituto de Saragoça.



Seus pais, ricos fazendeiros, lhe proporcionaram uma vida muito distanciada da realidade espanhola: estudos de música, verões em São Sebastião e Calanda. Estudou em Zaragoza em São Salvador e fez seus estudos universitários em Madri, na Residência dos Estudantes. Ali teve a oportunidade de embeber-se das correntes culturais e renovadoras do momento (o Jazz, o Darwinismo, o Comunismo...) e de conhecer Dali e Lorca. Licenciou-se em Filosofia e letras ainda que seu objetivo fosse escrever poesia.

Mudou-se para Paris, onde arranjou diversos trabalhos relacionados ao cinema, incluindo um emprego como assistente de Jean Epstein. Interessado pela obra de André Breton e o movimento surrealista, o incorporaran no cinema ao realizar sua obra-prima, "Um cão andaluz" (1928), em colaboração com Salvador Dalí. Em Paris também conheceu sua mulher, a ginasta Jeanne Rucar com quem viveu toda sua vida.

Ao regressar à Espanha não dirigiu nenhum filme, a não ser um documentário: "Terra sem pão" (Las Hurdes Tierra sin Pan, 1932), a cuja produção se dedicou.

Ao estourar a guerra civil na Espanha, emigrou aos Estados Unidos onde trabalhou no Museu de Arte Moderna como dublador para a Warner Bros. A oportunidade de dirigir de novo chegou no México. E ali, com 46 anos começou a realizar filmes de maneira estável pela primeira vez. Filma clássicos como "Os esquecidos" (Los olvidados, 1950), que lhe rendeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. O prestígio destes filmes lhe deu reconhecimento mundial e no início da década de 1960 o General Franco o convidou a voltar à Espanha. Aí filmou "Viridiana", um manifesto anti-católico que acabou por ser proibido na Espanha acusado de blasfêmia, apesar de ter ganhado a Palma de Ouro também no Festival de Cannes. A partir de então as viagens à Espanha e à França foram constantes. Realizou seus últimos filmes, os mais conhecidos, na França, em colaboração com o produtor Serge Silberman e o escritor Jean-Claude Carrière, entre eles "O discreto charme da burguesia" (Le charme discret de la bourgeoisie, 1972) e "O fantasma da liberdade" (Le fantôme de la liberté, 1974). Faleceu na Cidade do México aos 83 anos de idade.

Diretor

Esse Obscuro Objeto do Desejo 18 #

O Fantasma da Liberdade 49 #

O Discreto Charme da Burguesia 6 #

Tristana, Uma Paixão Mórbida 4 #

A Via Láctea 63 #

A Bela da Tarde 56 #

O Anjo Exterminador 25 #

Viridiana 3 #

Nazarin 0 #

A Morte Neste Jardim 4 #

Ensaio de um Crime 3 #

As Aventuras de Robinson Crusoé 5 #

A Ilusão Viaja de Bonde 2 #

Escravos do Rancor 17 #

Os Esquecidos 0 #

Una mujer sin amor 1 #

O Bruto 2 #

Susana 0 #

A filha do engano 0 #

Gran Casino 6 #

Terra Sem Pão 207 #

Um Cão Andaluz 5 #

Simão do Deserto 0 #

Subida ao céu 1 #

A Adolescente 8 #

O Alucinado 5 #

Diário de uma Camareira 29 #

A Idade do OuroRoteirista em 11 #

Esse Obscuro Objeto do Desejo 18 #

O Fantasma da Liberdade 49 #

O Discreto Charme da Burguesia 6 #

Tristana, Uma Paixão Mórbida 4 #

A Via Láctea 63 #

A Bela da Tarde 56 #

O Anjo Exterminador 25 #

Viridiana 3 #

Nazarin 0 #

A Morte Neste Jardim 4 #

Ensaio de um Crime 3 #

As Aventuras de Robinson Crusoé 2 #

Escravos do Rancor 17 #

Os Esquecidos 0 #

Una mujer sin amor 1 #

O Bruto 2 #

Susana 6 #

Terra Sem Pão 207 #

Um Cão Andaluz 13 #

A Queda da Casa de Usher 5 #

Simão do Deserto 0 #

Subida ao céu 8 #

O Alucinado 5 #

Diário de uma Camareira 29 #

A Idade do OuroProdutor em 6 #

Tristana, Uma Paixão Mórbida 6 #

Terra Sem Pão 207 #

Um Cão Andaluz

Artistas com quem mais trabalhou

Jean-Claude Carrière

Luis Alcoriza

Julio Alejandro

Oscar Dancigers

Fernando Rey

Michel Piccoli

Bernard Musson

Julien Bertheau

Francisco Rabal

Milena Vukotic

AMOR E SEU TEMPO

Amor é privilégio de maduros

estendidos na mais estreita cama,

que se torna a mais larga e mais relvosa,

roçando, em cada poro, o céu do corpo.



É isto, amor: o ganho não previsto,

o prêmio subterrâneo e coruscante,

leitura de relâmpago cifrado,

que, decifrado, nada mais existe



valendo a pena e o preço do terrestre,

salvo o minuto de ouro no relógio

minúsculo, vibrando no crepúsculo.



Amor é o que se aprende no limite,

depois de se arquivar toda a ciência

herdada, ouvida. Amor começa tarde.



Carlos Drummond de Andrade

JOÃO DA CRUZ

Ele nasceu como João de Ypes de Alvares em Fontiveros, Castilha, Espanha e foi criado pela sua mãe após a morte de seu pai, quando ainda era menino. Ele estudou no Colégio Jesuíta em Medina e já era aprendiz com a idade de 15 anos no hospital de Nossa Senhora da Conceição. Em 1563 ele entrou para o Monastério das dos Carmelitas em Medina do Campo e tomou o nome de João de São Mathias, e após o noviciado foi enviado para o monastério Carmelita perto da Universidade de Salamanca. Ele estudou ali de 1564 a 1568 e foi ordenado em 1567.



João sentiu que os Carmelitas estavam com excesso de frouxidão e ele considerou passar para a Ordem mais dura dos Cartuzianos, mas foi dissuadido por Santa Tereza d‘Ávila. Ela logo depois lançava a famosa reforma na Ordem das Carmelitas. João imediatamente conseguiu permissão para aderir ao rígido ascetismo da regra original da ordem e imediatamente se juntou a Santa Teresa em sua causa. Os dois se tornaram bons amigos e eles em pouco tempo estabeleceram o primeiro monastério dos Descalços em Duruelo, adotando ao mesmo tempo o nome de João da Cruz. O resto de sua vida foi devotado a promoção, reformas e escritos. De 1571 ele foi o reitor do monastério em Alcala ,de 1572 a 1577 foi o confessor do convento da Incarnação em Ávila e conseguiu em 1579 a separação das Carmelitas em Carmelitas Calçadas Descalças, duas comunidades separadas, sendo a Segunda com regras bem mais duras. De 1579 a 1582 ele foi o Reitor do Colégio que ele fundou em Baeza e depois Reitor em Granada e Prior em Segovia.



Através dos anos João sofreu grandes provações. Sofreu vários julgamentos e severas oposição às suas reformas mesmo dentro da Ordem, especialmente daqueles frades que recusavam a validade dos Carmelitas Descalços e tramavam intrigas e esquemas contra Santa Tereza d’Ávila e São João da Cruz. Em 1577, por exemplo, ele ficou preso em uma cela no Monastério de Toledo, escapando após nove meses com um corda feita de pedaços de pano e subiu para a liberdade no dia da Festa da Ascensão. Ele se refugiou no Monastério de El Calvário em Andaluzia .



Ele viveu em constante ameaça da Inquisição Espanhola e foi muito maltratado por Nicola Doria eleito superior da Ordem dos Carmelitas Descalços em 1583. A política de Doria era tão cruel que João se opôs a ele no Conselho Geral em 1791. Isto levou a Doria a retirar dele todos os postos e bani-lo para o Monastério de La Peneula, em Andaluzia. João morreu em 14 de dezembro de 1591 no Monastério de Ubeba.



Ele fundou a Ordem dos Hospitaleiros de São João da Cruz destinada a atender os pobres e doentes.



Conhecido como Doutor em Teologia Mística, João era um místico, teólogo e poeta que compôs ricos trabalhos onde encontramos profundas expressões místicas em tratados, em forma de poemas com comentários teológicos. Estes renomados poemas incluem o "Cântico Espiritual ", "Ascensão ao Monte Carmel", "Chama de Amor" e "Noite Sombria da Alma". Através destes trabalhos João apresenta o desenvolvimento da alma humana através da purgação, iluminação e união com Jesus. Ele permanece um dos mais expressivos e profundos teólogos místicos da historia da Igreja. Foi beatificado em 1675, canonizado em 1726 pelo Papa Benedito XIII e declarado Doutor da Igreja em 1926 pelo Papa Pio XI.



Sua festa é celebrada no dia 14 de dezembro.

Escrito por Robert Graves, para o livro "Os Sufis", de Idries Shah

Os sufis são uma antiga maçonaria espiritual cujas origens nunca foram traçadas nem datadas; nem eles mesmos se interessam muito por esse tipo de pesquisa, contentando-se em mostrar a ocorrência da sua maneira de pensar em diferentes regiões e períodos. Conquanto sejam, de ordinário, erroneamente tomados por uma seita muçulmana, os sufis sentem-se à vontade em todas as religiões: exatamente como os "pedreiros-livres e aceitos", abrem diante de si, em sua loja, qualquer livro sagrado - seja a Bíblia, seja o Corão, seja a Torá - aceito pelo Estado temporal. Se chamam ao islamismo a "casca" do sufismo, é porque o sufismo, para eles, constitui o ensino secreto dentro de todas as religiões. Não obstante, segundo Ali el-Hujwiri, escritor sufista primitivo e autorizado, o próprio profeta Maomé disse: "Aquele que ouve a voz do povo sufista e não diz aamin (amém) é lembrado na presença de Deus como um dos insensatos". Numerosas outras tradições o associam aos sufis, e foi em estilo sufista que ele ordenou a seus seguidores que respeitassem todos os "Povos do Livro", referindo-se dessa maneira aos povos que respeitavam as próprias escrituras sagradas - expressão usada mais tarde para incluir os zoroastrianos.



Tampouco são os sufis uma seita, visto que não acatam nenhum dogma religioso, por mais insignificante que seja, nem se utilizam de nenhum local regular de culto. Não têm nenhuma cidade sagrada, nenhuma organização monástica, nenhum instrumento religioso. Não gostam sequer que lhes atribuam alguma designação genérica que possa constrangê-los à conformidade doutrinária. "Sufi" não passa de um apelido, como "quacre", que eles aceitam com bom humor. Referem-se a si mesmos como "nós amigos" ou "gente como nós", e reconhecem-se uns aos outros por certos talentos, hábitos ou qualidades de pensamento naturais. As escolas sufistas reuniram-se, com efeito, à volta de professores particulares, mas não há graduação, e elas existem apenas para a conveniência dos que trabalham com a intenção de aprimorar os estudos pela estreita associação com outros sufis. A assinatura sufista característica encontra-se numa literatura amplamente dispersa desde, pelo menos, o segundo milênio antes de Cristo, e se bem o impacto óbvio dos sufis sobre a civilização tenha ocorrido entre o oitavo e o décimo oitavo séculos, eles continuam ativos como sempre. O seu número chega a uns cinqüenta milhões. O que os torna um objeto tão difícil de discussão é que o seu reconhecimento mútuo não pode ser explicado em termos morais ou psicológicos comuns - quem quer que o compreenda é um sufi. Posto que se possa aguçar a percepção dessa qualidade secreta ou desse instinto pelo íntimo contato com sufis experientes, não existem graus hierárquicos entre eles, mas apenas o reconhecimento geral, tácito, da maior ou menor capacidade de um colega.



O sufismo adquiriu um sabor oriental por ter sido por tanto tempo protegido pelo islamismo, mas o sufi natural pode ser tão comum no Ocidente como no Oriente, e apresentar-se vestido de general, camponês, comerciante, advogado, mestre-escola, dona-de-casa, ou qualquer outra coisa. "Estar no mundo mas não ser dele", livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, da cega obediência ao costume ou do respeitoso temor às pessoas de posição mais elevada - tal é o ideal do sufi.



Os sufis respeitam os rituais da religião na medida em que estes concorrem para a harmonia social, mas ampliam a base doutrinária da religião onde quer que seja possível e definem-lhe os mitos num sentido mais elevado - por exemplo, explicando os anjos como representações das faculdades superiores do homem. Oferecem ao devoto um "jardim secreto" para o cultivo da sua compreensão, mas nunca exigem dele que se torne monge, monja ou eremita, como acontece com os místicos mais convencionais; e mais tarde, afirmam-se iluminados pela experiência real - "quem prova, sabe" - e não pela discussão filosófica. A mais antiga teoria de evolução consciente que se conhece é de origem sufista, mas embora muito citada por darwinianos na grande controvérsia do século XIX, aplica-se mais ao indivíduo do que à raça. O lento progresso da criança até alcançar a virilidade ou a feminilidade figura apenas como fase do desenvolvimento de poderes mais espetaculares, cuja força dinâmica é o amor, e não o ascetismo nem o intelecto.



A iluminação chega com o amor - o amor no sentido poético da perfeita devoção a uma musa que, sejam quais forem as crueldades aparentes que possa cometer, ou por mais aparentemente irracional que seja o seu comportamento, sabe o que está fazendo. Raramente recompensa o poeta com sinais expressos do seu favor, mas confirma-lhe a devoção pelo seu efeito revivificante sobre ele. Assim, Ibn El-Arabi (1165-1240), um árabe espanhol de Múrcia, que os sufis denominam o seu poeta maior, escreveu no Tarju-man el-Ashwaq (o intérprete dos desejos):



"Se me inclino diante dela como é do meu dever E se ela nunca retribui a minha saudação Terei, acaso, um justo motivo de queixa? A mulher formosa a nada é obrigada"



Esse tema de amor foi, posteriormente, usado num culto extático da Virgem Maria, a qual, até o tempo das Cruzadas, ocupara uma posição sem importância na religião cristã. A maior veneração que ela recebe hoje vem precisamente das regiões da Europa que caíram de maneira mais acentuada sob a influência sufista.



Diz de si mesmo, Ibn El-Arabi:



"Sigo a religião do Amor.

Ora, às vezes, me chamam

Pastor de gazelas [divina sabedoria]

Ora monge cristão,

Ora sábio persa.

Minha amada são três -

Três, e no entanto, apenas uma;

Muitas coisas, que parecem três,

Não são mais do que uma.

Não lhe dêem nome algum,

Como se tentassem limitar alguém

A cuja vista

Toda limitação se confunde"



Os poetas foram os principais divulgadores do pensamento sufista, ganharam a mesma reverência concedida aos ollamhs, ou poetas maiores, da primitiva Irlanda medieval, e usavam uma linguagem secreta semelhante, metafórica, constituída de criptogramas verbais. Escreve Nizami, o sufi persa: "Sob a linguagem do poeta jaz a chave do tesouro". Essa linguagem era ao mesmo tempo uma proteção contra a vulgarização ou a institucionalização de um hábito de pensar apropriado apenas aos que o compreendiam, e contra acusações de heresia ou desobediência civil. Ibn El-Arabi, chamado às barras de um tribunal islâmico de inquisição em Alepo, para defender-se da acusação de não-conformismo, alegou que os seus poemas eram metafóricos, e sua mensagem básica consistia no aprimoramento do homem através do amor a Deus. Como precedente, indicava a incorporação, nas Escrituras judaicas, do Cântico erótico de Salomão, oficialmente interpretado pelos sábios fariseus como metáfora do amor de Deus a Israel, e pelas autoridades católicas como metáfora do amor de Deus à Igreja.



Em sua forma mais avançada, a linguagem secreta emprega raízes consonantais semíticas para ocultar e revelar certos significados; e os estudiosos ocidentais parecem não ter se dado conta de que até o conteúdo do popular "As mil e uma noites" é sufista, e que o seu título árabe, Alf layla wa layla, é uma frase codificada que lhe indica o conteúdo e a intenção principais: "Mãe de Lembranças". Todavia, o que parece, à primeira vista, o ocultismo oriental é um antigo e familiar hábito de pensamento ocidental. A maioria dos escolares ingleses e franceses começam as lições de história com uma ilustração de seus antepassados druídicos arrancando o visco de um carvalho sagrado. Embora César tenha creditado aos druidas mistérios ancestrais e uma linguagem secreta - o arrancamento do visco parece uma cerimônia tão simples, já que o visco é também usado nas decorações de Natal -, que poucos leitores se detêm para pensar no que significa tudo aquilo. O ponto de vista atual, de que os druidas estavam, virtualmente, emasculando o carvalho, não tem sentido.



Ora, todas as outras árvores, plantas e ervas sagradas têm propriedades peculiares. A madeira do amieiro é impermeável à água, e suas folhas fornecem um corante vermelho; a bétula é o hospedeiro de cogumelos alucinógenos; o carvalho e o freixo atraem o relâmpago para um fogo sagrado; a raiz da mandrágora é antiespasmódica. A dedaleira fornece digitalina, que acelera os batimentos cardíacos; as papoulas são opiatos; a hera tem folhas tóxicas, e suas flores fornecem às abelhas o derradeiro mel do ano. Mas os frutos do visco, amplamente conhecidos pela sabedoria popular como "panacéia", não têm propriedades medicinais, conquanto sejam vorazmente comidos pelos pombos selvagens e outros pássaros não-migrantes no inverno. As folhas são igualmente destituídas de valor; e a madeira, se bem que resistente, é pouco utilizada. Por que, então, o visco foi escolhido como a mais sagrada e curativa das plantas? A única resposta talvez seja a de que os druidas o usavam como emblema do seu modo peculiar de pensamento. Essa árvore não é uma árvore, mas se agarra igualmente a um carvalho, a uma macieira, a uma faia e até a um pinheiro, enverdece, alimenta-se dos ramos mais altos quando o resto da floresta parece adormecido, e a seu fruto se atribui o poder de curar todos os males espirituais. Amarrados à verga de uma porta, os ramos do visco são um convite a beijos súbitos e surpreendentes. O simbolismo será exato se pudermos equiparar o pensamento druídico ao pensamento sufista, que não é plantado como árvore, como se plantam as religiões, mas se auto-enxerta numa árvore já existente; permanece verde, embora a própria árvore esteja adormecida, tal como as religiões são mortas pelo formalismo; e a principal força motora do seu crescimento é o amor, não a paixão animal comum nem a afeição doméstica, mas um súbito e surpreendente reconhecimento do amor, tão raro e tão alto que do coração parecem brotar asas. Por estranho que pareça, a Sarça Ardente em que Deus apareceu a Moisés no deserto, supõem agora os estudiosos da Bíblia, era uma acácia glorificada pelas folhas vermelhas de um locanthus, o equivalente oriental do visco.



Talvez seja mais importante o fato de que toda a arte e a arquitetura islâmicas mais nobres são sufistas, e que a cura, sobretudo dos distúrbios psicossomáticos, é diariamente praticada pelos sufis hoje em dia como um dever natural de amor, conquanto só o façam depois de haverem estudado, pelo menos, doze anos. Os ollamhs, também curadores, estudavam doze anos em suas escolas das florestas. O médico sufista não pode aceitar nenhum pagamento mais valioso do que um punhado de cevada, nem impor sua própria vontade ao paciente, como faz a maioria dos psiquiatras modernos; mas, tendo-o submetido a uma hipnose profunda, ele o induz a diagnosticar o próprio mal e prescrever o tratamento. Em seguida, recomenda o que se há de fazer para impedir uma recorrência dos sintomas, visto que o pedido de cura há de provir diretamente do paciente e não da família nem dos que lhe querem bem.



Depois de conquistadas pelos sarracenos, a partir do século VIII d.C, a Espanha e a Sicília tornaram-se centros de civilização muçulmana renomados pela austeridade religiosa. Os letrados do norte, que acudiram a eles com a intenção de comprar obras árabes a fim de traduzi-las para o latim, não se interessavam, contudo, pela doutrina islâmica ortodoxa, mas apenas pela literatura sufista e por tratados científicos ocasionais. A origem dos cantos dos trovadores - a palavra não se relaciona com trobar, (encontrar), mas representa a raiz árabe TRB, que significa "tocador de alaúde" - é agora autorizadamente considerada sarracena. Apesar disso, o professor Guillaume assinala em "O legado do Islã" que a poesia, os romances, a música e a dança, todos especialidades sufistas, não eram mais bem recebidas pelas autoridades ortodoxas do Islã do que pelos bispos cristãos. Árabes, na verdade, embora fossem um veículo não só da religião muçulmana mas também do pensamento sufista, permaneceram independentes de ambos.



Em 1229 a ilha de Maiorca foi capturada pelo rei Jaime de Aragão aos sarracenos, que a haviam dominado por cinco séculos. Depois disso, ele escolheu por emblema um morcego, que ainda encima as armas de Palma, a nossa capital. Esse morcego emblemático me deixou perplexo por muito tempo, e a tradição local de que representa "vigilância" não me pareceu uma explicação suficiente, porque o morcego, no uso cristão, é uma criatura aziaga, associada à bruxaria. Lembrei-me, porém, de que Jaime I tomou Palma de assalto com a ajuda dos Templários e de dois ou três nobres mouros dissidentes, que viviam alhures na ilha; de que os Templários haviam educado Jaime em le bon saber, ou sabedoria; e de que, durante as Cruzadas, os Templários foram acusados de colaboração com os sufis sarracenos. Ocorreu-me, portanto, que "morcego" poderia ter outro significado em árabe, e ser um lembrete para os aliados mouros locais de Jaime, presumivelmente sufis, de que o rei lhes estudara as doutrinas.



Escrevi para Idries Shah Sayed, que me respondeu:





"A palavra árabe que designa o morcego é KHuFFaasH, proveniente da raiz KH-F-SH. Uma segunda acepção dessa raiz é derrubar, arruinar, calcar aos pés, provavelmente porque os morcegos freqüentam prédios em ruínas. O emblema de Jaime, desse modo, era um simples rébus que o proclamava "o Conquistador", pois ele, na Espanha, era conhecido como "El rey Jaime, Rei Conquistador". Mas essa não é a história toda. Na literatura sufista, sobretudo na poesia de amor de Ibn El-Arabi, de Múrcia, disseminada por toda a Espanha, "ruína" significa a mente arruinada pelo pensamento impenitente, que aguarda reedificação.

O outro único significado dessa raiz é "olhos fracos, que só enxergam à noite". Isso pode significar muito mais do que ser cego como um morcego. Os sufis referem-se aos impenitentes dizendo-os cegos à verdadeira realidade; mas também a si mesmos dizendo-se cegos às coisas importantes para os impenitentes. Como o morcego, o sufi está cego para as "coisas do dia" - a luta familiar pela vida, que o homem comum considera importantíssima - e vela enquanto os outros dormem. Em outras palavras, ele mantém desperta a atenção espiritual, adormecida em outros. Que "a humanidade dorme num pesadelo de não-realização" é um lugar-comum da literatura sufista. Por conseguinte, a sua tradição de vigilância, corrente em Palma, como significado de morcego, não deve ser desprezada."





A absorção no tema do amor conduz ao êxtase, sabem-no todos os sufis. Mas enquanto os místicos cristãos consideram o êxtase como a união com Deus e, portanto, o ponto culminante da consecução religiosa, os sufis, só lhe admitem o valor se ao devoto for facultado, depois do êxtase, voltar ao mundo e viver de forma que se harmonize com sua experiência.



Os sufis insistiram sempre na praticabilidade do seu ponto de vista. A metafísica, para eles, é inútil sem as ilustrações práticas do comportamento humano prudente, fornecidas pelas lendas e fábulas populares. Os cristãos se contentame em usar Jesus como o exemplar perfeito e final do comportamento humano. Os sufis, contudo, ao mesmo tempo que o reconhecem como profeta divinamente inspirado, citam o texto do quarto Evangelho: "Eu disse: Não está escrito na vossa Lei que sois deuses?" - o que significa que juizes e profetas estão autorizados a interpretar a lei de Deus - e sustenta que essa quase divindade deveria bastar a qualquer homem ou mulher, pois não há deus senão Deus. Da mesma forma, eles recusaram o lamaísmo do Tibete e as teorias indianas da divina encarnação; e posto que acusados pelos muçulmanos ortodoxos de terem sofrido a influência do cristianismo, aceitam o Natal apenas como parábola dos poderes latentes no homem, capazes de apartá-lo dos seus irmãos não-iluminados. De idêntica maneira, consideram metafóricas as tradições sobrenaturais do Corão, nas quais só acreditam literalmente os não-iluminados. O Paraíso, por exemplo, não foi, dizem eles, experimentado por nenhum homem vivo; suas huris (criaturas de luz) não oferecem analogia com nenhum ser humano e não se deviam imputar-lhes atributos físicos, como acontece na fábula vulgar.



Abundam exemplos, em toda a literatura européia, da dívida para com os sufis. A lenda de Guilherme Tell já se encontrava em "A conferência dos pássaros", de Attar (séc. XII), muito antes do seu aparecimento na Suíça. E, embora dom Quixote pareça o mais espanhol de todos os espanhóis, o próprio Cervantes reconhece sua dívida para com uma fonte árabe. Essa imputação foi posta de lado, como quixotesca, por eruditos; mas as histórias de Cervantes seguem, não raro, as de Sidi Kishar, lendário mestre sufista às vezes equiparado a Nasrudin, incluindo o famoso incidente dos moinhos (aliás de água, e não de vento) tomados equivocadamente por gigantes. A palavra espanhola Quijada (verdadeiro nome do Quixote, de acordo com Cervantes) deriva da mesma raiz árabe KSHR de Kishar, e conserva o sentido de "caretas ameaçadoras".



Os sufis muçulmanos tiveram a sorte de proteger-se das acusações de heresia graças aos esforços de El-Ghazali (1051-1111), conhecido na Europa por Algazel, que se tornou a mais alta autoridade doutrinária do islamismo e conciliou o mito religioso corânico com a filosofia racionalista, o que lhe valeu o título de "Prova do Islamismo". Entretanto, eram freqüentemente vítimas de movimentos populares violentos em regiões menos esclarecidas, e viram-se obrigados a adotar senhas e apertos de mão secretos, além de outros artifícios para se defenderem.



Embora o frade franciscano Roger Bacon tenha sido encarado com respeitoso temor e suspeita por haver estudado as "artes negras", a palavra "negra" não significa "má". Trata-se de um jogo de duas raízes árabes, FHM e FHHM, que se pronunciam fecham e facham, uma das quais significa "negro" e a outra "sábio". O mesmo jogo ocorre nas armas de Hugues de Payns (dos pagãos), nascido em 1070 ,que fundou a Ordem dos Cavaleiros Templários: a saber, três cabeças pretas, blasonadas como se tivessem sido cortadas em combate, mas que, na realidade, denotam cabeças de sabedoria.



"Os sufis são uma antiga maçonaria espiritual..." De fato, a própria maçonaria começou como sociedade sufista. Chegou à Inglaterra durante o reinado do rei Aethelstan (924-939) e foi introduzida na Escócia disfarçada como sendo um grupo de artesãos no princípio do século XIV, sem dúvida pelos Templários. A sua reformação, na Londres do início do século XVIII, por um grupo de sábios protestantes, que tomaram os termos sarracenos por hebraicos, obscureceu-lhes muitas tradições primitivas. Richard Burton, tradutor das "Mil e uma noites", ao mesmo tempo maçom e sufi, foi o primeiro a indicar a estreita relação entre as duas sociedades, mas não era tão versado que compreendesse que a maçonaria começara como um grupo sufista. Idries Shah Sayed mostra-nos agora que foi uma metáfora para a "reedificação", ou reconstrução, do homem espiritual a partir do seu estado de decadência; e que os três instrumentos de trabalho exibidos nas lojas maçônicas modernas representam três posturas de oração. "Buizz" ou "Boaz" e "Salomão, filho de Davi", reverenciados pelos maçons como construtores do Templo de Salomão em Jerusalém, não eram súditos israelitas de Salomão nem aliados fenícios, como se supôs, senão arquitetos sufistas de Abdel-Malik, que construíram o Domo da Rocha sobre as ruínas do Templo de Salomão, e seus sucessores. Seus verdadeiros nomes incluíam Thuban abdel Faiz "Izz", e seu "bisneto", Maaruf, filho (discípulo) de Davi de Tay, cujo nome sufista em código era Salomão, por ser o "filho de Davi". As medidas arquitetônicas escolhidas para esse templo, como também para o edifício da Caaba em Meca, eram equivalentes numéricos de certas raízes árabes transmissoras de mensagens sagradas, sendo que cada parte do edifício está relacionada com todas as outras, em proporções definidas.



De acordo com o princípio acadêmico inglês, o peixe não é o melhor professor de ictiologia, nem o anjo o melhor professor de angelologia. Daí que a maioria dos livros modernos e artigos mais apreciados a respeito do sufismo sejam escritos por professores de universidades européias e americanas com pendores para a história, que nunca mergulharam nas profundezas sufistas, nunca se entregaram às extáticas alturas sufistas e nem sequer compreendem o jogo poético de palavras pérseo-arábicas. Pedi a Idries Shah Sayed que remediasse a falta de informações públicas exatas, ainda que fosse apenas para tranqüilizar os sufis naturais do Ocidente, mostrando-lhes que não estão sós em seus hábitos peculiares de pensamento, e que as suas intuições podem ser depuradas pela experiência alheia. Ele consentiu, embora consciente de que teria pela frente uma tarefa muito difícil. Acontece que Idries Shah Sayed, descendente, pela linha masculina, do profeta Maomé, herdou os mistérios secretos dos califas, seus antecessores. É, de fato, um Grande Xeque da Tariqa (regra) sufista, mas como todos os sufis são iguais, por definição, e somente responsáveis perante si mesmos por suas consecuções espirituais, o título de "xeque" é enganoso. Não significa "chefe", como também não significa o "chefe de fila", velho termo do exército para indicar o soldado postado diante da companhia durante uma parada, como exemplo de exercitante militar.



A dificuldade que ele previu é que se deve presumir que os leitores deste livro tenham percepções fora do comum, imaginação poética, um vigoroso sentido de honra, e já ter tropeçado no segredo principal, o que é esperar muito. Tampouco deseja ele que o imaginem um missionário. Os mestres sufistas fazem o que podem para desencorajar os discípulos e não aceitam nenhum que chegue "de mãos vazias", isto é, que careça do senso inato do mistério central. O discípulo aprende menos com o professor seguindo a tradição literária ou terapêutica do que vendo-o lidar com os problemas da vida cotidiana, e não deve aborrecê-lo com perguntas, mas aceitar, confiante, muita falta de lógica e muitos disparates aparentes que, no fim, acabarão por ter sentido. Boa parte dos principais paradoxos sufistas está em curso em forma de histórias cômicas, especialmente as que têm por objeto o Kboja (mestre-escola) Nasrudin, e ocorrem também nas fábulas de Esopo, que os sufis aceitam como um dos seus antepassados.



O bobo da corte dos reis espanhóis, com sua bengala de bexiga, suas roupas multicoloridas, sua crista de galo, seus guizos tilintantes, sua sabedoria singela e seu desrespeito total pela autoridade, é uma figura sufista. Seus gracejos eram aceitos pelos soberanos como se encerrassem uma sabedoria mais profunda do que os pareceres solenes dos conselheiros mais idosos. Quando Filipe II da Espanha estava intensificando sua perseguição aos judeus, decidiu que todo espanhol que tivesse sangue judeu deveria usar um chapéu de certo formato. Prevendo complicações, o bobo apareceu na mesma noite com três chapéus. "Para quem são eles, bobo?", perguntou Filipe. "Um é para mim, tio, outro para ti e outro para o inquisidor-mor". E como fosse verdade que numerosos fidalgos medievais espanhóis haviam contraído matrimônio com ricas herdeiras judias, Filipe, diante disso, desistiu do plano. De maneira muito semelhante, o bobo da corte de Carlos I, Charlie Armstrong (outrora ladrão de carneiros escocês), que o rei herdara do pai, tentou opor-se à política da Igreja arminiana do arcebispo Laud, que parecia destinada a redundar num choque armado com os puritanos. Desdenhoso, Carlos pedia a Charlie seu parecer sobre política religiosa, ao que o bobo lhe respondeu: "Entoe grandes louvores a Deus, tio, e pequenas laudes ao Diabo". Laud, muito sensível à pequenez do seu tamanho, conseguiu que expulsassem Charlie Armstrong da corte (o que não trouxe sorte alguma ao amo).

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Metropolis

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FILOSOFIA E REFLEXÃO:



Gattaca

Waking life

Sonhos (de Kurosawa)

Dersu Uzala

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O Show de Truman

Magnólia

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2001: Uma odisséia no Espaço

A última tentação de Cristo

O Labirinto do Fauno

Ensina-me a viver

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Primavera, Verão, Outono, Inverno e Primavera

Blade Runner

O Senhor dos Anéis

Poder Além da Vida (Peaceful Warrior)





APRENDENDO E SE DIVERTINDO:



Jesus Cristo Superstar

Feitiço do Tempo (Groundhog Day)

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

Wall-E

Guerra nas estrelas: O Império Contra-Ataca

Exterminador do Futuro 2

Batman: O Cavaleiro das Trevas

Avatar

TRON: O legado



FILMES BARRA-PESADA (obsessão, umbral, etc):



Drácula (de Bram Stocker)

Gin gwai ("The Eye - A Herança", original asiático)

Ju-On ("O Grito")

Shutter ("Espíritos - A Morte Está a Seu Lado")

The ring ("O chamado", tanto o inglês como o original asiático)

A Cela

Ensaio sobre a cegueira

Hellraiser

Advogado do Diabo

O Exorcista

O Iluminado

A scanner darkly



DOCUMENTÁRIOS:



Zeitgeist (Manipulação política)

Janela da Alma (Percepção de mundo)

Fahrenheit 9/11 (Atentado às torres gêmeas)

No End in Sight (Guerra do Golfo)

BBC: Universos Paralelos (Física quântica de verdade)

What The Bleep Do We know (Metafísica "quântica")

Quem somos nós? (Metafísica "quântica")

Tiros em Columbine (Armas)

Sicko (Saúde)



POST DE SAINDO DA MATRIX

sábado, 21 de maio de 2011

A Concentrção da Midia

Este post  mostra como e onde a mídia está concentrada nas mãos de famílias que também controlam a política. Comecemos pelos EUA:




GENERAL ELECTRIC

Doou 1.1 milhão de dólares pra campanha de G. W. Bush em 2000



Controla:

A NBC (TV aberta) e MSNBC (cabo e provedor de internet), esta última em parceria com a Microsoft (que doou 2.4 milhões de dólares pra campanha de G. W. Bush em 2000).

Ações dos canais Bravo (50%), A&E (25%), History Channel (25%).

Universal Studios (estúdio de cinema)



Outros investimentos:

GE Eletrônicos.

Turbinas pra aviões e reatores nucleares.





WESTINGHOUSE

Seu diretor Nº 1 é Frank Carlucci (do grupo Carlyle)



Controla:

CBS (TV aberta)



Outros investimentos:

A Westinghouse Electric Company presta serviços à indústria de energia nuclear.





VIACOM INTERNATIONAL INC.

Uma divisão da Westinghouse/CBS



Controla:

Paramount (estúdio de cinema)

MTV, VH-1 (canais de música para jovens)

Nickelodeon, Comedy Central

Flix, Blockbuster Video (distribuição de filmes)



DISNEY

Doou 640 mil dólares pra campanha de G. W. Bush em 2000



Controla:

ABC (TV aberta)

ESPN (esportes)

Miramax, Buena Vista, Caravan, Marvel Pictures e Touchtone Pictures (estúdios de cinema)

Ações minoritárias dos canais A&E, History Channel and E! e TiVo

O império Disney, claro.

3 selos musicais

11 jornais locais

66 estações de rádio

Hyperion (editora de livros)

3 revistas

Editora Marvel (quadrinhos)

Infoseek (buscador de internet)

Oscar.com, NBA.com e NASCAR.com



Outros investimentos:

É grande parceira de Sid R. Bass na produção de petróleo cru e gás natural.

Parceira da Hearst Corporation e General Electric (GE) em 12 canais a cabo e 13 canais fora dos EUA





TIME-WARNER

Doou 1.6 milhões de dólares pra campanha de G. W. Bush em 2000



Controla:

America Online (AOL) (Provedora de Internet)

CNN, HBO, Cinemax, Cartoon Network, Comedy Central (50%), E! (49%), TNT

Warner Brothers, New Line Cinema, Castle Rock (estúdios de cinema e TV)

Looney Tunes, Hanna-Barbera (desenhos pra TV, como Tiny Toons e Pernalonga)

Atlantic, Elektra, Rhino, Sire, EMI, WEA (A Time-Warner é a maior companhia de música do mundo, com 49 empresas)

58 revistas, incluindo a Time, Sports Illustrated, People, Fortune, DC Comics (50%) e MAD

Amazon.com



Outros investimentos:

Nos esportes: The Atlanta Braves, The Atlanta Hawks, World Championship Wrestling





NEWS CORPORATION LTD.

Controlada por Rupert Murdoch

Através da Philip Morris, doou 2.9 milhões de dólares pra campanha de G. W. Bush em 2000



Controla:

Fox (TV aberta)

National Geographic channel, FX

Fox International: estações via satélite que incluem a Sky Broadcasting (Inglaterra); VOX (Alemanha); Canal Fox (América latina); FOXTEL (Austrália); STAR TV (Ásia); IskyB (Índia); Bahasa Programming Ltd. (Indonésia) e News Broadcasting (Japão)

Twentieth Century Fox, Fox Searchlight (estúdios de cinema)

132 jornais (113 só na Austrália), incluindo o New York Post e o London Times

25 revistas

HarperCollins (Editora de livros)



Outros investimentos:

Philip Morris USA (braço da multinacional de cigarros)

Esportes: LA Dodgers, LA Kings, LA Lakers, National Rugby League

2 companhias aéreas australianas





Agora você sabe porque qualquer tentativa de investigar à fundo os atentados de 11 de setembro esbarram em silêncio ou descrédito da mídia. Este é um quadro perturbador, com efeitos DIRETOS em todo o mundo (já que todos consomem o american way of life e seus artistas direta ou indiretamente, seja pela TV, shows ou Internet).



No Brasil o quadro não é diferente. Segundo artigo de Marco Aurélio Weissheimer, no "Carta Maior":



O poder midiático no Brasil se concentra nas mãos de algumas poucas famílias e empresas. O maior grupo de comunicação do país, a Rede Globo, possui 227 veículos, entre próprios e afiliados. É o único dos grandes conglomerados que possui todos os tipos de mídia, a maioria dos principais grupos regionais e a única presente em todos os Estados brasileiros. A indústria televisiva domina o mercado da publicidade, detendo cerca de 56,1% de suas verbas. Em segundo lugar vêm os jornais, com 21,5%, as revistas com 10,6% e as rádios com 4,9%. Todos os outros veículos somados chegam a 6,9% do mercado publicitário. Sozinha, a Rede Globo detém mais da metade do mercado televisivo brasileiro.

Além do imenso poderio da Globo, outros seis grandes grupos regionais se destacam. A família Sirotsky comanda a Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS), controlando o mercado midiático no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A família Jereissati está presente no Ceará e em Alagoas. A família Daou tem grande influência no Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. A mídia da Bahia pertence à família Magalhães. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, os negócios são controlados pela família Zahran. E, por fim, a família Câmara tem grande influência em Goiás, Distrito Federal e Tocantins. Segundo dados da Associação Nacional de Jornais, relativos ao período 2001-2003, apenas 6 grupos empresariais concentram a propriedade de mais da metade da circulação diária de notícias impressas no país. Sozinhos, estes veículos respondem por cerca de 55,46% de toda produção diária dos jornais impressos.





Ele esqueceu o Maranhão, que é dominado pela família Sarney.



Na Itália temos Silvio Berlusconi (pesquisem).



Perceberam a conexão mídia/política? Então antes de encher a boca pra falar do PIG, ou da mídia golpista, pense nas ligações dessas famílias, de vários partidos que aparentemente "brigam" entre si, mas sempre mantendo seus feudos e seus interesses. São 133 parlamentares que possuem alguma ligação com empresas de comunicação, sejam eles donos ou tendo um parente como dono. Coincidência? Não. Nem o almoço da Dilma com Lili Marinho.



V - Discurso.



Este post é dedicado ao deputado Paulo César (PR-RJ), que 2 meses depois de aprovar um aumento de 61% pra ele mesmo, resolveu defender o não-aumento do salário mínimo pra R$ 600 com o brilhante argumento: graças ao governo "Todo trabalhador pode ter seu telefone celular, seu computador, sua televisão de plasma", podendo, assim, esperar um ano pra ter um salário de R$ 612 reais (WOW!).



Telefones, computadores e televisões... mídia, tudo o que nós precisamos pra continuar vivendo!




SAINDIO DA MATRIX

o excesso de informação nos torna idiotas

Quando o escritor norte-americano Nicholas Carr começou a pesquisar se a internet estava arruinando nossas mentes, assunto de seu novo livro, ele restringiu seu acesso à internet, deu um tempo no e-mail e desligou suas contas no Twitter e no Facebook.




Em seu novo livro The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains, ele diz que a rede está nos privando da capacidade aprofundada de raciocínio.



Carr levantou em 2008 a questão controversa de que "o Google estaria nos deixando idiotas" e decidiu aprofundar sua pesquisa sobre como a rede afeta nosso cérebro. Seu livro examina a história da leitura e a ciência de como o uso de diferentes mídias afeta nossa mente. Explorando como a sociedade passou da tradição oral para a palavra escrita e depois para a internet, ele detalha como nosso cérebro se reprograma para se ajustar às novas fontes de informação. Ler na internet mudou fundamentalmente a forma como usamos nosso cérebro.



A quantidade de textos, fotos, vídeos, músicas e links para outras páginas combinada com incessantes interrupções na forma de mensagens de texto, e-mails, atualizações do Facebook e feeds de RSS fez com que nossas mentes se acostumassem a catalogar, arquivar e pesquisar informações. Desta forma, desenvolvemos habilidades para tomar decisões rapidamente, especialmente visuais. Por outro lado, cada vez lemos menos livros, ensaios e textos longos – que nos ajudariam a ter foco, concentração, introspecção e contemplação. Ele diz que estamos nos tornando mais bibliotecários – aptos a encontrar informações de forma rápida e escolher as melhores partes – do que acadêmicos que podem analisar e interpretar dados.



A ausência de foco obstrui nossa memória de longo prazo e nos torna mais distraídos. "Nós não nos envolvemos com as funções de interpretação de nossos cérebros", diz. Ele ainda afirma que, por séculos, os livros protegeram nossos cérebros de distrações, ao fazer nossas mentes focalizarem um tema por vez.



Mas com aparelhos como o Kindle e o iPad tornando-se comuns, Carr prevê que os livros também mudarão. "Novas formas de leitura requerem novas formas de escrita".



Se escritores suprem a necessidade crônica de uma sociedade distraída, eles inevitavelmente evitarão argumentos complexos que requerem atenção prolongada e escreverão de forma concisa e aos pedaços, Carr prevê. Ele inclusive sugere um exercício para aqueles que sentem que a internet os tornou incapazes de se concentrarem: diminuam o ritmo, desliguem a web e pratiquem habilidades de contemplação, introspecção e reflexão.



É bem claro pelo que já sabemos sobre a ciência do cérebro que, se você não exercita habilidades cognitivas específicas, você acaba as perdendo. Se você se distrai facilmente, não pensará da mesma forma que pensa se você presta atenção

(Nicholas Carr)



Cientistas dizem que fazer malabarismo com e-mail, celular e outras fontes de informação muda a maneira como as pessoas pensam. Nossa concentração está sendo prejudicada pelo fluxo intenso de informação. Esse fluxo causa um impulso primitivo de resposta a oportunidades ou ameaças imediatas. O estímulo provoca excitação - liberação de dopamina - que vicia. Na sua ausência, vem o tédio.



Enquanto muita gente diz que fazer várias coisas ao mesmo tempo aumenta a produtividade, pesquisas mostram o contrário. As multitarefas dificultam a concentração e a seleção necessárias para ignorar informações irrelevantes. E mesmo depois que a pessoa se desliga, o pensamento fragmentado continua.



Para estudiosos de Stanford, a dificuldade de se concentrar só no que interessa mostra um conflito cerebral, que vem da nossa evolução. Parte do cérebro age como uma torre de controle, ajudando a pessoa a se concentrar nas prioridades. Partes primitivas, como as que processam a visão e o som, querem que ela preste atenção às novas informações, bombardeando a torre de controle. Funções baixas do cérebro passam por cima de objetivos maiores, como montar uma cabana, para alertar sobre o perigo de um leão por perto. No mundo moderno, o barulho do e-mail chegando passa por cima do objetivo de escrever um plano de negócios ou jogar bola com o filho.



Mas outras pesquisas mostram que o cérebro também se adapta. Usuários de internet têm mais atividade cerebral do que não usuários. Eles estão ganhando novos circuitos de neurônios. Isso não é necessariamente bom, porque não significa que estamos nos tornando mais inteligentes. Nossas crianças nascem sabendo programar o microondas e mexer nas configurações da TV, mas ao crescerem terão menos senso crítico e independência que as outras gerações. Estarão TERRIVELMENTE acostumadas a terem tudo pronto, mastigado, desde a pipoca de microondas até as notícias que recebem. Ficaremos parecidos cada vez mais com os gordinhos do filme Wall-E, imersos na informação de tal ponto que falarão com os colegas DO LADO via MSN (e isso já acontece nas empresas!). Com as relações sociais tradicionais sendo destruídas e trocadas por uma virtual, quem detiver o controle dos meios de tráfego virtual controlará as relações sociais. E vocês acham que os governantes já não sabem disso? Por que será que Obama teve uma reunião com todos os donos dos "corredores de informação"?



A música também é uma forma de induzir a mudanças no cérebro. Ajuda a manter o "gado", tão interessante para quem controla as engrenagens.



Um estudo foi conduzido por cientistas em um grupo de ratos para estudar os efeitos da música rock. O grupo de ratos que foi exposto à música rock foi ficando progrssivamente mais desorientado em testes, e por fim se tornaram incapazes de completar o labirinto. Quando os cérebros destes ratos foram dissecados, verificou-se que eles foram submetidos a mudanças estruturais anormais. Os neurônios em seu cérebro (em especial na região do hipocampo, que é conhecido por ser importante na aprendizagem e na formação da memória) cresceram de forma descontrolada em todos os sentidos, sem fazer conexão com outros neurônios. Aumentos significativos no RNA mensageiro, que está envolvido na formação da memória, também foram encontrados. Eu achei essa notícia um pouco exagerada, e por não ter o NOME dos pesquisadores, resolvi pesquisar mais e encontrei o seguinte:



O estudante David Merrill repetiu a experiência e chegou a conclusões parecidas, mas não pôde ir muito longe pois os ratos que ouviam rock mataram uns aos outros. O estudo de G. M. Schreckenberg e H. H. Bird (1988) demonstra que ratos expostos a música desarmônica (ou seja, sem harmonia) desenvolveram danos nos nervos cerebrais e "degradação do comportamento".



Ou seja, a configuração do cérebro vai mudar SIM, especialmente se forem expostas crianças a isso (como vimos no começo do documentário Zeitgeist: Moving Forward). Nos EUA e no Brasil 20% das crianças sofrem algum tipo de distúrbio mental, enquanto 5 MILHÕES de crianças e adolescentes nos EUA sofrem de distúrbio mental GRAVE.



Não é minha intenção culpar o rock - até porque eu gosto e acho que é apenas UM aspecto do problema - mas sim a exposição a um determinado tipo de som. Ele muda dependendo do país e grupo social, mas somos BOMBARDEADOS por tipos de som cuja semelhança entre eles é ser estressante, percussivo ao extremo e longe de qualquer harmonia. Cada vez mais nossas "musas" e "musos" pop vão promovendo sons mais e mais bizarros, longe do tipo de música que nos cativou no começo de suas carreiras e chegando muito próximo dos sons que são usados pra simular drogas (e não creio que seja uma mera coincidência). Me chamem de teórico da conspiração se quiserem, mas não deixem de meditar no que leram, e observar com certo distanciamento as "informações" que pipocam ao seu redor.



SAÚDE



Passar mais de quatro horas por dia em frente à televisão aumenta o risco de sofrer doenças cardiovasculares e inclusive o de morrer, revela um estudo divulgado hoje pela imprensa australiana.



A probabilidade de sofrer doenças cardiovasculares é 80% superior a de quem passa menos tempo, e a de morrer aumenta 46%. Até porque ver TV engorda.



Concretamente, cada hora em frente a uma televisão representa um risco de morte 11% maior, de acordo com a pesquisa realizada com 8.800 pessoas e divulgada na publicação científica "Circulation: Journal of the American Heart Association". O cientista David Dunstan afirmou que o problema é causado pela falta de mobilidade, que impede que o organismo processe de maneira adequada açúcares e gorduras. Não importa que se façam exercícios diários - o dano vem do tempo prolongado que se passa sentado diante de uma tela, segundo Dunstan.



As 8.800 pessoas pesquisadas, entre 25 e 50 anos de idade e que se uniram ao projeto entre 1999 e 2000, realizavam entre meia e uma hora de exercícios diários e, no entanto, 284 morreram em seis anos.



Dunstan indicou que a pesquisa enfocou particularmente os casos de gente que vive junto à televisão, mas as conclusões são aplicáveis a qualquer outra atividade sedentária, como as pessoas que passam o dia jogando computador. O pesquisador lembrou que "o corpo humano foi feito para se movimentar".




Três em cada quatro norte-americanos serão obesos em 2020. Você não vê esse padrão de beleza na mídia, vê?



Assim como os passageiros de Wall-E, não temos interesse no mundo que nos cerca, nem no que nos reserva o futuro. Não enquanto tivermos distração suficiente pra preencher nossos dias vazios e "modelos" pra satisfazer nossos desejos por nós. Quem é a mão que nos "alimenta"? Quem manda no "capitão" desse navio? Pretendo fazer um post sobre os efeitos do que comemos e bebemos diariamente, e como as grandes indústrias estão por trás de um lento envenenamento que nos torna fracos, doentes, estúpidos e favorece o lucrativo comércio dos remédios e planos de saúde.





Fontes:

Ver TV eleva risco de morte;

Concentração e distração;

Abuso de aparelhos eletrônicos provoca conflito cerebral

METRÓPOLIS...FRITZ LANG

Metropolis foi o filme mais caro de sua época, e um marco do expressionismo alemão. Durou quase 1 ano e meio pra ser feito e envolveu cerca de 37 mil extras. Dirigido por Fritz Lang e escrito por ele e Thea von Harbou (esposa de Lang), mostrava um futuro distópico que influenciou gerações de escritores e cineastas até hoje, e deu fruto a filmes, jogos e livros como 1984, Blade Runner, Robocop, Final Fantasy 7, Bioshock, Bastardos Inglórios, o movimento Steampunk, o cinema Noir, entre outros.


O filme estreou em grande estilo, em 1927, em Berlim. O marechal von Hindenburg estava presente à estréia, assim como a nata da sociedade alemã. Apesar da boa reação da estréia e da crítica, o filme foi um fracasso de público e bilheteria, quase afundando a produtora. Muitos acharam o filme longo demais, então ele foi severamente cortado para distribuição no resto do mundo. O filme se tornou cult, mas a versão original ficou perdida para sempre, e durante décadas achamos que nunca mais veríamos Metropolis como fora planejado. Mas eis que em 2008 (isso mesmo, 80 anos depois!) foi encontrada uma cópia do original em péssima qualidade, na Argentina. Fizeram então a versão definitiva, lançada no final de 2010, juntando as melhores partes restauradas de cada cópia que puderam encontrar pelo mundo, e o resultado salta aos olhos. Quem (como eu) viu a versão de Giorgio Moroder - feita em 1984 com uma trilha sonora futurista - vai achar que está vendo outro filme, e de óculos, pois a imagem está nítida.

SINOPSE



Num mundo futurístico - que é a extrapolação da revolução industrial - a sociedade vive em uma verdadeira metrópole não muito diferente da nossa (com direito até a engarrafamentos!). Porém ela está rigidamente dividida em duas grandes classes: Os cidadãos na cidade superior, curtindo o melhor que a tecnologia pode proporcionar em termos de transporte e diversão, e embaixo os operários, vivendo numa cidade subterrânea com suas famílias e trabalhando 10 horas por dia em condições terríveis para manter as máquinas que fazem com que as regalias da cidade superior não parem nunca.



Comandados de cima pelo industrial frio e calculista Joh Fredersen, esses operários-escravos vivem uma vida de trabalho duro, e pipocam aqui e ali planos de revolta dos trabalhadores. Essa revolta é aplacada por Maria, uma mulher simples da classe trabalhadora, que com seu encanto prega a compreensão e o amor aos "irmãos" da cidade alta, e lhes promete que um dia chegará um mediador vindo do "alto" que supostamente lhes dará melhores condições de vida (embora isso não seja dito). Esse mediador acaba sendo o filho do industrial Fredersen, Freder, que ao se apaixonar por Maria resolve descer à cidade subterrânea e se comove com a vida dos operários, decidindo até mesmo trocar de lugar com um deles pra se aproximar de Maria.



Entretanto, Joh Fredersen descobre que Maria exerce grande influência nos trabalhadores e resolve, com a ajuda de Rotwang (uma espécie de cientista maluco), raptá-la e trocá-la por uma réplica perfeita - um robô - e assim incitar a revolta de forma desordenada entre os trabalhadores, dando motivos para o poder público usar a violência de forma "justificada" e assim aniquilar qualquer pretensão legítima dos trabalhadores.



Antes de botar o plano em prática, Rotwang (que também usa magia negra) resolve testar a falsa-Maria entre os 100 mais ricos de Metropólis, manipulando-os através do entretenimento e da luxúria. Uma vez corrompida e controlada a burguesia, é hora de incitar os trabalhadores a se rebelar e quebrar as máquinas. Pregando o ódio, a falsa-Maria cega os trabalhadores para o alerta de Freder (a esta altura misturado aos trabalhadores) de que a verdadeira Maria nunca diria isso, e para o fato de que a quebra das máquinas prejudicaria mais aos trabalhadores e suas famílias do que as pessoas de cima.



Inconsequentemente, os trabalhadores quebram a máquina principal - com a conivência de Joh Fredersen, no que me lembrou muito o 11 de setembro - mas esquecem suas crianças na cidade subterrânea, que começa a quebrar e ser inundada pelas águas. O clímax do filme eu não vou contar, até porque não importa na análise, mas no fim chega-se a termos entre a cabeça (Joh Fredersen) e as mãos (Os trabalhadores) através do coração .

ANÁLISE

Podemos tirar várias "lições" do filme, e ver claramente a recriação do mito cristão do Salvador com aspectos gnosticistas. O Demiurgo é o industrial Joh Fredersen, criador de Metrópolis, que no começo do filme pode ser visto com um compasso na mão (Arquiteto do Universo). O filho dele é o Salvador, o eon Christós, que literalmente DESCE ao plano de existência dos necessitados para trazer auxílio e esperança. Maria é a profeta que pregava a vinda do Salvador, mas também é o aspecto feminino do mesmo, a Anima (a luz nas trevas, enquanto prega nas catacumbas, como os primeiros cristãos), mas que se converte na Sombra (a falsa-Maria) através da ganância, manipulação e maldade, representadas pela ciência/conhecimento/magia à serviço de um monopólio (simbolizando o anti-natural, o maquinal, o estafante e o opressor, tirando a humanidade das pessoas). Na Gnose o povo eleito do Demiurgo são os judeus, e é impossível não notar que o cientista tem por toda a sua casa o símbolo do pentagrama em todas as portas (lembrem-se, essa era a Alemanha 6 anos antes de Hitler chegar ao poder, e o caldeirão de despeito e ódio aos judeus já estava em ebulição em várias partes da Europa). Esse antisemitismo disfarçado estava mais na mente da autora do que do diretor, pois em 1933 ela se tornou uma nazista devotada, enquanto Lang - que não era simpatizante do regime (sua mãe era judia convertida) - acabou o casamento e fugiu da Alemanha para Paris, onde chegou a dirigir filmes anti-nazistas, para então refugiar-se nos EUA, onde continuou sua carreira de diretor e ajudou a criar o estilo cinematográfico "cinema noir".



Vemos também uma pitada de Hermetismo tanto no texto que apresenta a cidade como na disposição visual do mesmo, que começa com uma pirâmide e termina com outra pirâmide invertida, lembrando o aforismo "O que está em cima é análogo ao que está em baixo", ambos os lados com líderes e massas manipuláveis.



Na revolta contra as máquinas percebe-se que a massa, instigada por uma figura carismática (a falsa-Maria, em quem confiavam) ficou cega para o verdadeiro foco do problema (tratamento sub-humano e segregação social) e para as consequências de seus atos, e assim quase sacrificou seu futuro (representado pelas crianças). É irônico perceber que a sociedade alemã (e a própria autora) cairia poucos anos depois nesse truque e sacrificaria, de bom grado, toda uma geração de jovens e adolescentes na guerra.



O final é ambíguo. Parece sinalizar uma oportunidade de melhores condições de vida para os trabalhadores (através do mediador), mas também pode ser lido como um engodo, uma solução pacífica para manter o status quo: a figura do intermediário, a mídia, apelando para os sentimentos. Infelizmente é a leitura cínica do final que prevaleceu na cartilha dos poderosos, que utilizam Metropolis como um guia para nos manter sedados, oprimidos e sem voz, com ocasionais "líderes de fachada" que parecem ter vindo da classe trabalhadora, mas que no fim só representam os interesses da burguesia.
DESIGN



O design do filme e seus personagens marcaram o mundo do cinema, e consciente ou inconscientemente suas imagens inspiraram centenas de filmes, capas de revistas, discos e games até os dias de hoje.


A arquitetura de Metropolis influenciou não só "Blade Runner"...


...como a Gotham City de "Batman Begins", com seus monotrilhos


Notem as tiras no corpo de Leeloo ("O quinto elemento") e Maria. Ambas estão em um tubo de vidro



A família reunida: C3PO, Maria e Robocop




Rotwang perdeu a mão enquanto criava o robô - uma alusão ao preço que se paga pelo poder do mal - e a substituiu por uma prótese mecânica. O personagem do filme de Kubrick, "Dr. Strangelove", é uma homenagem a Rotwang, assim como George Lucas o fez em "O Retorno de Jedi", quando Luke Skywalker olha pra mão mecânica (coberta com a mesma luva preta) e percebe que está sendo tomado pelo lado negro da Força




O filme "As Panteras" homenageou Metropolis incorporando um personagem do filme, o vilão conhecido apenas como "Thin-Man" (homem magro). Como é um personagem de cinema mudo, ele simplesmente não fala!

Dr. Brown ("De volta para o futuro") possui uma clara inspiração no Rotwang, cuja atuação exagerada (caracteristica do expressionismo alemão) se perpetua como o registro definitivo do cientista louco

Princesa Amidala, do filme Star Wars Ep. I, quando está disfarçada de camponesa/trabalhadora usa esta coisa na cabeça

Janelle Monáe fez dois álbuns inspirados em Metropoli


O Kraftwerk fez uma música chamada "Metropolis" (do album "The Man machine") que sincroniza com os primeiros minutos do filme:

Assasino de Realengo

Embora a conclusão pareça chocante ou pedante, é preciso encarar com frieza a situação em que nos encontramos e separar o joio do trigo. Existem denominações cristãs que se baseiam fundamentalmente no Velho Testamento. Como já disse aqui, é mais fácil de arranjar desculpas pra o dízimo no Velho Testamento. O problema é que, enquanto o Velho Testamento é estudado com afinco e cuidado pelos judeus (de preferência em HEBRAICO, a língua original), preservando muito mais uma interpretação espiritual do que uma literal, os nossos cristãos são exatamente o oposto: incultos quanto ao significado histórico e social do que lêem, vítimas das interpretações distorcidas dos pastores (que ficam usando frases aleatoriamente em contextos diversos) e profundamente impressionáveis. São presas fáceis do fundamentalismo.




O assassino usou em sua carta de despedida termos como "impuros" de forma puramente sexual (pessoas que tiveram relação antes do casamento ou que praticaram adultério) igonorando que no Evangelho uma pessoa pode ficar "impura" por mil outras razões (comer porco, por exemplo). Não consigo tirar da cabeça que a maioria esmagadora das vítimas foi de meninas, o que pode ser OUTRA distorção religiosa da cabeça dele, de que as mulheres como um todo são "impuras" (no judaísmo elas só ficam "impuras" no período de menstruação). Querem ver como isso é possível? Pesquisei no Google as palavras "mulheres impura" e um dos primeiros links me levou a um site que contém generalizações que acabam por englobar a mulher, em seu aspecto sensual, como IMPURA:



São sete pecados... O pecado da impureza, também conhecido pelo nome de “luxúria”, a princípio não parece ser muito venenoso. Ele vem disfarçado em beleza, em algo desejável e vantajoso.., o diabo embala a impureza como se fosse uma jóia preciosa, e a sua aparência tem iludido os homens mais fortes do mundo.

Pronto. O homem sem discernimento que ler isso (ainda mais um esquizofrênico passando por sérios problemas de rejeição) vai associar imediatamente a luxúria à mulher, e a mulher ao diabo. E continua:



A impureza tem a ver com todos os tipos de pecados relacionados com o sexo.

Ela está presente na vida de quem tem apreciação por revistas eróticas, ou filmes e programas de televisão desse tipo...

A impureza está presente no namoro com beijos, abraços e carícias íntimas, em locais públicos ou escondidos, ao ponto de levar o casal à excitação sexual.., isso é impureza!

A paixão por piscina ou praia, onde os homens vão interessados em ver mulheres sensuais e onde as mulheres vão interessadas em mostrar seus dotes físicos tentadores.., é impureza. Não é impuro frequentar piscina ou ir à praia, mas a motivação pode ser impura.

A impureza também está presente nas conversas com palavreados obscenos ou palavrões e em certos gestos do corpo.

Agora temos um prato cheio pra o fundamentalista olhar pela sua janela e apontar uma impura a cada 2 minutos. Nossa sociedade exala sensualidade, as roupas são mínimas, o jeito de andar das brasileiras é naturalmente sensual, e infelizmente essa sensualidade exarcebada chega cada vez mais com força em nossas crianças.



Sabe, o pecado de cor vermelha carmesim, hoje tem ganhado cores e zomba do moço e da moça que buscam uma vida pura e limpa...

No tempo da escravidão no nosso país, os escravos eram identificados pela marca do seu dono. Assim também acontece quando as pessoas se deixam dominar pelo pecado... as marcas dele ficam estampadas, bem nítidas, nos escravos do pecado.

Você sabe, alguns têm olhos vermelhos... outros têm olheiras, aquela cor cinza-azulado em volta dos olhos.., outros tem as bochechas do rosto inchadas...

Os que são escravos do pecado do orgulho, tem o sobranceiro levantado.., os que são escravos da impureza, tem o olhar lascivo, sensual, marcas bem nítidas de suas perversões...

WTF!? Agora os impuros podem ser identificados? A esquizofrenia aqui alcança seu apogeu. Primeiro com a diferenciação dos "moços que buscam uma vida pura e limpa" (lembram da carta?) e os impuros com certas "marcas" que deixam muito pra imaginação do louco que se identificar com esta paranóia.



Ninguém também deve subestimar o poder da impureza.

Sansão, o homem mais forte da História, brincou com a impureza... fez dela uma espécie de esporte, pensando que podia controlá-la.., mas acabou sendo controlado por ela, porque a impureza arruinou toda a sua vida.

O rei Davi também se deixou levar pelo engano da impureza, e num momento de fraqueza, foi dominado por ela... teve anos de vida muito tristes, até que se arrependeu e voltou para Deus.

Novamente, duas referências a mulheres, agora chamadas literalmente de "impurezas". E o único modo de se limpar das impurezas é aceitar Jesus.



O que Jesus acharia disso tudo? Olha, ele tem uma resposta:



"Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.

(Mat 15:7-11)



Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina. [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] (...) Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.

(Mar 7:15-23)



Ou seja, não tem nada a ver com diabo, beleza, sedução, mulher, sexo, coisas EXTERNAS, mas sim do seu CORAÇÃO. Seus PENSAMENTOS. Se seus pensamentos gravitam em torno de quão impuro é seu vizinho gay, ou o quanto aquela mulher está "perdida" por se divertir na balada a chance de que os SEUS pensamentos impuros estejam deixando VOCÊ impuro é muito maior do que aquele que você está julgando ser de fato impuro. Nunca esqueça da soberba (listada ali em cima) e de que Jesus não julgou a mulher adúltera.



Outro fato digno de nota que distingue a natureza de Jesus da do Velho Testamento é no episódio de Elias, descrito em II Reis 1:9-12:



O rei Acazias adoeceu e pediu a mensageiros que fossem consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom, sobre sua saúde. Eis que Elias ficou sabendo e disse aos mensageiros: "Por acaso não existe Deus em Israel, pra você ir consultar o outro?". Então o rei enviou um capitão com cinqüenta soldados para buscar Elias, o tisbita. O capitão achou Elias, e ordenou dizendo: "Homem de deus, o rei diz: Desce conosco". Elias respondeu: "Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu, e te consuma a ti, e aos teus cinqüenta”. E desceu fogo do céu, e os consumiu. O rei mandou outro capitão com mais cinqüenta, e o episódio se repetiu. Morreram 102 pessoas inocentes, tudo pra provar que o Deus de Israel é quem devia ter sido consultado pelo rei, no lugar do deus do vizinho.



O que Jesus acha disso? Em Lucas 9:51-56 Jesus estava indo pra Jerusalém e enviou dois mensageiros na frente, pra lhe reservarem uma pousada numa aldeia de samaritanos. Ora, os samaritanos (que nem se consideram judeus) negam estadia a Jesus! Mas que despeito, pensam logo seus discípulos, Tiago e João. Como ousam? Tomados de brio, eles disseram a Jesus: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?" (como Elias também fez). Jesus, porém, repreendeu-os e disse: "Vocês não sabem qual tipo de espírito vocês são. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las". E foram para outra aldeia.



Eu fui procurar no original grego pra conseguir essa frase em negrito na tradução mais próxima do fiel, pois sinto que ela possui uma profundidade pra se meditar por dias, meses, quiçá uma vida. Dois dos discípulos de Jesus, entre eles João, o evangelista (talvez o "discípulo mais amado" por Jesus), carregados de soberba, tramam contra a vida daqueles que, por crenças e pensamentos diferente dos deles, lhes negam alguma coisa que não lhes é de direito (importante frisar). Procuram invocar a ira de Deus contra os "infiéis", mas o que Jesus lhes diz? "Vocês não sabem qual tipo de espírito vocês são". Desmontou-os. De "Portadores da Vontade de Deus na Terra" a NADA em uma frase. Estavam completamente enganados... que bom que havia um Jesus ali para lhes dizer. E quantos aqui não?

Saindo da Matrix