segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR



Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

Carlos Drummond de Andrade

Carl Gustav Jung; Memórias, sonhos e reflexões

Na Índia encontrei-me pela primeira vez sob a influência direta de uma civilização estrangeira altamente diferenciada. O que me preocupou acima de tudo foi o problema da natureza psicológica do mal. Fiquei profundamente impressionado com a forma como esse problema se integra na vida do espírito indiano e, através desta constatação, adquiri uma nova concepção. Analogamente, conversando com os chineses cultos, sempre fiquei impressionado em ver que era possível integrar aquilo que é considerado "mal", sem por isso "passar vergonha". Entre nós, no Ocidente, não ocorre o mesmo. Para um oriental, o problema moral não parece ocupar o primeiro plano, tal como ocorre conosco. Para ele, pertinentemente, o bem e o mal são integrados na natureza e, em suma, são apenas diferenças de grau de um único e mesmo fenômeno.

Espantava-me o fato de que a espiritualidade indiana contivesse tanto o bem como o mal. O cristão aspira pelo bem e sucumbe ao mal, o indiano, pelo contrário, sente-se fora do bem e do mal, ou procura obter esse estado pela meditação ou a ioga. Neste ponto, no entanto, é que surge minha objeção: numa tal atitude, nem o bem, nem o mal têm contornos próprios e isso leva a uma certa inércia. Ninguem acredita verdadeiramente no mal, ninguém acredita verdadeiramente no bem. Bem ou mal significam, no máximo, o que é o meu bem ou o meu mal, isto é, o que me parece ser bem ou mal. Poder-se-ia dizer, paradoxalmente, que a espiritualidade indiana é desprovida tanto do mal como do bem, ou, ainda, que se acha de tal forma oprimida pelos contrários que precisa a qualquer custo do Nirdvandva, isto é, da liberação dos contrastes e das dez mil coisas.

A meta do indiano não é atingir a perfeição moral, mas sim o estado de Nirdvandva. Quer livrar-se da natureza, e por conseguinte atingir pela meditação o estado sem imagens, o estado do vazio. Eu, pelo contrário, tendo a manter-me na contemplação viva da natureza e das imagens psíquicas, não quero desembaraçar-me nem dos homens nem de mim mesmo, nem da natureza, pois tudo isso representa, a meus olhos, uma indescritível maravilha. A natureza, a alma e vida me aparecem como uma expansão do divino. O que mais poderia desejar? Para mim, o sentido supremo do ser consiste no fato de que isso é, e não o fato de que isso não é ou não é mais.

Para mim não há liberação à tout prix (a todo o custo). Não poderia desembaraçar-me de algo que não possuo, que não fiz, nem vivi. Uma liberação real só é possível se fiz o que poderia fazer, se me entreguei totalmente a isso, ou se tomei totalmente parte nisso. Se me furtar a essa participação, amputarei de algum modo a parte de minha alma que a isso corresponde. O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera. Elas se mudam para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá sua casa sem que ele perceba. Se abandonarmos, deixarmos de lado, e de algum modo esquecermo-nos excessivamente de algo, correremos o risco de vê-lo reaparecer com uma violência redobrada.

Em Konarak (Orissa), encontrei um pandit que me guiou e instruiu por ocasião de uma visita ao templo e ao grande "Templo-carro". Da base ao cume o pagode é coberto de esculturas obscenas e refinadas. Conversamos demoradamente sobre esse fato insólito; meu guia explicou que se tratava de um meio de atingir a espiritualização. Objetei - mostrando um grupo de camponeses jovens que olhavam essas maravilhas, de boca aberta - que eles não pareciam a caminho da espiritualização, mas que se compraziam em fantasias sexuais. Ao que meu interlocutor respondeu: "Mas é justamente disso que se trata! Como poderiam eles se espiritualizar, se não realizassem primeiro o seu carma? As imagens obscenas aí estão para lembrar-lhes seu dharma (lei); de outro modo, esses inconscientes poderiam esquecê-lo!"

A colina de Sânchi representava para mim algo de central. Lá, o budismo revelou-se a mim numa nova realidade. Compreendi a vida do Buda como a realidade do si-mesmo que penetrara uma vida pessoal e a reivindicara. Para o Buda, o si-mesmo está acima de todos os deuses. Ele representa a essência da existência humana e do mundo em geral. Enquanto unus mundus, ele engloba tanto o aspecto do ser em si, como aquele que é reconhecido e sem o qual não há mundo. O Buda certamente viu e compreendeu a dignidade cosmogônica da consciência humana; por isso via nitidamente que se alguém conseguisse extinguir a luz da consciência, o mundo se afundaria no nada. O mérito imortal de Schopenhauer foi o de ter compreendido ou redescoberto esse fato.

Cristo também - como o Buda - é uma encarnação do si-mesmo, mas num sentido muito diferente. Ambos dominaram o mundo em si mesmos: o Buda, poder-se-ia dizer, mediante uma compreensão racional; o Cristo, tornando-se vítima segundo o destino; no cristianismo, o principal é sofrer, enquanto que no budismo o mais importante é contemplar e fazer. Um e outro são justos, mas no sentido hindu o homem mais completo é o Buda. Ele é uma personalidade histórica e, portanto, mais compreensível para o homem. O Cristo é, ao mesmo tempo, homem histórico e Deus, e, por conseguinte, mais dificilmente acessível. No fundo, ele sabia apenas que devia sacrificar-se, tal como lhe fora imposto do fundo de seu ser. Seu sacrifício aconteceu para ele tal como um ato do destino. Buda agiu movido pelo conhecimento, viveu sua vida e morreu em idade avançada. É provável que a atividade de Cristo, enquanto Cristo, se tenha desenrolado em pouco tempo.

Mais tarde, produziu-se no budismo a mesma transformação que no cristianismo: Buda tornou-se então a imago da realização do si-mesmo, um modelo que se imita, pois, como disse ele, todo indivíduo que vence a cadeia dos nidanas pode tornar-se um iluminado, um Buda. Acontece o mesmo com o cristianismo. Cristo é um modelo que vive em cada cristão, expressão de sua personalidade total. Mas a evolução histórica conduziu à imitatio Christi, segundo a qual o indivíduo não segue o caminho de seu próprio destino para a totalidade, mas, pelo contrário, tenta imitar o caminho que Cristo seguiu. Da mesma forma, no oriente isso conduziu a uma fiel imitação do Buda. O fato de que o Buda se tenha tornado um modelo a ser imitado era, em si, uma debilitação de sua idéia, exatamente como a imitatio Christi é uma atecipação da detenção fatal da evolução da idéia cristã. Buda, pela virtude de sua compreensão, elevava-se acima dos deuses do bramanismo; do mesmo modo, Cristo podia gritar ao judeus: "Vois sois deuses!" (João, 10:34); mas os homens foram incapazes de compreender o sentido dessas palavras. Pelo contrário: o Ocidente chamado "cristão" caminha a passos de gigante para a possibilidade de destruir o mundo, em lugar de construir um mundo novo.

Carl Gustav Jung; Memórias, sonhos e reflexões

Gibran Khalil Gibran (livro "O profeta")


E um homem disse: "Fala-nos do conhecimento de si próprio."
E ele respondeu, dizendo:
"Vosso coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites;
Mas vossos ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe.
Desejais conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento.

Quereis tocar com os dedos o corpo nu de vossos sonhos. E é bom que o desejeis.

A nascente secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando para o mar;
E o tesouro de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos.
Mas não useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos;
E não procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma sonda,
Porque o Eu é um mar sem limites e sem medidas.

Não digais: 'encontrei a verdade.' Dizei de preferência 'Encontrei uma verdade.'
Não digais: 'Encontrei o caminho da alma.' Dizei de preferência: 'Encontrei a alma andando em meu caminho.'
Porque a alma anda por todos os caminhos.
A alma não marcha em linha reta nem cresce como um junco.
A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas."


Então, um professor disse: "Fala-nos do ensino."
E ele respondeu, dizendo:
"Homem algum poderá revelar-vos senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso entendimento.
O mestre que caminha à sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura.
Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas vos conduzirá antes ao limiar de vossa própria mente.

O astrônomo poderá falar-vos de sua compreensão do espaço, mas não vos poderá dar a sua compreensão.
O músico poderá cantar para vós o ritmo que existe em todo o universo, mas não vos poderá dar o ouvido que capta a melodia, nem a voz que a repete.
E o versado na ciência dos números poderá falar-vos do mundo dos pesos e das medidas, mas não vos poderá levar até lá.

Porque a visão de um homem não empresta suas asas a outro homem.

E assim como cada um de vós se mantém isolado na consciência de Deus, assim cada um deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da terra."

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

mulher meio grávida...

“Não existe mulher meio-grávida”.

Foi desta maneira que meu pai me ensinou que há situações nas quais inexiste o meio-termo. Ou é, ou não é.

Da mesma forma eduquei-me acreditando que a verdade também não admite interpretação dúbia. Como diria um provérbio iídiche, meia-verdade é uma mentira inteira.

Em tempos de crise de valores, quando a integridade, a idoneidade, a dignidade e tantas outras virtudes se despedem, tornando-se peças de museu, artigo raro seja na gestão pública, no mundo corporativo ou nas relações interpessoais, adotamos a verdade com vigor ainda maior. Primeiro, por princípio. E segundo, porque ela sempre vem à tona, cedo ou tarde.

Mas aí, como disse certa vez Luís Fernando Veríssimo, quando a gente acha que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

O fato foi revelado após exames para diagnosticar o que parecia ser um AVC (acidente vascular cerebral). E durante vários dias vivenciamos um dilema: os familiares sabiam que era um tumor maligno, enquanto meu pai imaginava tratar-se apenas de um breve coágulo no cérebro.

Quando penso em meu pai, sempre me vem à mente uma pessoa ativa, dinâmica, criativa e muito batalhadora. Com pouca instrução, teve a capacidade de promover grandes realizações em sua vida. Proporcionou estudo aos seus cinco filhos e jamais permitiu que algo nos faltasse. Domina a matemática de maneira invejável para muitos estudantes de nível superior. Porém, ao lado de tantos aspectos positivos, há um contraponto tenaz: um terrível hábito de cultivar o pessimismo em momentos de adversidade.

Este aspecto já nos distanciou algumas vezes. Chegamos a trabalhar juntos por alguns anos, mas a divergência entre nossas posturas era objeto constante de conflito. Perante uma vicissitude ou uma oportunidade, eu sempre acreditava que seria possível, que daria certo. Já meu pai partia do pressuposto de que o jogo estava perdido.

Conhecendo este padrão de comportamento eu sabia que o ideal seria omitir a verdade sobre sua doença. Afinal, a cabeça comanda o corpo, de modo que em seu período de maior debilidade física, o melhor seria fazê-lo acreditar que tudo era relativamente simples e passageiro.

Contudo, hospitais trabalham com protocolos médicos. E um deles determina que todo paciente deve ser esclarecido com franqueza sobre seu quadro clínico e o tratamento ao qual será submetido. Diante disso, o pneumologista sentenciou: “Ou vocês, familiares, contam a ele o que está se passando, ou contaremos nós”.

Minhas irmãs decidiram por consenso que esta tarefa caberia a mim. E dois dias depois lá estava a sós com meu pai, em seu quarto, ao lado de seu leito. Solicitei-lhe que se sentasse, por um instante, de frente para mim. Segurei-lhe as mãos e reproduzo a seguir um resumo do diálogo que sucedeu:

– Pai, você acredita em Deus?
– Sim, acredito!
– E confia em mim?
– Com toda certeza, meu filho.
– Pois então, seu problema é um pouco mais grave do que imaginávamos...
– Eu já sabia... Mas não me conte. Eu não quero ouvir! Não quero! (virando o rosto)
– Mas eu preciso lhe dizer, porque ou você ouve de mim, ou ouvirá dos médicos. Você está com um tumor no pulmão. É algo raro, ainda mais para quem, como você, nunca fumou. E o coágulo em seu cérebro é uma consequência deste tumor.
– Então estou liquidado...
– Pai, deixe de pensar assim! Há tratamento, há cura, e é por isso que você está aqui, num dos melhores hospitais do país e com ótimos especialistas.
– É verdade? Mas me diga uma coisa, meu filho: isso não é câncer não, certo?
– É pai. É câncer. Tumor e câncer são a mesma coisa. Pouco importa o nome que se dê, mas sim que a medicina está muito evoluída e que juntos vamos sair desta.

Após esta conversa, senti que sua aceitação foi muito positiva. As lágrimas que rolaram foram menos intensas do que se poderia esperar. Mas fundamentalmente notei que ele decidiu abraçar a luta pela vida, em vez de entregar-se à enfermidade.

Eu poderia ter lhe dito que o tumor é maligno. Que seu estágio é avançado, alcançando os dois pulmões e que o edema no cérebro é fruto de uma metástase, caracterizando a evolução da doença. Poderia ter lhe dito que os oncologistas trabalham com expectativa de vida e que a luta não é pela cura, mas pelo que chamam de sobrevida. Mas optei conscientemente pela omissão. E descobri que há circunstâncias em que, sim, cabem meias-verdades. Porque elas aliviam, em lugar de ferir. Porque elas não são um erro, nem tampouco um acerto, mas apenas o adequado. Porque elas podem confortar e promover a esperança. Uma verdade oculta não é uma mentira contumaz.

Nietzsche dizia: “Não pretendo ser feliz, mas verdadeiro”. Abro mão da verdade plena e da minha felicidade, para ver feliz quem amo.

“Existem verdades que a gente só pode dizer
depois de ter conquistado o direito de dizê-las.”

(Jean Cocteau)


POR TOM COELHO

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Como Lucrar com a Arte de Servir e Encantar Clientes




Você já deixou de comprar algo por falha ou falta de atendimento? É impressionante a freqüência com que os clientes são desprezados ou mal tratados, não é mesmo? Recentemente, recebi uma mala-direta de um fabricante me convidando para conhecer seu novo modelo de carro. Como achei o apelo interessante aproveitei o horário do almoço para visitar uma de suas lojas.

“As nossas escolhas determinam o nosso caráter”

Estacionei meu automóvel próximo à entrada do salão de vendas. Caminhei até o showroom e ao avistar o carro fui em direção a ele. Tentei olhar o seu interior, mas logo percebi que as portas estavam travadas, daí dei uma volta completa ao redor do veículo e fiquei por alguns instantes o observando pela diagonal dianteira (sem dúvidas um lindíssimo automóvel). Como ninguém veio me atender, caminhei até o vendedor que se encontrava em uma mesa nos fundos do salão. Cumprimentei-o e mostrei a mala-direta que havia recebido. Antes que eu lhe dissesse alguma palavra, ele - sem se levantar – apanhou o papel da minha mão e disse: “Fique tranqüilo. Vou depositar na urna e o senhor já está concorrendo”.

Poxa vida! Eu não gosto de jogos de azar, sorteios ou coisa do gênero. Nem tão pouco fui lá para ganhar nada. Eu queria mesmo conhecer aquele belíssimo automóvel e o vendedor me expulsou da loja sem me dar qualquer chance. Saí de lá, liguei o motor do meu carro e pensei por uns instantes: quantos milhões a empresa deve ter gastado em propaganda? Talvez, considerando a qualidade do material, uma pequena fortuna. Como poderão atingir as metas se o vendedor não está preparado para fazer o seu papel?

Esse foi um exemplo, entre tantos outros, em que o vendedor agiu como um agente de polícia, ou seja: como eu fui à loja eu teria de provar que realmente queria comprar o carro, caso contrário eu seria visto como elemento suspeito e, ainda por cima, tachado de “elemento CAROSO” (é a maneira como eles chamam os clientes que dão muito trabalho) ou “elemento IBOPE” (é o apelido que eles dão aos clientes que estão pesquisando). Provavelmente, aquele vendedor passou boa parte do dia contando aos seus colegas que a campanha da fábrica não dá retorno. Que só serve para jogar dinheiro no lixo.

Já ocorreu com você algo do gênero? Como foi que você se sentiu? Deve ter sido terrível não, é mesmo? Mas nem tudo está perdido, há ocasiões em que somos tão bem tratados que até nos esforçamos para ajudar a quem nos atendeu: indicando, por exemplo, os nossos amigos. Recentemente, recebi um cliente que veio da China formalizar um acordo comercial conosco. Fomos almoçar em um restaurante com boa reputação. A comida estava ótima. Como de praxe, antes que eu pedisse a conta, o garçom nos ofereceu doces e frutas de sobremesa. Eu perguntei se havia algo novo e ele nos sugeriu banana flambada com marshmallow.

“Plante uma árvore e seu filho terá sombra”

Eu lhe indaguei: Poxa! Mas logo banana? Achei que você fosse nos sugerir algo especial. E ele de pronto enfatizou: “Pode pedir que vocês vão adorar! Eu garanto, concluiu.” Aceitamos a sugestão. Em seguida veio um outro garçom (trajado com uniforme que chamava atenção de tão bem cuidado) empurrando um carinho. Próximo a nossa mesa, ele apanhou uma imponente bandeja, talheres de prata, acendeu um fogareiro e começou a preparar a nossa sobremesa. O ritual foi tão bem executado que parte do restaurante, inclusive nós, é claro, paramos para observar a habilidade e o ritual de preparação.

Depois de alguns minutos e após ele ter adicionado meia dúzia de ingredientes, ele nos serviu a sobremesa. A banana estava com um sabor indescritível: uma delícia. Claro que ao final agradeci e parabenizei pela sugestão, atendimento e qualidade das refeições e, naturalmente, deixei uma boa gorjeta. Enquanto aguardava o processo de pagamento observei que a tal sobremesa nos custou R$26,00. É isso mesmo, vinte e seis reais por duas bananas. E estávamos felizes.

Vamos ser francos: quantos quilos de bananas podem ser comprados com R$26,00? Você pagaria esse valor por duas bananas? Claro que qualquer pessoa vai achar um absurdo pagar algo assim por apenas duas bananas, não é mesmo? Mas nós ficamos muito satisfeitos. Na verdade, o garçom não nos vendeu bananas de sobremesa, ele agregou tanto produtos (tempero, ingredientes etc) e serviços (habilidade, objetos de manuseio, pratos e talheres etc) que o que saboreamos foi algo muito deferente e especial.

“o sucesso não é uma chance é uma escolha”

Você lembra do vendedor da loja de carros que sequer se levantou para me atender? Sim, aquele que achou que eu fui à sua loja concorrer a um sorteio e me expulsou de lá. Lembrou agora? Aquele carro custava mais que 100 mil reais. Quantas vezes esse valor é superior a banana que nos foi servida? Milhares, não é verdade? Pois bem, aí está uma prova de que a diferença não está no produto e sim nos serviços.

Para Jack Welch, os produtos representam 15% e os serviços 85% na composição do sucesso dos negócios na atualidade. Certo ou errado, uma coisa podemos ter em mente: alcançar o triunfo exige alinhamento da qualidade de ambos. Se não tivermos pessoas bem preparadas de nada adiantará ter produtos exuberantes. Precisamos abandonar os antigos paradigmas e nos conscientizarmos de uma vez por todas que a venda é conseqüência de alguns atributos dentre os quais se situam a excelência do atendimento, a transparência da negociação, a qualidade dos produtos e serviços e a âncora da credibilidade, onde o respeito ao legal e ético fazem uma enorme diferença. Lembre-se: “o sucesso não é uma chance, é uma escolha”.


Como Destruir Idéias, Acabar com a Iniciativa e Frustrar Pessoas





Qualquer pessoa que tentou inovar deve ter ouvido alguma frase assassina, daquelas que destroem uma idéia ou opinião. “Não vai dar certo“ é sem dúvida a mais célebre, mas um sonoro “Você está louco?”, se não é a pergunta mais freqüente, está entre as mais destruidoras.

Porque as pessoas tendem a rejeitar coisas novas? Segundo os neurocientistas, todos os seres humanos possuem o chamado “cérebro reptiliano”, que, igualzinho aos répteis e demais seres irracionais, diante do desconhecido, ataca ou foge.

Raramente alguém ataca ou foge de uma idéia tal qual os animais, mas aquele risinho complacente não seria uma forma de ataque? E quando alguém diz algo do tipo “Aqui essas coisas não funcionam” ou aponta rapidamente os riscos da idéia, como se eles não pudessem ser contornados, não está atacando?

Há também formas humanas de fugir da inovação: vai desde um “Depois a gente conversa” até um “Vamos focar no que está dando certo”. Quem nunca ouviu algo assim?

Ainda bem que o cérebro humano não é apenas reptiliano. Além do mais, evoluímos: não há mais lugar para o destrutivismo pessimista. “Não vai dar certo”, sem boas justificativas, hoje em dia pega mal. Também não é mais aceitável culpar outras pessoas ou situações com frases como “A chefia não vai aceitar” ou “O mercado não está preparado”, afinal somos responsáveis pela venda e implementação de nossas idéias, independentemente das circunstâncias.

“Fica difícil” ou “É complicado” nem pensar: a má vontade fica estampada.

Infelizmente, há versões mais sutis e sofisticadas de se podar novas idéias, como o terrível “Esta é a única alternativa”. Ora, se só há uma alternativa é por que as outras ainda não foram criadas, o que não significa que elas não possam vir a existir. “Das duas uma” ainda é melhorzinho, mas não seria melhor abrir a mente para mais de duas possibilidades?

“Estou certo ou estou errado?” também é uma expressão que inibe o raciocínio: a maioria dos fatos é complexa demais para alguém estar totalmente certo ou errado.

“Você não entendeu” é cruel: pode significar que quem emitiu esta frase considera que está tão certo que a pessoa, ao entendê-lo, só pode concordar.

Finalmente, há a pior de todas, talvez a mais traiçoeira: é a tal da “É igual a...” e suas variantes do tipo “Já foi tentado”. Ora, o que foi tentado – e não funcionou antes – justamente por causa disso pode funcionar depois! Além do mais, identificar uma idéia com outra anterior pode impedir a pessoa de ver a sutil diferença que fará toda a diferença.

Fique atento às frases assassinas. Perceba e corrija sua tendência a fugir ou atacar. Ela é normal, mas pode ser evitada. E não se deixe levar pela fuga ou ataque de outros. Suas idéias merecem consideração.





Como Criar Profissionais Medíocres



Tenho certeza que, nos casos não patológicos ou psíquicos, os pais realmente erram na educação dos filhos por ignorância, não por negligência. Pois, se sua intenção deliberada for transformar seus filhos em bundões corporativos, aqui vão algumas dicas de atitudes e comportamentos extremamente eficientes. Se não for essa a intenção, basta fazer o contrário. Note que as lições abaixo foram extraídas de várias entrevistas e situações vividas com executivos e funcionários em “fraldários corporativos”, também chamados de sala de reunião da diretoria.

1) Sempre que uma criança bater no seu filho, ensine-o que, ao invés de pedir que a “tia” tome alguma providência, o melhor é a revanche, ou seja, bater de volta. Assim, sempre que o chefe partir para cima, você já terá aprendido como aplicar uma rasteira e uma “cruzeta” no pescoço;

2) Faça ameaças do tipo “se não comer vai para o médico”, ou “cuidado, se cair vai para o hospital”, ou ainda “se não escovar os dentes vai para o dentista”. Isso criará nele tanto ódio aos profissionais da área, que o transformará em um especialista em auto-medicação. Sem contar que com esse aprendizado ele também detestará a idéia de solicitar a consultoria de algum especialista;

3) Um remédio para a auto-estima da criança: sempre que seu filho tentar lhe “ajudar” em algo, carregando as compras do mercado, lavando louças, ou consertando algo, por exemplo, diga a ele que “pare de atrapalhar... o papai (a mamãe) está tentando fazer direito e você ainda não sabe como se faz”. Sinceramente, nunca vi uma técnica mais eficiente para inibir a vontade do profissional de aprender coisas novas. E isso é ótimo, pois a empresa não corre o risco de ter alguém “inventando” a toda hora.

4) Essa é excepcional. Dê a ele sempre essa lição de moral: “se não estudar, vai trabalhar”. Isso irá construir a idéia de que trabalho “não” é castigo, como também o fará “amar” o estudo (e não há nenhum problema nisso, afinal, depois que a gente se forma não precisa mais estudar, mesmo...);

5) Escolha uma escola que coloque as crianças levadas de castigo na biblioteca, LENDO. Afinal, ler é um excelente castigo. E outra: quem precisa de leitura?;

6) Sempre que possível, diga aos seus filhos que dinheiro é coisa suja. Assim, quando adultos, eles não vão correr o risco de ter que ficar lidando com ele;

7) Quando o filho estiver no seu escritório (na empresa, ou em casa), jamais o deixe brincar nesse ambiente. Diga firmemente: “filho, isso aqui é local de trabalho, não é local de brincadeira”. Isso será excelente, pois o garotão se transformará em um profissional sério, avesso a esses ambientes descontraídos que alguns têm tentado transformar as organizações. Afinal, quem consegue produzir em ambiente descontraído?;

8) Finalmente, se ele escolher um outro caminho de volta do colégio para casa, não deixe passar em branco. Sempre diga que é mais seguro seguir os mesmos caminhos. Nada de ficar inventando ou descobrindo coisas novas. Afinal, na empresa, ele precisará seguir regras. E são os mais obedientes que mais ascendem na escada do chefe;

Não posso garantir que todas as dicas irão funcionar com seus filhos. Mas asseguro que os profissionais que entrevistei, e que passaram por essas “experiências educativas” em sua infância e adolescência, inegavelmente se transformaram nos mais célebres espécimes da raça dos medíocres. Bem, agora é com você.

Paulo Angelim - Consultor de Marketing

o cone de luz

Dizem que Copérnico, Galileu e Darwin puseram a humanidade em seu devido lugar, cosmicamente falando. Não discordo que esses caras tenham dado uma colaboração importante à causa, mas para mim o verdadeiro golpe foi desferido em 1908, quando Herman Minkowski traçou o primeiro diagrama de cones de luz.

Os cones de luz são uma consequência lógica do paper de 1905 de Albert Einstein sobre a relatividade restrita. Ao deduzir que a velocidade da luz no vácuo é imutável, independentemente do estado de movimento do observador, Einstein também deduziu algo muito importante sobre a condição humana. Permita-me ilustrar.

Pegue papel e caneta, por favor (quanto maior a folha, melhor).

No centro do papel, marque um ponto. Esse ponto vai ser o zero do nosso diagrama. Ele também marca a posição do seu cérebro, digamos, daqui a algumas décadas: mais precisamente, no instante da sua morte.

Agora, como temos um ponto zero, você já deve ter deduzido que teremos um par de eixos perpendiculares, "x" e "y". No nosso caso, porém, eles serão os eixos "s" e "t", de "espaço" e "tempo". Você pode graduar o eixo "t" em segundos e o eixo "s" em segundos-luz, o que é mais ou menos a distância da Terra à Lua.

Trace em seguida duas linhas que também se cruzam no ponto zero (no seu cérebro moribundo), mas inclinadas em 45º com os eixos. Perceba que cada ponto dessa linha corresponde a pares de coordenadas como {1 segundo-luz; 1 segundo}, {2 segundos-luz; 2 segundos}, e assim por diante: basicamente, elas traçam a trajetória dos raios de luz que convergem do passado em direção ao seu cérebro (esses formam as paredes do "cone" inferior), e do seu cérebro para o futuro (as paredes do "cone" superior).

Agora, concentre-se no cone inferior, e lembre-se de que o ponto zero é o seu último instante de vida.

Pois bem.

Se a velocidade da luz é um limite absoluto para a propagação de sinais no universo, e tudo indica que é, então tudo o que você poderá aprender em toda a sua vida, tudo o que você verá, ouvirá, cheirará, provará ou experimentará, todos os lugares que você conheceu e conhecerá, todas as pessoas que você amou ou amará, tudo que você pode fazer com a sua vida, a partir de agora e até o seu último suspiro, está contido no cone inferior.

Agora, olhe pra o papel fora do cone. Não se preocupe com o futuro: o fato de que quem morre não tem mais futuro é trivial. Olhe para o papel fora do cone do passado.

Lá está tudo o que estava acontecendo no universo durante a sua vida e que você não ficou sabendo. Não porque não quis ou não se interessou, mas porque era fisicamente impossível. Lá há coisas, experiências, imagens e verdades muitas das quais já são reais agora, mas cuja luz não chegará até aqui antes que você morra.

Não importa o quanto você estude ou se esforce, quanta inteligência inata você tenha herdado de seus pais. O que está fora do cone é definitivamente incognoscível. Esta é a dimensão irredutível da ignorância humana. Este é o universo para sempre fora do alcance.

Espaço-tempo e além" (sobre física quântica) e "O Livro de Mirdad",

Estava lendo ao mesmo tempo "Espaço-tempo e além" (sobre física quântica) e "O Livro de Mirdad", e por uma questão de sincronicidade vi o mesmo tema por dois ângulos diferentes, mas assustadoramente convergentes. Por isso escrevi os dois posts em sequência, naquele ano, e repito aqui.


Teu pai não está morto, Himbal. Nem estão mortas ainda a sua forma e a sua sombra. Mas estão mortos, verdadeiramente mortos, os teus sentidos para a forma e a sombra alteradas de teu pai, pois há formas tão tênues e delicadas, com sombras tão atenuadas que os olhos grosseiros do homem não as podem divisar.

A sombra de um cedro na floresta não é a mesma que a de um cedro que se tornou mastro de um navio, ou pilar de um templo, ou cadafalso de uma forca. Nem é a sombra daquele cedro a mesma ao Sol e à luz das estrelas. No entanto, aquele cedro, não importa quanto haja sido transformado, vive como um cedro, embora os outros cedros da floresta já o não reconheçam mais como irmão.

Pode o bicho de seda que está sobre a folha reconhecer a irmã na crisálida que se encontra adormecida no casulo de seda? Ou pode esta reconhecer sua irmã na borboleta da seda que voa?

Podem os vapores no ar, ou as águas no mar, reconhecer como irmãos e irmãs os pingentes de gelo na caverna da montanha?

Pode a Terra reconhecer como irmão o meteoro que cai sobre ela das profundezas do Espaço?

Pode o carvalho ver-se a si mesmo na bolota?

Devido ao fato de teu pai estar agora em uma luz à qual os teus olhos não estão acostumados e em uma forma que não podes perceber, dizes que teu pai já não existe. Mas o eu material do Homem, não importa quanto haja sido modificado e para onde tenha sido transportado, sempre projeta uma sombra até que se haja dissolvido no Eu-Divino do Homem.

Um pedaço de madeira - seja ele hoje um galho verde na árvore ou uma cavilha na parede amanhã - continua a ser madeira e a mudar de forma, até que seja consumida pelo fogo que há dentro dela. Do mesmo modo o Homem continua a ser homem, quando vivo ou quando morto, até que o Deus que há nele o consuma, o que quer dizer: até que ele compreenda a sua unidade com O Único. Isso porém não se cumpre no ápice de tempo de um piscar de olhos que o homem gosta de chamar de uma vida inteira.

O Tempo todo é uma vida inteira. Não há paradas e começos. O Tempo é uma continuidade que se sobrepõe a si mesmo. A sua pôpa está ligada à sua prôa. Nada termina e é posto à margem no Tempo; nada começa nem termina.

O Tempo é uma roda criada pelos sentidos e pelos sentidos lançada a girar no Espaço.

Vós sentis a estonteante mudança das Estações e acreditais, então, que tudo está preso nas garras da mudança. Mas vos esqueceis de que o poder que dobra e desdobra as Estações é eterno, único e sempre o mesmo.

Vós sentis as coisas crescerem e decaírem, e irreverentemente declarais que a ruína é o fim de tudo que cresce. Mas esqueceis que o poder que faz as coisas crescerem e decaírem - esse não cresce nem decai.

Como dizeis vós que o crescimento é crescimento e a decadência é decadência e que um é inimigo do outro? Já alguma coisa cresceu sem que o haja feito à custa daquilo que decaiu? E já algo decaiu que não fosse em benefício do que cresce? Não cresceis vós por uma decadência contínua? E entrais em decadência pelo contínuo crescimento? Não são os mortos o subsolo dos vivos, e os vivos o celeiro dos mortos? Se a Vida é filha da Morte e a Morte filha da Vida, então na verdade ambas são uma só em todos os pontos do Tempo e do Espaço. E na verdade a vossa alegria de viver e de crescer é tão estúpida quanto a vossa dor de decair e morrer.

Muito semelhante ao esquilo na sua roda é o Homem, que tendo posto a roda do Tempo a girar fica de tal modo dominado por ela e levado pelo movimento, que já não pode crer que ele é que a faz mover, nem "acha tempo" para deter o giro do Tempo.

A roda do Tempo gira no vácuo do Espaço. No seu aro estão situadas todas as coisas perceptíveis pelos sentidos que nada podem perceber senão no Tempo e no Espaço. E assim as coisas continuam aparecendo e desaparecendo. O que desaparece para um em certo ponto do Tempo e do Espaço, aparece para outro em outro ponto. O que pode ser dia para um é noite para outro, dependendo do "Quando" e do "Onde" do observador. Uma só é a estrada da Vida e da Morte, ó monges, sobre o aro da roda do Tempo, pois o movimento em círculo jamais pode atingir o fim e jamais se desgasta. E todo movimento no mundo é movimento circular.


Então o Homem jamais se libertará do círculo vicioso do Tempo?

Sim, o Homem se libertará, pois ele é herdeiro da Liberdade Sagrada de Deus. A roda do tempo gira, mas o seu eixo está sempre em repouso. Deus é o eixo da roda do Tempo. Conquanto tudo gire à volta dele no Tempo e no Espaço, ele é sempre sem espaço e sem tempo. Conquanto tudo seja procedente de sua Palavra, sua Palavra é tão sem tempo e sem espaço como Ele. No eixo está a paz. No aro a agitação. Onde quereis vós estar? Em verdade vos digo, escapai do aro do Tempo para o eixo e vos poupareis da náusea do movimento. Deixai o Tempo girar em volta de vós; porém não gireis vós com o Tempo.


Como pode o Homem, criatura do Tempo, libertar-se das muletas do Tempo?

Assim como a Morte te livrará da Morte e a Vida te libertará da Vida, o Tempo te libertará do Tempo. O Homem se cansará tanto das mudanças que tudo nele ansiará e almejará apaixonadamente por aquilo que é mais poderoso do que as mudanças. E é certo que se encontrará a si mesmo.

Felizes os que almejam, pois estão já no limiar da Liberdade. É a eles que busco; é para eles que prego. Não vos busquei a vós porque ouvi aquilo que almejáveis? Mas desgraçados serão aqueles que se embalam nas voltas do Tempo e nelas procuram sua liberdade e paz. Tão logo sorriem para nascer e já principiam a chorar para morrer. Tão logo se enchem são imediatamente esvaziados. Quanto mais pensam que sabem, menos em verdade conhecem. Quanto mais avançam, mais na verdade retrocedem. Quanto mais alto sobem, mais fundo caem. Para estes, minhas palavras serão vagas e irritantes murmurações. Enquanto também eles não anseiam pela Liberdade, não terão seus ouvidos abertos para as minhas palavras.


Mestre, para onde iremos depois de morrermos?

Os vossos corpos, conquanto circunscritos ao Tempo e ao Espaço, foram retirados de tudo que está no Tempo e no Espaço. Aquilo de vós que veio do Sol, vive no Sol. Aquilo de vós que veio da Terra, vive na Terra. E assim com todas as outras esferas e ínvias regiões especiais entre elas.

Só o tolo pensa que a única morada do Homem é a Terra, e que as miríades de corpos que flutuam no Espaço são meros ornamentos da morada do Homem e distração para os seus olhos. A Estrela da Manhã, a Via Láctea, as Plêiades não são menos moradas para o Homem do que esta Terra. Cada vez que elas enviam um raio para os seus olhos, o elevam até elas. Cada vez que ele passa sob elas, as atrai para si.

Todas as coisas estão incorporadas no Homem, e o Homem está, por sua vez, nelas incorporado. O Universo é um corpo único. Comunga com a menor partícula dele e estarás comungando com o todo. E assim como morres continuamente enquanto vives, assim viverás continuamente quando estiveres morto; se não neste corpo, em um corpo de outra forma. Mas continuarás a viver em um corpo até te dissolveres em Deus; o que significa que terás vencido todas as mudanças.


Voltamos à Terra enquanto viajamos de mudança em mudança?

A lei do Tempo é a repetição. Aquilo que uma vez ocorre no Tempo está fadado a ocorrer de novo e tornar a ocorrer; os intervalos, no caso do Homem, podem ser longos ou breves, dependendo do desejo de cada homem e da vontade de repetir.

Quando passais deste ciclo conhecido como vida para o ciclo conhecido como morte, e levais convosco uma sede que não foi satisfeita pela Terra e uma fome que não foi saciada pelas suas paixões, então o magneto da Terra vos atrairá novamente ao seu seio. E a Terra vos amamentará e o Tempo vos desmamará de vida em vida e de morte em morte, até que vos desmameis por vós mesmos, de uma vez e para sempre, de acordo com a vossa própria vontade.


Quero ser desligado da Terra de uma vez para sempre. Como poderei fazê-lo, Mestre?

Amando a Terra e todos os seus filhos. Quando o Amor for o único saldo de suas cotas com a Terra, então a Terra te dará quitação do teu débito.


Mas Amor é ligação e ligação é aprisionamento.

Não, o Amor é a única coisa que liberta da prisão. Quando amas a tudo a nada estás ligado.


Pode alguém, pelo Amor, escapar à repetição das suas transgressões contra o Amor e, desse modo, fazer parar a roda do Tempo?

Tú o podes conseguir pelo Arrependimento.

A maldicão proferida por tua língua procurará outro pouso quando voltar para ti e encontrar a tua língua coberta de bênçãos provenientes do Amor. Assim o Amor evitará que aquela maldição se repita.

Um olhar lascivo procurará os olhos lascivos e ao voltar encontrará transbordantes de olhares de Amor os olhos que o haviam enviado. E assim o Amor evitará a repetição daquele olhar lascivo.

Uma intenção maldosa emitida por um coração maldoso procurará aninhar-se, e quando voltar encontrará o mesmo coração repleto de intenções provenientes do Amor. Assim o Amor evitará que se repita aquela intenção maldosa.

Isto é Arrependimento.


Ainda há uma coisa que perturba meu coração e anuvia a minha compreensão, Mestre: Por que meu pai morreu desta morte e não de outra?

Tudo que é guardado na memória do Tempo fica profundamente gravado sobre as coisas do Espaço. A própria terra que pisais, o próprio ar que respirais, as próprias casas em que morais poderiam facilmente revelar-vos os mínimos pormenores do registo de vossas vidas - passada, presente e do porvir - tivesseis vós a capacidade de ler e a perspicácia de entender o sentido.

Na vida, como na morte; na Terra ou além da Terra, jamais estareis sós, mas na constante companhia de seres e coisas que participam de vossa vida e de vossa morte, assim como vós participais da vida e da morte deles. Assim como os buscais, assim eles vos buscam. O Homem tem sua conta com todas as coisas, e estas têm sua conta com o Homem. Esse intercâmbio segue sem interrupção.

O raio jamais feriria a casa se a casa o não atraísse. A casa é tão responsável pela sua ruína quanto o raio.

O assassinado afia o punhal do assassino e ambos desferem o golpe fatal.

O roubado dirige os movimentos do ladrão e ambos cometem o roubo.

Sim, o Homem convida as suas próprias calamidades e depois protesta contra os hóspedes importunos, por se haver esquecido quando e como escreveu e enviou os convites. O Tempo, no entanto, jamais esquece; o Tempo entrega o convite no endereço certo, e o Tempo conduz cada convidado à casa do anfitrião.

E em verdade vos digo, jamais protesteis contra um hóspede, para que ele não se vingue, demorando-se muito tempo ou tornando as suas visitas mais freqüentes do que seria normal. Sede bondosos e hospitaleiros para com eles, seja qual for o seu procedimento ou comportamento, pois na realidade são vossos credores. Dai aos mais importunos do que deveis, para que se vão gratos e satisfeitos e para que, se voltarem a visitar-vos, o façam como amigos e não como credores.

(saindo da matrix)

Ame sem esperar recompensas



Existem momentos em que gostaríamos muito de ajudar determinada pessoa, mas não podemos fazer nada. Ou as circunstâncias não permitem que nos aproximemos, ou a pessoa está fechada para qualquer gesto de solidariedade e apoio.

Diz o mestre:

“Resta-nos o amor. Nos momentos em que tudo o mais é inútil, ainda podemos amar, sem esperar recompensas, mudanças, agradecimentos. Se conseguimos agir desta maneira, a energia do amor começa a transformar o universo à nossa volta. Quando esta energia aparece, sempre consegue realizar o seu trabalho”

.... bom pastor....



Existem coisas em nossas vidas que - em determinado momento - se tornam mais importantes que todo o resto.

Disse Jesus: “Qual o pastor que, tendo perdido uma ovelha, não deixa seu rebanho e sai buscando aquela que se perdeu?”

Muitas vezes por semana precisamos fazer esta escolha.

Pegar o telefone e dizer a palavra de carinho que adiamos. Abrir a porta e deixar entrar quem precisa de nossa ajuda. Aceitar um emprego. Abandonar um emprego. Tomar a decisão que estávamos deixando para depois. Pedir perdão por um erro que cometemos e que não nos deixa em paz.

Se uma ovelha importante se perdeu, vamos agir como o Bom Pastor: caminhar por montanhas e riachos, planícies e desertos, até encontrá-la e trazê-la de volta.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Poeta castrado....nãoooooooo

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Ary dos Santos..( poeta e compositor portugues)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Arte Flamenca


E-mail
Por Sara Gobbi


Cá estou eu, caros leitores, para falar de algo que muito me agrada: Dança Flamenca. Creio nunca ter feito menção digna a esse estilo aqui na Allegro. Pois bem, é chegada a hora de uma breve - porém boa, eu espero - apresentação desse ritmo.

Mas antes, um pedido de desculpas cairia bem, certo?! Sei bem que ando meio relapsa quanto às atualizações desta coluna. Muitos textos da faculadade para ler tomam-me o pouco tempo que me resta entre uma aula e outra. Porém, isso não afetará minhas respostas às inúmeras dúvidas que me chegam pelos comentários.

Vamos ao que interessa, então. A Dança Flamenca, também conhecida como Dança Espanhola, é uma forma de expressão que reflete a cultura da Andaluzia, região sul da Espanha. A forma de dançar, cantar e tocar, bem como as letras das músicas, são, em geral, lamentações que traduziam as condições adversas dos povos que habitavam a região andaluza. Mas nem só de lamentações é feita a Dança Flamenca. Algumas de suas canções e ritmos expressam a luta e a esperança desses povos.

O Flamenco é dividido em vários (sub)ritmos, tais como: Fandangos, Sevillanas, Rumba, Tango, Tientos, Tanguillo, Alegria, Soleá ou Soleares, Soleá por Bulerias, Bulerias, Seguiryas, e por aí vai. Existem muitos outros, mas os aqui citados são os mais comuns atualmente. Não há como falar de todos esses ritmos aqui, seria um tanto cansativo. Por isso, escolherei três, os mais populares, e os apresentarei, separadamente, em outros artigos. Para ser mais exata, falarei de Bulerias, Sevillanas e Tango - mas isso é assunto para outro artigo.

Continuando... A utilização de objetos - como leque e castanholas- intensificam a forma de expressão que exalta tanto a tristeza quanto a alegria. E a elegância dos trajes Flamencos fazem com que cada simples apresentação se torne um verdadeiro baile de gala.

Os traços fortes e bem marcados do corpo, juntamente com o sapateado compassado, fazem da Dança Flamenca muito mais que uma dança. É um estilo de vida.

Au revoir.

"O Flamenco nasceu do primeiro beijo, do primeiro choro... É uma força da natureza... Sãogritos solitários do coração..."

(Frederico Garcia Lorca)


Um conto de Gibran



Eu estava andando nos jardins de um asilo de loucos, quando encontrei um jovem rapaz, lendo um livro de filosofia.

Por seu jeito, e pela saúde que mostrava, não combinava muito com os outros internos.

Sentei-me ao seu lado, e perguntei: “O que você está fazendo aqui?”

Ele me olhou surpreso. Mas, vendo que eu não era um dos médicos, respondeu: “É muito simples. Meu pai, um brilhante advogado, queria que eu fosse como ele. Meu tio, que tinha um grande entreposto comercial, gostaria que eu seguisse seu exemplo. Minha mãe desejava que eu fosse a imagem de seu adorado pai. Minha irmã sempre me citava o seu marido como exemplo de um homem bem-sucedido. Meu irmão procurava treinar-me para ser um excelente atleta como ele”.

“E o mesmo acontecia com meus professores na escola, o mestre de piano, o tutor de inglês. Todos estavam convencidos e determinados que eram o melhor exemplo a seguir. Ninguém me olhava como se deve olhar um homem. Mas como se olha no espelho”.

“Desta maneira, eu resolvi internar-me neste asilo. Pelo menos aqui eu posso ser eu mesmo”.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Amigo de Verdade


Certa vez, um soldado disse ao seu tenente:

- Meu amigo não voltou do campo de batalha, senhor. Solicito permissão para ir buscá-lo.

- Permissão negada, replicou o oficial. Não quero que arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto.

O soldado, ignorando a proibição, saiu, e uma hora mais tarde regressou, mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo.

O oficial estava furioso:

- Já tinha dito que ele estava morto! Agora eu perdi dois homens! Diga-me: Valeu a pena trazer um cadáver?

E o soldado, moribundo, respondeu:

- Claro que sim, senhor! Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e pôde me dizer: "Tinha certeza de que você viria!"

Amigo verdadeiro é aquele que chega quando todos já se foram.

Autor Desconhecido


Ensinando a Ousar




A cada minuto de nossas vidas estamos sempre assumindo dois papéis: o de professor e o de aluno. Dependendo do momento, do tema, do interlocutor, colocamos um ou outro véu. E num diálogo realmente edificante, chegamos mesmo a utilizar simultaneamente os dois.

Porém, lamentavelmente somos, via de regra, maus professores. Maus porque pregamos a mediocridade, inibimos a audácia, coibimos o risco, desestimulamos a galhardia. Ser medíocre é ser comum, mediano, modesto, despretensioso. Ser medíocre é estar seguro, ainda que não se esteja bem. Ser medíocre é fruto natural de nossa cultura ibérica e de nossa tradição católica.

Empregados sem Empregos

Nossas escolas de ensino fundamental privilegiam uma alfabetização metódica, padronizada, enquadrando nossas crianças num plano bidimensional. São ao menos oito anos de estudos sem estímulo à criatividade e à ousadia. Depois, quem pode gasta uma soma considerável num terapeuta ou num curso de especialização para instruir aquele garoto a traçar linhas curvas e não apenas retas, a misturar cores quentes e frias, a experimentar outras formas geométricas, a unir nove pontos alinhados três a três com apenas quatro retas.

O ensino médio, por sua vez, produz exércitos dotados de baionetas com as quais assinalarão "x" dentre cinco alternativas possíveis para, aí sim, ingressando no chamado ensino superior, compor uma legião de empregados para um mundo sem empregos. A própria estrutura de ensino incentiva a subserviência, seja por intermédio do método expositivo de aulas, seja através do respeito incólume às hierarquias, seja por meio dos trabalhos de conclusão ou estágios supervisionados, sempre focalizados em grandes empresas e com conteúdo discutível.

Nosso modelo de ensino não instiga o pensar. História é para ser decorada, e não entendida. Matemática é para se aprender por tentativa e erro, e não por tentativa e acerto. Português tem muitas regras, não se sabe para quê, não é mano?

Abolimos as aulas de Educação Moral e Cívica porque eram uma herança dos tempos da ditadura, ao invés de modernizarmos seu conteúdo. O resultado é que hoje não se sabe mais cantar o Hino Nacional, o qual só é ouvido em jogos de futebol ou quando somos agraciados com alguma façanha de Guga ou outros esportistas. Foi-se embora o culto ao patriotismo e ao amor ao verde-amarelo. Foi-se também a oportunidade de se ministrar um pouco de ética e responsabilidade social.

Mediocridade Ensinada

Nossa mediocridade ensinada acaba permeada em nossas vidas sem que nos apercebamos disso. Nossas empresas tornam-se medíocres porque não têm o gene do empreendedorismo, especialmente o empreendedorismo de oportunidade, aquele que agrega valor, que produz riqueza, que gera empregos, qualificados e de forma sustentada. Falta-nos a ousadia para adotar novas práticas, da remuneração variável ao horário flexível, da gestão compartilhada à participação nos resultados.

Nossa mediocridade ensinada congela nossos ímpetos corporativos, impedem-nos de investir em nossas próprias idéias, de acreditar em nossos mais castos ou ambiciosos sonhos. O risco, palavra derivada do italiano antigo risicare e que significa nada menos do que "ousar", deixa de ser uma opção, deixa de ser um destino.

Nossa mediocridade ensinada se mostra presente em nossas vidas pessoais, exacerbando nossa timidez, trazendo consigo a hesitação por uma palavra, por um beijo, por uma conquista mútua. Tempera relações sem usar sal ou pimenta, adota a monotonia e culpa a rotina. Observe como nunca somos medíocres no início de um namoro, da troca de olhares ao flerte, do perfume das flores ao sabor dos bombons. Tudo isso até o primeiro beijo, o único realmente verdadeiro, pois dele deriva muitos outros até os meramente, e finalmente, protocolares, como a nota cinco necessária para se passar de ano.

Pílula Azul ou Vermelha?

Vivemos numa nação na qual, mesmo após 500 anos, a terra ainda devolve com fartura tudo o que nela se planta. Não somos vitimados por catástrofes naturais. Somos dotados de grande simpatia e predisposição ao trabalho. Então, por quê sermos medíocres?

O que nos impede de reproduzir em larga escala a criatividade de nossa publicidade, a inteligência de nosso design, a beleza de nossa moda, a eficiência de nossa agroindústria de soja, a ousadia de milhões de pessoas que teimam em manter-se vivas com um punhado de reais ao longo de todo um mês?

Ou a vida é uma aventura ousada, ou não é nada. Do contrário, não vivemos, apenas vegetamos. à luz de um ícone criado em "Matrix", podemos tomar a pílula vermelha, esquecer tudo isso, e tratar o ensino com objetivo exclusivo de satisfazer estatísticas, empenhados em reduzir índices de evasão e elevar taxas de escolaridade. Mas podemos optar pela pílula azul, e incentivar a escola democrática, substituir a forma desinteressante e desatrelada da realidade de educar pelo estímulo à curiosidade, encorajar o aprendizado ao invés do ensino porque ousadia é uma forma de ser e não de saber.


Tom Coelho

37 não é Febre



“Filha, leve um agasalho, pois vai esfriar”. “Querido, lembre-se de seu guarda-chuva; parece que vai chover...”. “Não vá tomar gelado!”.

Quem de nós já ouviu uma destas frases dos pais? E, aos que agora também são pais, quem não as pronunciou aos seus filhos?

Somos o legado social de uma cultura que venera a superproteção e tem aversão ao risco, por menor que ele seja, por mais saudável que ele possa vir a ser. A ordem é construir um muro ao redor de nosso mundo privado, encasular-se e defender as zonas de conforto arduamente conquistadas. Deste estado de coisas advêm duas conseqüências imediatas.

A primeira delas é o estímulo à mediocridade. E, ao contrário do que o senso comum tem por hábito avaliar, ser medíocre não significa ser inferior, mas tão somente mediano. Representa ser modesto, inexpressivo, ordinário. Fazer apenas o mínimo necessário para seguir adiante. Assim são as pessoas medíocres: não se destacam e não chegam a fazer a menor diferença.

Temos o aluno medíocre, desinteressado em aprender, em conhecer, em saber. Limita-se a marcar presença nas aulas e a estudar nas vésperas das provas decorando fórmulas matemáticas ou definições de conceitos. Recebe nota cinco, numa escala de zero a dez, digna para fazê-lo passar de ano. Vai engordar a massa de operários na vida profissional, seja apertando parafusos ou preenchendo relatórios. E, assim, vai passar pela vida, sem deixar lembrança, legado ou marca.

Temos os cônjuges medíocres, inábeis para manter acesa a chama de um relacionamento e ainda mais incapazes para romper o que já acabou. Passam a vida achando que colocar alimento na mesa, fazer sexo de vez em quando e dizer protocolarmente “eu te amo”, sem mirar os olhos, são atitudes suficientes. Alternam almoços insípidos aos domingos na casa dos sogros, trocam abraços sem calor nas noites de Natal, tudo para manter a estabilidade familiar.

Temos os profissionais medíocres, com inteligência bastante para ler as horas no relógio, batendo cartão ou assinando o ponto nos horários determinados. Respondem metodicamente seus e-mails, falam parcimoniosamente ao telefone, fazem exatamente aquilo que deles se espera. Nem mais, que possa gerar desconfiança em seus pares, nem menos, que possa comprometer sua sólida posição no organograma. São limitados como o cargo que exercem, como os executivos que o contrataram, como a empresa na qual trabalham. Limitados e sem futuro. Ou, se preferirem, com o futuro limitado ao horizonte de um palmo.

Nesta toada, há mediocridade por todos os lados. Nos pais que não desviam o olhar da telenovela ou do jornal quando têm a atenção solicitada pelos filhos pequenos, nos amigos que nos procuram apenas quando necessitam de algum favor, nos padres que recomendam um punhado de orações para salvar a alma dos fiéis quando deveriam ouvir-lhes o coração e lhes abrandarem as angústias.

A segunda conseqüência é a presunção da verdade, uma autêntica mania de extrair conclusões, às vezes obtusas, a partir de informações parciais ou carentes de fidedignidade, criando o que Richard Carlson chamou de “bola-de-neve mental”.

às vezes você está preso num engarrafamento, atrasado para um encontro, e uma sensação terrível começa a tomar conta de seu pensamento. Você imagina que seu compromisso fracassará em razão de seu atraso. Conclui que será julgado indolente e irresponsável. A impaciência domina seus sentidos. Seus batimentos aceleram, as pupilas dilatam, a música no rádio torna-se barulho, você tem vontade de avançar com seu carro sobre os que estão à sua frente. Finalmente, após todo o stress a que se submeteu, você chega ao destino e descobre que ainda há pessoas igualmente atrasadas.

O hábito de cultivar as bolas-de-neve mentais é fonte não apenas de stress, mas também de insegurança, conflito e desamor.

Nem tudo é como aparenta ser. Um termômetro que marca 37 graus não necessariamente indica ocorrência de febre. Da mesma forma que um erro corporativo pode não ser motivo para uma demissão, um telefonema suspeito pode não ser suficiente para perpetrar uma separação, um ponto de vista discordante não deve macular uma amizade.

Somos essencialmente passionais, mesmo aqueles que se dizem movidos pela razão. Por isso, deve-se evitar reagir a determinados eventos antes de 24 horas. é claro que há momentos em que a temperatura sobe. Afinal, as razões do coração turvam-nos a mente e levam-nos a decisões das quais podemos nos arrepender na manhã seguinte. Porém, entre um dia e outro, com uma noite de descanso no meio, o que se mostrou um problema irresoluto surgirá não menor, mas com dimensões reduzidas à sua realidade.

sábado, 1 de agosto de 2009

Comunicação de mudança de atividade

Comunico a todos , abdico do meu trabalho, de diretor/ consultor cultural,entre outras atribuições..... inerentes a um canivete suiço, .... uma proposta tentadora,melhor da feita pelo crime organizado e o narcotráfico,....terei a vantagem de estar dentro da lei....em breve receberão um cartão magnético com o qual poderão encomendar seus pedidos de Graça,estamos ainda estudando a possibilidade de dividir o pagamento em sessenta ou mais meses....desde já agradeço.............ajudem-me a me tornar bispo.....

A vida não é um jogo

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Mário Quintana

Sonhos pessoais

Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também.

Fernando Pessoa

Tempo de Escolher



Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer)

Muitos amigos têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a estabilidade conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas funções. Uns recebem propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém desafiadoras. Outros têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas por fazer, mas não conseguem abraçar a tudo.

Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de escolhas. Lembro-me de Clarice Lispector: “Entre o ‘sim’ e o ‘não’, só existe um caminho: escolher”.

Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da virada”. Um momento especial em que uma decisão específica e irrevogável tem que ser tomada apenas porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos quinze anos, outras, aos cinqüenta. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no decorrer de sua existência.

Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo ao muito duvidoso. Assim, uma companhia que lhe oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a uma dotada de instabilidade com ousadia. Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um casamento.

Prazer e Vocação

Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia: “A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”. Sempre imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando estimamos aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se apenas procurarmos fazer o que gostamos, estaremos sempre numa busca insaciável, porque o que gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.

Todavia, é indiscutível importância alinhar o prazer às nossas aptidões. Encontrar o talento que reside dentro de cada um de nós ao que chamamos vocação. Oriunda do latim vocatione, e traduzida literalmente por “chamado”, simboliza uma espécie de predestinação imanente a cada pessoa, algo revestido de certa magia e divindade. Uma voz imaginária que soa latente, capaz de fazer advogados virarem músicos, engenheiros virarem suco. É um lugar no tempo e no espaço onde a felicidade tem sua morada.

Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia das palavras para descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre-arbítrio.

O mundo corporativo nos reserva muitas armadilhas. Trocar de empresa ou mudar de atribuição, por exemplo, são convites permanentes. O problema de recusá-los é passar o resto da vida se perguntando: “O que teria acontecido se eu tivesse aceitado?”. Prefiro não carregar comigo o benefício desta dúvida. Por isso, opto por assumir riscos, evidentemente calculados, e seguir adiante. Dizem que somos livres para escolher, porém, prisioneiros das conseqüências...

Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas é um bom caminho. De nada adianta assumir uma postura defensiva e crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra você, mas a favor delas.

Por fim, combata a mediocridade em todas as suas vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados com sua vocação, de empresas que não lhe valorizam, de relacionamentos falidos. Sob este aspecto, como diria Tolstoi, “Não se pode ser bom pela metade”. Meias-palavras, meias-verdades, mentiras inteiras, meio caminho para o fim.

Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele viveu com paixão?”.

Qual seria a resposta para você?

Gente do Bem



Em meio ao trânsito desordenado, um motorista gentilmente cede-me passagem. Visito um ex-professor na faculdade que prazerosamente percorre toda a instituição mostrando-me a evolução da infra-estrutura local e as melhorias implementadas na qualidade do ensino. Apresento um cliente a um gerente de banco que imediatamente toma providências no sentido de atender às suas necessidades. Recebo um breve telefonema de um amigo com quem não falava há tempos apenas para saudar lembranças.

Cenas aparentemente fúteis, talvez até desprovidas de motivação para serem memorizadas. Porém, cenas capazes de colorir com satisfação e gratidão um dia como outro qualquer. Dizem que Deus está nos detalhes. Nós é que não percebemos...

Como tudo na vida, estamos sujeitos a situações opostas às que acabo de relatar. De um motorista que quase provoca um acidente para evitar ser ultrapassado a profissionais de atendimento ao público que prestam um verdadeiro desserviço pela falta de atenção e empatia, quem já não perdeu o bom humor pela ausência de um cumprimento matinal de um familiar, por um comentário depreciativo ou jocoso de um colega de trabalho, por uma reprimenda pública e desmesurada?

Quando pequenos, somos ensinados a fazer o bem. Isso pode ser traduzido por praticar uma “boa ação” diária, coisas novamente pouco relevantes como ajudar um idoso a atravessar a rua – essa é uma imagem emblemática para mim. Fazer o bem em escala maior é missão para super-heróis dotados de superpoderes, aptos a salvar toda a humanidade, promovendo a justiça e combatendo o mal.

Nossas pernas crescem e nossa imaginação encurta. Então, descobrimos que não há super-heróis, não há superpoderes, a humanidade não pode ser salva, a justiça é utópica e o mal viceja. Por isso, desistimos de ajudar os idosos a atravessarem a rua e deixamos de pronunciar palavras de agradecimento, apoio e conforto aos que nos cercam. Assim, paramos de praticar o bem. E perdemos a capacidade de enxergá-lo.

A vida, tomada racionalmente, não é fácil para a maioria das pessoas. Quando se tem saúde, não se tem trabalho. Quando se tem trabalho, não se ganha o suficiente. Quando se ganha o suficiente, não se tem reconhecimento. Quando se tem reconhecimento, não se tem paixão. Quando se tem paixão, não se encontra o amor. Quando se encontra o amor, falta a saúde...

Cada um de nós tem uma missão a cumprir. E cada missão vem embalada em um fardo que não é nem grande, nem pequeno, mas na medida exata do que podemos suportar. Uns têm fardos maiores que outros. Alguns enfrentam adversidades mais contundentes. Mas todos têm limitações.

Se os super-heróis do bem nos parecem tão figurativos, as personagens do mal materializam-se, ganhando carne e osso e uma habilidade ímpar em nos assediar. é neste momento que temos que buscar o que temos de melhor, não com base na sorte ou em fatores externos, mas em nossa força interior. E direcionar este potencial para o caminho do bem.

Shakespeare dizia que “o mal que os homens fazem vive depois deles enquanto o bem é quase sempre enterrado com seus ossos”. Costumo pontuar que é muito importante tomar cuidado com as palavras. Quando você diz algo que desagrada a alguém, pouca valia haverá em se desculpar a posteriori. Porque não importa o que você disse, mas importa o que ficou depois do que você disse.

Fazer o bem faz bem. O bem despretensioso, genuíno, sem paga. é caminhada que não desgasta os sapatos, subida que não cansa. é fonte de prazer e de alegria.

Para que servem os críticos?




As primeiras canções não empolgaram tanto a plateia, mas quando os principais hits começaram a ser entoados, o público cantou junto e sentiu-se recompensado pelas horas de espera.

Ao término do espetáculo pude notar e ouvir comentários de satisfação de todos os lados. O ídolo pop demonstrou carisma e entregou aos presentes exatamente o que queriam e que era possível oferecer ao longo de mais de duas horas.

No dia seguinte surpreendo-me com críticas nos jornais qualificando a atração como “medíocre e previsível”. Segundo os comentaristas, a “fase mais criativa” do cantor deixou de ser explorada. Quem leu estas opiniões e não esteve no show pode até ter se sentido aliviado por não ter comparecido. Mas quem as leu e participou da apresentação deve ter ficado com a impressão de que o crítico não foi ao mesmo espetáculo...

Eventos musicais, em sua maioria, são apreciados quando desfilam composições consagradas, convidando a interagir, incentivando a acompanhar o vocalista a cada refrão e estimulando a dançar a cada acorde. Claro que há ocasiões, em especial no lançamento de novos trabalhos, nas quais a plateia marca presença preparada para ouvir o novo, desfrutando do talento criativo de seu artista. Definitivamente, não era este o caso na noite do último sábado.

Mas, afinal, o querem os críticos? Ou melhor, qual a função do trabalho que exercem? Para um artista, seja ator, cantor, compositor, escritor etc., lembro-me de Santo Agostinho que dizia: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. Em outras palavras, a crítica sincera, honesta, que aponta caminhos assertivamente, é benéfica e essencial. Favorece a reflexão, age como antídoto para a prepotência e a arrogância. Não apequena, mas eleva.

Entretanto, com olhos voltados para o público, gostaria que os críticos produzissem textos capazes de captar e retratar as emoções em lugar de tentar impor uma retórica pessoal, uma estética pasteurizada e uma verdade absoluta de quem parece ansioso por mostrar-se altivo e “formador de opiniões”.


Sua voz comunica?


Eunice Mendes, consultora sênior do Instituto MVC -

Que som é este que sai de mim, ora como murmúrio ora como risada?

Que som é este que passa pelas veias da minha pele e se espalha pelo meu corpo como música em noite de festa?

Que som é este que sabe de mim mais do que eu mesmo e conta ao mundo os meus desejos mais secretos?

Que som é este que sendo a minha voz imprime em cada fala o meu traço, o meu riso, a minha dor e o meu compasso?

Que esta voz, que sou eu, me represente com a sensibilidade dos poetas e a alegria das crianças que brincam de roda nas calçadas do mundo!

Que esta voz, tão particular e tão minha, seja a ponte certa até à mente e o coração das pessoas!

A voz é o espelho vocal da personalidade humana. É o símbolo que nos apresenta ao mundo por meio dos sons. É a nossa carteira de identidade vocal. Ela é única em suas vibrações, cor, tons, sabor, textura e musicalidade. Por meio da voz traduzimos quem somos, o que sentimos e como enxergamos o mundo. Por meio dela é possível detectar as sombras e a luminosidade de cada um. A voz é uma arma poderosa.

Ela é um dos instrumentos de influência mais eficaz nas comunicações humanas, junto com os gestos. É muito poder para ser desperdiçado. Qualquer deslize e as pessoas já percebem alguma característica negativa no apresentador. Uma das mais notadas é a falta de convicção quando o comunicador fala. Perceba que há uma diferença entre asserção e imposição. A primeira é positiva e traduz a certeza baseada no estudo, na reflexão e na comprovação. A segunda, apenas autoritarismo.

Conhecer a própria voz é conhecer um pouquinho da própria alma. A voz desnuda nossas angústias, sonhos, alegrias e intenções. Ela imprime publicamente uma parte do território das características individuais. Quem busca o autoconhecimento tem na voz que o integra ao mundo uma ferramenta especial que mostra traços importantes de seu ser. Utilizando a voz como instrumento, construímos a nossa fala com todos os matizes que nos distinguem como personagens únicos da nossa história.

Nossa melhor voz, nossa melhor comunicação

Não precisamos permanecer com as vozes que sempre tivemos. Às vezes, por imitação e hábitos nocivos vamos incorporando formas errôneas de falar, pronúncias defeituosas, muletas verbais, que servem de obstáculos às nossas comunicações interpessoais e, conseqüentemente, às nossas vidas. Reconhecer a voz que temos, identificar seus pontos fortes e frágeis, aperfeiçoá-la em sua expressividade, faz parte da estruturação mais positiva da auto-imagem.

Se a voz que temos hoje não nos agrada por estar desvitalizada e insegura, isso não precisa ser eterno. Somos julgados e avaliados a cada instante da nossa vida, também pelos sons que emitimos. Precisamos buscar uma voz que agrade nossos ouvidos e os ouvidos alheios.

O que falamos é importante, mas o que dá credibilidade à mensagem é a harmonia e a coerência entre o que se diz e a forma como a voz transmite a informação. A qualquer deslize entre conteúdo e forma, o "como" dizemos ganhará muito mais espaço na avaliação do receptor.

A mudança começa, é claro, em nós mesmos, no trabalho voltado à auto-imagem e à auto-estima e isso terá uma conexão direta com a voz. Muda o homem, muda a sua voz! Não temos uma voz. Somos uma voz! E a nossa imagem social é muito afetada de forma positiva ou negativa pelo som de nossa voz. Resgatar a voz verdadeira, com todo o potencial que ampliará as habilidades de comunicação, é realizar um inventário pessoal que pode nos fornecer trilhas altamente significativas para o encontro de uma imagem vencedora.

A voz: um instrumento musical

Pense na voz como um instrumento musical: Você já percebeu o que ocorre quando ouvimos uma boa música? É difícil traduzir, pois aquele conjunto harmonioso nos toca e nos sensibiliza a ponto de mudarmos nosso estado emocional, e até mesmo o ambiente em que estamos adquire outras características.

Guardadas as devidas proporções, a voz pode conter alguns dos elementos que caracterizam a boa música. Em primeiro lugar, é necessário a pessoa saber o que vai ser dito, pelo menos em ocasiões formais. É uma obra que precisa ser construída por partes, tal como a música. Além disso, essas partes não podem ser ditas de uma mesma maneira. Como os refrões, há trechos que merecem algum destaque e, em muitos casos, devem ser repetidos.

Em seus discursos procure identificar quais são os momentos que pedem maior ou menor intensidade. Utilize-os para quebrar a monotonia e destacar, por meio da voz, os pontos que considera principais.

Procure interpretar o que você diz, do mesmo modo que ocorre com uma música. Ela nunca é igual quando executada por artistas diferentes. Sempre há um traço que os personaliza. Procure fazer o mesmo com sua voz em seus discursos. Ache um estilo próprio que o destaque no meio da multidão.

Faça uso do silêncio. Coloque ritmo no que você disser, distribuindo pausas em momentos estratégicos. Aproveite-as para não perder o domínio sobre a voz. Pelo contrário, o uso correto desse mecanismo possibilita o controle das ações e a reflexão constante sobre o que está sendo dito.

E, por último, tente deixar sua voz o mais harmoniosa possível. Como na música, harmonia significa dispor de forma adequada as partes de um todo.

Por que cuidar da voz?

Para o profissional que deseja falar em público, muitos são os cuidados que se deve ter para tornar a apresentação agradável. Muitas vezes, não temos consciência de como a voz é produzida e do que podemos fazer para melhorá-la. Cuidar da voz significa utilizá-la de forma adequada, servindo-se corretamente dos órgãos que produzem o som. Devemos conhecer melhor o processo de criação da voz para podermos corrigir possíveis deslizes.

Cuidar da voz é ir ao encontro do que a natureza quer, é respeitar e seguir o máximo possível a respiração correta e a emissão dos sons, obtendo o melhor rendimento com o mínimo de esforço possível. E isso requer domínio progressivo das emoções, já que estas interferem diretamente na fabricação da voz.

O uso adequado da voz permite que se chame a atenção naturalmente das pessoas ao nosso redor. É um dos elementos que contribuem para facilitar a interação e até mesmo a empatia. Juntamente com o conteúdo e a linguagem corporal, a voz é importante para que a mensagem seja compreendida.

No ambiente profissional, a voz pode nos ajudar em inúmeras situações. Em qualquer circunstância é possível transmitir confiança, liderança, credibilidade, assertividade. Não são raros os profissionais com inúmeras qualidades que não conseguem demonstrá-las por motivos associados à voz.

A excelência na transmissão dos sons propicia o fortalecimento positivo da auto-imagem. Falando bem, percebe-se que as pessoas dão mais atenção ao que dizemos, e conseqüentemente o conteúdo poderá ser avaliado e julgado. Ou seja, estaremos mais presentes nos acontecimentos.

A capacidade de persuasão aumenta consideravelmente quando a voz é clara e bem definida e isso intensifica a compreensão da mensagem. Cuidemos da voz como quem afina um instrumento precioso, pois investindo no aprimoramento vocal teremos maiores condições de sucesso profissional!

As Boas Resoluções

As boas resoluções são sempre tentativas de interferir com as leis científicas. Provêm da pura vaidade. O seu resultado é absolutamente nulo. Proporcionam-nos, uma vez por outra, uma dessas voluptuosas emoções estéreis que produzem um certo encanto nos fracos. É tudo o que podemos dizer em sua defesa. Não passam de cheques que os homens sacam sobre um banco onde não têm conta aberta.

Oscar Wilde,

A Propósito da Clareza

A Propósito da Clareza Quando se escreve é não somente para ser compreendido, mas também para não o ser. Um livro não fica diminuído pelo facto de um indivíduo qualquer o achar obscuro: esta obscuridade entrava talvez nas intenções do autor, não queria ser compreendido por qualquer bicho careta. Qualquer espírito um pouco distinto, qualquer gosto um pouco elevado escolhe os seus auditores; ao escolhê-los fecha a porta aos outros. As regras delicadas de um estilo nascem todas daí; são feitas para afastar, para manter a distância, para condenar o «acesso» de uma obra; para impedir alguns de compreender, e para abrir o ouvido aos outros, os tímpanos que nos são parentes.

Friedrich Nietzsche