sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

RELIGIOSIDADE LAICA

Apesar de estar em contato, não só estudando como vivendo algumas religiões, nunca fui tocado por nenhuma. A definição de "espiritualista" me cabia bem, até que achei uma explicação de Paulo Dalgalarrondo em seu livro "Religião, psicopatologia e saúde mental":
A religiosidade laica seria análoga ou comparável a uma profunda admiração pelo mistério, uma atração indefinida pela dimensão poética da vida e do universo, uma percepção clara da insignificância do próprio eu e um desejo obscuro de transcendência, seja lá o que isso signifique. Humberto Eco, nas cartas que trocou com o bispo Carlo Maria Martini, afirmou que:
"Creio poder dizer em que fundamentos se baseia, hoje, minha religiosidade laica - porque acredito firmemente que existem formas de religiosidade, e logo, sentido de sagrado, do limite, da interrogação e da espera, da comunhão com algo que nos supera, mesmo na ausência da fé em uma divindade pessoal e providente."
Mais adiante, no final dessa carta, Eco faz algo que poderia ser considerado uma "defesa" da "religião laica":
"[...] mas admita que, se Cristo fosse realmente o sujeito de um conto, o fato de que esse conto tenha sido imaginado e desejado por bípedes implumes que sabem apenas que não sabem, seria tão milagroso (milagrosamente misterioso) quanto o fato de que o filho de um Deus real tenha realmente encarnado. Este mistério natural e terreno não cessaria de perturbar e adoçar o coração de quem não crê."

Engraçado que eu tinha feito uma defesa parecida no post Saindo da Matrix: Considerações finais:
"Se a Bíblia está toda deturpada, que maravilhosa deturpação se deu então no Sermão da Montanha, esta dádiva da literatura que nos convida a uma reflexão de todos os nossos atos! Se Jesus não existiu, então que maravilha que ele tenha sido criado, para que pudéssemos ter um modelo de retidão de caráter e amor ao próximo que resiste aos tempos!"
POSTADO POR LEO GANDELMAN

Nenhum comentário: