segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

OBAMA E JESUS CRISTO

Ahh, os EUA... grande vitrine do consumismo para o mundo, grande espelho para os demais países. Isso pode ser bom em muitos aspectos, e ruim em vários outros, mas é inegável. Ontem o mundo estava de olho na posse do presidente Barack Hussein Obama, e creio que muitos, como eu, salivaram por ter em seu país alguém como ele, que dê orgulho, alguém que seja um líder, um exemplo para crianças e adultos (e não alguém que diz que não lê NADA e pega todas as suas informações de segunda mão).
Obama pode até ter uma hidden agenda, como insiste Olavo de Carvalho (é estranho mesmo a falta de escrutínio da imprensa e sua ascenção meteórica ao poder), mas não é sobre isso que estou tratando aqui, e sim a mensagem exterior, a imagem, que pode não ser tão relevante para a economia, condução política, evitar guerras, mas é importante para inspirar pessoas. Com a posse de Obama, inaugurou-se uma nova homepage para a Casa Branca:
Isso definitivamente me chamou a atenção. Uma coisa é um candidato criar um factóide abraçando crianças, "consertando" escolas, se misturando com pobres (isso já vemos em todas as eleições). Outra é, depois de eleito, manter o vínculo com o popular, continuando a fazer visitas e discursar falando aquilo que o povo quer ouvir (isso já vemos em Lula, que mantém assim sua popularidade e base eleitoreira pro partido). Agora, insistir depois de eleito que a presidência é um SERVIÇO PÚBLICO, vindo da maior, mais temível e arrogante estrutura de poder montada desde o fim da URSS, essa é a primeira vez. Esse conceito pode ser velho na Europa (França, por exemplo), mas é totalmente novo nas américas. Gostei.
Mas ainda não foi por isso que resolvi escrever. Clicando na imagem, vi um artigo que aproveitava o "Dia Nacional do Serviço" (dia 19 de janeiro, que acabou conhecido como o "Dia de Martin Luther King") pra incentivar as pessoas a doar seu tempo e esforço em prol dos necessitados (no caso, necessitados dos EUA). E toda a família do presidente deu o exemplo, participando também. Todo esse esforço em memória de Martin Luther King. Legal, legal... os EUA adoram ter seus próprios heróis, já que deve ser muito complexo pra cabeça deles lembrar de alguém que viva fora do mundo civilizado (The United States of the America/World), mas lembrei que boa parte do mundo ocidental tem um exemplo muito vivo, muito presente em palavras, que poderia ser usado pra lembrar do serviço ao próximo, que é JESUS. Sim, aquele Jesus mitológico, já diluído no inconsciente coletivo, que cumpre bem seu papel de nos lembrar do "amar ao próximo" melhor do que pessoas "reais" (a quem, pela proximidade, nós temos a tendência de subestimar, botar defeitos, desprezar), como Madre Tereza, Irmã Dulce, Chico Xavier e muitos outros que, assim como os milhares de anônimos que praticam a caridade, carecem de serem lembrados pelas futuras gerações.
Mas devemos lembrar que não é papel do PRESIDENTE Obama lembrar de Jesus no site da Casa Branca ou em seu discurso para o POVO. Afinal, como ele disse e reiterou no discurso de posse, esse um governo para todos, e os EUA são um pequeno mundo em si mesmo. Esse papel cabe às intituições religiosas, que são muitas, no mundo todo. E que ganham muito dinheiro pra isso. E uma em particular, com sua influência, poderia dar tanta visibilidade a essa mensagem como Obama fez com Luther King, também usando sua figura de Chefe de Estado para SERVIR, nem que seja por um dia. Quem não iria querer botar na capa do jornal o Papa arregaçando as mangas pra pintar uma parede de escola sem suas indumentárias?? É um factóide, não deixa de ser, metade do mundo iria criticar que é um ato demagógico, mas iria ficar eternizado como um GESTO de solidariedade, que influenciaria milhares ou bilhões de pessoas pelo globo, o que é muito mais efetivo do que vender todas as riquezas do Vaticano e doar pros pobres (um benefício pontual, temporário e ineficaz). O Papa João Paulo II, ao doar seu anel papal - cujo valor é mais histórico do que monetário - para o pároco da favela do Vidigal, não acabou com a pobreza no lugar, assim como Jesus não acabou com os famintos da palestina entupindo eles de pão, mas o gesto de ambos permaneceu como mito, granjeando respeito e inspirando pessoas.
Uma pena que as Igrejas gastem tanto Verbo e mídia pra valorizar o dízimo, para serem SERVIDAS, mais do que pra SERVIR. Definitivamente não ajudam a manter vivas as palavras de Jesus, que não tinha nenhuma propriedade onde reclinar a cabeça, mas ainda assim SERVIA. Periga que, devido à incompetência das Igrejas na gestão do verdadeiro legado de Jesus, e ao modismo que os EUA lança no mundo todo, Luther King se torne o símbolo mundial que Jesus devia ser.

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